Gostei de crescer na Chamusca e gostaria que o meu filho também ficasse pela terra
João Diogo, de 32 anos, vive na Carregueira e é monitor-coordenador na Universidade Sénior da União de Freguesias de Chamusca e Pinheiro Grande. Guarda na memória as vezes que tinha como pretexto a banca da mãe para ir à Ascensão e às entradas de toiros. Lamenta que não exista oferta variada de emprego nem de habitação para os jovens se fixarem.
Como é que vê o futuro do concelho da Chamusca?
É preciso mais variedade na oferta de emprego para jovens. Não há muita oferta habitacional e estamos perdidos no meio do Ribatejo a nível de acessos rápidos. Não há muitas pessoas da minha faixa etária fixadas cá. Não me fui embora por opção, primei pelo local em vez da ocupação profissional que acabou por ir ao encontro das minhas expectativas. Gostei de crescer aqui e também gostava que o meu filho crescesse.
Qual foi uma das melhores coisas que fizeram na vila?
O novo centro escolar foi uma boa aposta. A Chamusca está a tentar manter-se mais actual, por exemplo com o desfibrilhador junto ao mercado municipal, mas há certas coisas que não sei se estão a ir a um ritmo demasiado acelerado como a colocação dos carregadores para carros eléctricos.
Ter o Tejo à porta de casa tem algum significado especial?
O Tejo é muito importante. Antigamente era um modo de subsistência. Na minha adolescência e juventude era mais para diversão, dávamos uns mergulhos. Na Carregueira a parte habitacional é longe do Tejo e não há estradas alcatroadas em direcção ao rio. Não é muito convidativo fazer esse percurso, mas vendo de perto é bonito, fica de frente para o Palácio da Quinta da Cardiga.
Lembra-se da primeira Ascensão a que foi? E a uma entrada de toiros?
Lembro-me das primeiras em que a minha mãe tinha uma banca de doces em frente ao cine-teatro e eu tinha a desculpa perfeita para ir à Ascensão. O meu pai andava comigo pela festa e depois deixava-me deambular por ali um bocadinho. Quer se seja aficionado ou não a entrada de toiros é um universo à parte. É um momento de euforia, de emoção. Toda aquela espera são horas de convívio.
Costuma ir apanhar a espiga?
Tenho por hábito ir com amigos. Fazíamos directa de quarta para quinta-feira. No fim de terminar a festa no Palco Juventude íamos tomar o pequeno-almoço ao café e seguíamos para a apanha da espiga.
Quais são as maiores alterações na Ascensão?
No espaço onde nos encontramos, junto ao coreto, chegou a ser o Jardim Social, mas há dois anos o espaço cessou. Estavam representadas as IPSS do concelho e as universidades seniores. Tínhamos um palco, jogos tradicionais e um espaço para as pessoas dançarem. Era uma festa dentro de uma festa.
Conhece a história dos azulejos da Igreja de Nossa Senhora do Pranto?
O José Hermano Saraiva passou aqui pela Chamusca e contou a história. Ele achava muita graça porque o Menino Jesus está a varrer as aparas da madeira que o São José, sendo carpinteiro, estava a trabalhar. Humanizava o Menino Jesus apesar de ser o filho de Deus, também teve de trabalhar.
Como é que vê o problema da Ponte da Chamusca e o facto de as piscinas municipais estarem fechadas para obras há quatro anos?
Não sei se a solução de colocarem semáforos não vai atrasar ainda mais uma decisão sobre uma nova ponte. A ponte podia permanecer para ligeiros e fazerem uma outra para desviar os pesados do centro da vila. Quanto às piscinas tive lá aulas de Educação Física e natação. A nossa universidade sénior está a utilizar as piscinas da Golegã para ter hidroginástica e no campo de férias vamos para piscinas privadas.
Concorda com o novo centro de saúde no Bairro Primeiro de Maio?
Continuamos com a falta de médicos, pode ser que com a construção do novo centro isso se altere. A localização não era a que eu escolhia em primeiro lugar. No bairro preferia no descampado junto à escola e à GNR.