Especiais | 11-05-2023 21:00

“A Chamusca está muito parada e vejo o futuro com preocupação”

“A Chamusca está muito parada e vejo o futuro com preocupação”
ESPECIAL ASCENSÃO 2023
Cristina Martinho defende que a Ascensão continua a ser o ponto de encontro anual das gentes da Chamusca

Cristina Martinho, 58 anos, é de Coimbra e ficou colocada como professora no Agrupamento de Escolas da Chamusca há 31 anos. A Ascensão foi a primeira experiência no Ribatejo e ainda hoje apanha a espiga. Mãe de dois jovens de 23 e 27 anos sente-se preocupada com o futuro da terra, defendendo que era importante captar empresas para haver mais postos de trabalho e assim desenvolver também o comércio.

Lembra-se da primeira Ascensão a que foi? E a uma entrada de toiros?

A primeira entrada de toiros que vi foi em 1993 e vivia num quarto alugado em casa de um casal que dava para a Rua Direita de São Pedro. Foi uma adrenalina enorme aquela espera. Depois os toiros, os cavaleiros e os campinos passam num instante. Nesse ano houve dois toiros que fugiram e andaram pelo campo e nessa quinta-feira precisava de ir a Lisboa e tive algum receio. Não conhecia nada do Ribatejo, nunca tinha estado na Chamusca nem sabia que havia a Ascensão.

Quais são as maiores alterações que vê na Ascensão?

A Ascensão continua a ser o encontrar pessoas que durante o ano não vemos, mas parece-me que já não tem o mesmo gosto. Noutros tempos a festa era mais rica em termos de expositores, agora são mais empresas e instituições. A festa tinha muito de comércio, que é importante para uma terra que não tem o comércio muito desenvolvido.

Quem são as pessoas da Chamusca ligadas ao associativismo que mais se lembra nestas alturas?

Lembro-me do falecido Paulo Mira, da associação “Os amigos do bairro”. Era extremamente simpático e afável, muito envolvido na Ascensão e deixou muita saudade. As pessoas que têm o espírito associativo fazem as coisas de uma forma tão espontânea que as torna especiais. Recordo-me que chamavam a esse bairro o Texas, por estar associado a mau ambiente e a associação fazia iniciativas para chamar a população ao bairro e conseguiu alterar a ideia que se tinha.

Como vê o futuro da Chamusca?

Vejo a Chamusca muito parada, sem empregos, sem comércio, os jovens a irem-se embora. Tenho dois filhos de 23 e 27 anos e vejo o futuro com muita preocupação. Era cativar empresas que criassem postos de trabalho. Se as pessoas tiverem dinheiro fazem compras e o comércio desenvolve-se. Estamos numa bola de neve, ou as pessoas saem daqui ou estão cá e não saem de casa.

Como vê o problema da Ponte da Chamusca e o facto de as piscinas estarem fechadas para obras há 4 anos?

Como trabalho na Chamusca não passo pelo drama da ponte, mas é um drama para os meus colegas que vêm do Entroncamento, da Golegã e de outros lados, ou para quem é daqui e trabalha fora, e para os camionistas. Perdeu-se uma oportunidade de construir uma nova ponte na zona. Com a regulação dos semáforos, acho que está ligeiramente melhor. Quanto às piscinas, era o local de encontro dos jovens e isso é extremamente gravoso numa terra com temperaturas tão elevadas.

Como é que eram essas idas à piscina?

Quando cheguei à Chamusca as piscinas tinham sido inauguradas há pouco tempo. Passaram-se 30 anos. As coisas precisam de manutenção, mas há manutenções que não têm de implicar o fecho. Mesmo quando funcionavam deixámos de ter valências como a hidroginástica e fui para a Golegã.

Concorda com o novo centro de saúde no Bairro 1º de Maio?

O maior problema não é ter um centro de saúde novo, mas ter um médico de família, que é coisa que não tenho há uma série de anos. Quando preciso de uma consulta tenho de ir ao médico particular.

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