Sondagem dá avaliação negativa ao trabalho do Governo na agricultura
Estudo de opinião encomendado pela CAP conclui que dois terços dos portugueses avaliam como “mau ou muito mau” o trabalho do Governo no que diz respeito à agricultura. Mas, dos 991 inquiridos, quase metade considera razoável o trabalho da ministra da Agricultura.
Quase 70% dos portugueses defendem que o desempenho do Governo no que diz respeito à agricultura é “mau” ou “muito mau” e 41% referem que o trabalho da ministra é “razoável”. Os resultados de um estudo encomendado pela CAP foram apresentados ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na manhã de sábado, 3 de Junho, durante a inauguração da Feira Nacional de Agricultura (FNA), que se realiza em Santarém até 11 de Junho.
A sondagem “A opinião dos portugueses sobre a agricultura nacional”, desenvolvida pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa, a pedido da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), concluiu que 67% dos portugueses avaliam como “mau ou muito mau” o trabalho do Governo no que diz respeito à agricultura.
Por sua vez, 49% sabem quem é a ministra da Agricultura da Alimentação, Maria do Céu Antunes, apesar de só 5% se lembrarem do seu nome, e 41% classificam como “razoável” o trabalho que tem sido feito pela governante.
Mais de metade (58%) reconheceram a CAP como a organização mais representativa dos agricultores portugueses, 83% têm ouvido falar das reivindicações dos agricultores, sendo que 89% as consideram justas. Por sua vez, 53% não sabem que o Governo e os agricultores estabeleceram, recentemente, um acordo e 55% referiram que o executivo não respondeu às reivindicações do sector.
Para 62% dos inquiridos, os apoios do Governo à produção não permitem que os consumidores tenham acesso a produtos mais baratos, enquanto 34% respondem que sim e os restantes 4% não sabem ou não respondem. A maioria (77%) dos portugueses considera ser “muito importante” garantir a autossuficiência alimentar.
Em comunicado, a CAP destacou ainda que os portugueses “convergem na ideia de que os alimentos produzidos em Portugal são seguros, nutritivos e saudáveis, assim como frescos e sazonais”. Neste âmbito, sublinharam também que se trata de uma alimentação sustentável, que respeita a natureza e os animais, mas lamentaram a utilização excessiva de embalagens. A análise revelou também que para 40% dos inquiridos a margem de lucro na distribuição dos hiper e supermercados é o principal factor responsável pela subida de preços, seguindo-se o aumento do custo dos factores de produção (34%) e o Estado, através do IVA (22%).
Para a CAP as conclusões deste estudo mostram que os portugueses querem “uma agricultura com peso político reforçado e uma governação política mais forte, com mais investimento, com visão estratégica, que responda a temas fulcrais como a boa gestão da água e dos recursos hídricos”.
Um terço dos inquiridos é da Área Metropolitana de Lisboa
O inquérito foi realizado, via telefone, entre 10 e 19 de Abril. O universo é composto por cidadãos a partir dos 18 anos, com nacionalidade portuguesa e residentes em Portugal. No total, contabilizaram-se 991 inquéritos válidos. Entre os inquiridos, 28% são do Norte, 21% do Centro, 35% da Área Metropolitana de Lisboa, 7% do Alentejo, 5% do Algarve, 2% da Madeira e 2% dos Açores. A margem de erro máximo desta amostra é de 3,1%, com um nível de confiança de 95%.