Médico de família continua a ser médico para toda a obra
João Pita Soares ajudou a criar a Unidade de Saúde Familiar Almeida Garrett, em Santarém, e diz que actualmente o médico de família tem uma relação mais próxima e com maior confiança com o utente.
João Pita Soares é um médico de família reconhecido e estimado na região ribatejana, tendo passado pelos centros de saúde de Chamusca, Almeirim, Carregueira, Fazendas de Almeirim, Coruche, e é um dos criadores da Unidade de Saúde Familiar Almeida Garrett, onde continua a exercer. Considera que o sistema de relação entre médico e utente está completamente diferente do que existia há décadas, nomeadamente no que diz respeito à consulta e ao seguimento de doentes.
“Há quarenta anos não havia o conceito de lista de utentes nem o de médico de família. Éramos médicos para toda a obra, fazíamos até autópsias, sem formação para isso. Hoje em dia o médico de família continua a ser médico para toda a obra, mas há o conceito da continuidade dos cuidados. Não se esgota numa consulta. O médico de família acompanha cada um dos elementos da família e vai-se apercebendo dos problemas que ali existem. É uma relação mais próxima e de maior confiança”, refere.
Uma das críticas que faz relaciona-se com as quebras e a lentidão dos sistemas informáticos. “O tempo que esperamos para passar uma receita ou um exame é por vezes maior do que o tempo em que estamos efectivamente a falar com o utente. E isso cria muitas barreiras no atendimento. Até porque temos tempo limitado para cada utente. Somos avaliados pelo tempo de espera. Tem de haver uma boa gestão em termos do tempo de consulta para cumprir objectivos e ao mesmo tempo satisfazer o doente”, lamenta.
João Pita Soares defende uma posição firme e que deve haver investigação aos criminosos que têm actos de violência para com profissionais de saúde. “É preciso criar condições efectivas de segurança para médicos, enfermeiros e todo o pessoal. As situações de violência são frequentes e estamos completamente desprotegidos”, sublinha.