Especiais | 12-05-2023 18:00

“Recordo com saudade os tempos em que ia ao banho ao Tejo”

“Recordo com saudade os tempos em que ia ao banho ao Tejo”
ESPECIAL ASCENSÃO 2023
Abel Lucas lembra-se dos tempos em que as águas do Tejo não estavam poluídas como hoje

Abel Lucas, de 75 anos, residente na Chamusca, recorda os tempos em que brincava na praça de toiros no dia anterior à corrida de quinta-feira de Ascensão. Nas memórias que guarda dessa altura era ver os toiros a passarem na rua, conduzidos pelos campinos, desde os campos até à praça onde iam ser lidados. Uma das preocupações do agente funerário em relação à terra é a Ponte da Chamusca, que teme que venha a ceder e lamenta que os jovens tenham de sair da terra à procura de melhores condições porque não há trabalho.

Como vê o futuro da Chamusca?

Vejo a Chamusca um bocado morta. Em termos de actividade industrial pouco há e os mais novos vão para fora à procura de trabalho, de maior qualidade de vida e estabilidade. A minha filha, de 49 anos por exemplo, vive na Póvoa de Santa Iria e tem um café no Parque das Nações em Lisboa. O meu filho, de 44, trabalha comigo.

O que acha dos constrangimentos causados pela Ponte da Chamusca e do fecho das piscinas há 4 anos?

É uma ponte com mais de 100 anos e quando foi feita passavam carroças. Inclusivamente aprendi a andar de bicicleta na ponte porque não havia o trânsito que há hoje. Deviam manter esta ponte em boas condições e construir outra. Já tenho visto camiões atrás uns dos outros a atravessar e tenho dito: “Oxalá não vá a ponte lá parar abaixo e eu tenha de assistir a uma coisa dessas”. Quanto à questão das piscinas municipais, onde a minha mulher tinha aulas de hidroginástica, a câmara devia dar explicações sobre a situação.

Concorda que o novo centro de saúde seja feito no Bairro 1º de Maio?

O que concordo é que seja feito e sem demoras, seja lá onde for, porque o local é o que menos importa desde que funcione e funcione bem. Por ser no alto da vila acho que isso não é problema. As pessoas do bairro também têm de descer para vir actualmente ao centro de saúde e depois subir para irem para casa.

Que significado tem para uma pessoa da Chamusca ter o Tejo à porta?

Recordo com saudade quando aos oito anos saía da escola e chegava a casa, mudava de roupa e ia ao banho. A minha mãe dizia logo: “Olha que não vos quero para o Tejo”. Agora o Tejo é uma desgraça, a água é poluída. Noutros tempos não havia possibilidades e as pessoas passavam os fins-de-semana nas praias do Tejo. Quando tínhamos sede até daquela água bebíamos.

Lembra-se da primeira Ascensão a que foi? E a uma entrada de toiros?

Aos dez anos já ia para a praça de touros brincar, quando os touros iam para lá no dia anterior à corrida para serem embolados. Os touros eram criados nos campos da Chamusca e vinham pela rua até à praça com os campinos que tratavam deles.

O Miradouro de Nossa Senhora do Pranto é o bilhete-postal da Chamusca ou há outros lugares mais bonitos?

É onde se tem a melhor vista, quer seja para a Golegã quer seja para as Portas do Sol, em Santarém. Mas também se vê muita coisa do Miradouro do Senhor do Bonfim. São vistas diferentes.

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