Columbófila de Almeirim é do tempo em que os pombos andavam de comboio
União Columbófila de Almeirim faz 51 anos no dia 20 de Junho, data que coincide com a elevação de Almeirim a cidade em 1991.
Neste dia há uma largada de pombos nas festas da cidade para lembrar que o clube está vivo e a tentar superar a diminuição de praticantes. A direcção está a tentar angariar mais que os 40 sócios actuais, dos quais só metade é que praticam o desporto.
A União Columbófila de Almeirim (UCA) é a sucessora do antigo Grupo Columbófilo de Almeirim, fundado em 1938 e que ficou inactivo uns anos antes da fundação do novo clube, fundado em 20 de Junho de 1972. Na altura os fundadores ainda tentaram reactivar o grupo antecessor, mas não conseguiram encontrar registos nem a documentação e 15 amantes dos pombos, entre os quais Lourenço de Carvalho, que viria pouco tempo depois a ser presidente da câmara, avançaram para uma nova etapa que leva 51 anos. Altura em que os pombos eram transportados de comboio para as provas e que contrasta com a tecnologia actual usada nesta modalidade desportiva, em que nas corridas os pombos são monotorizados por sistemas de navegação por satélite.
O presidente da UCA, Faustino Ferreira, e o fundador, sócio nº1 e presidente da assembleia-geral, Artur Gomes, sentam-se à mesa na sede do clube, construída pelos associados com o apoio financeiro da câmara, para contarem meio século de história. E de resistência, porque é um desporto caro que exige tempo e paciência. Características que tornam difícil a captação de praticantes. Os que ainda vão aparecendo, poucos, são filhos ou familiares de columbófilos. O clube tem hoje 40 associados, dos quais metade são columbófilos no activo que participam nas corridas de velocidade (300 quilómetros), meio fundo (300 a 500 quilómetros) e fundo (mais de 500 quilómetros).
Quando foi fundada, a união columbófila não tinha sede e nos primeiros anos funcionou num espaço na antiga sede do União Futebol Clube de Almeirim, perto da igreja paroquial, onde os pombos eram encestados para as corridas. Artur Gomes, columbófilo há 66 anos, lembra-se bem de nesse tempo se levarem os pombos em cestos de verga no comboio. Os cestos eram deixados na estação de Santarém. Ninguém os acompanhava. À chegada à estação da localidade onde se dava início à corrida era o pessoal da CP que descarregava os cestos e alinhava-os. À hora combinada para a largada o chefe da estação do caminho-de-ferro é que abria os cestos para dar início à corrida. Antes, lembra o sócio nº 1, o seu tio João Gomes mandava os pombos de autocarro. Hoje são transportados num camião preparado da Associação Columbófila do Distrito de Santarém, a partir do qual são largados com um sistema que abre as gaiolas todas ao mesmo tempo.
A UCA passou ainda por outro local, umas instalações emprestadas pelo empresário Joaquim Borrego, e por um edifício antigo ao lado da igreja onde mais tarde foi construído um prédio e onde funcionou a junta de freguesia. O clube, que tem o estatuto de utilidade pública, e que é um dos mais fortes do distrito de Santarém, recebe desde o início columbófilos de fora do concelho. Actualmente tem alguns de Alpiarça e de Muge (Salvaterra de Magos). A actual sede foi inaugurada com pompa e circunstância em 1997 pelo secretário de Estado da Administração Local, José Augusto Carvalho.
Neste momento a luta da direcção, liderada por Faustino Ferreira, columbófilo desde 1976 e que está na UCA desde 2014, é travar a diminuição do número de praticantes e angariar novos sócios. Além do trabalho que dá treinar e tratar dos pombos, uma das condicionantes para a prática da modalidade é viver-se nas cidades, onde é difícil ter-se pombais ou por falta de espaço ou por falta de compreensão dos vizinhos. A Columbófila de Almeirim já teve momentos áureos em que tinha mais de 30 columbófilos a participarem em provas, sublinha o presidente. Também é difícil convencer a juventude. Os mais novos praticantes da UCA “são dois ou três que têm 40 anos ou pouco mais”, lamenta Faustino Ferreira.
A união columbófila conseguiu há cinco anos passar a ter uma carrinha para transporte de pombos e que é usada essencialmente para treinos dos sócios antes do início do campeonato anual de 24 concursos. O clube costuma ter bons resultados ficando nos primeiros lugares em muitas provas de pombos, alguns que chegam a atingir velocidades de mais de 100 km/hora. Artur Gomes, que foi presidente da federação e juiz olímpico, diz que hoje os tempos de chegada dos pombos são mais rigorosos, registados em sistemas informáticos através de chips e GPS.