A idiossincrasia do outro
João Protásio Fialho, médico psiquiatra, fala sobre estarmos cada vez mais dependentes uns dos outros. O especialista da Clínica João Protásio Fialho aborda a forma como as pessoas se relacionam e estão na sociedade.
A forma como aceitamos a idiossincrasia do outro, curiosamente está muito próximo, da essência da nossa cultura (nossa, particularmente a europeia e, parcialmente a americana). A forma como aceitamos as características inexploradas e inexploradas do outro, e humildemente com isso aprendemos, leva de alguma forma as raízes da nossa cultura e filosofia remetendo quer para Cristo como para a tradição filosófica antiga, grega e romana.
É aí que está a essência da nossa saúde mental, e a do outro, é aí que está a nossa capacidade de vivermos uns com os outros, e não só uns ao lado dos outros. É aí que reside a humildade que é a marca de água da inteligência.
E tudo isto é tão premente na nossas sociedades, onde nunca fomos tantos, nem estivemos tão dependentes uns dos outros - nos meios urbanos a autonomia, quer individual quer das comunidades mais pequenas, quase não existe em relação aos meios rurais e longe dos centros urbanos. E por isso mesmo o sentimento de solidão, irrelevância e inutilidade individual e comunitária vai alastrando.
A esperança está sempre na inteligência e capacidade humana de criação e imaginação que se torna cada vez mais importante.