Especiais | 16-11-2023 11:00

Cada vez mais pessoas acreditam em tudo o que é publicado nas redes sociais

Cada vez mais pessoas acreditam em tudo o que é publicado nas redes sociais
36 ANOS DE O MIRANTE
Joaquim Catalão, 59 anos, presidente da Junta de Freguesia de Almeirim

Não conseguimos atrair pessoas experientes e competentes e isso faz com que exista um elevado número de jovens inexperientes a subir rapidamente a nível político. Isso assusta-me.

Qual foi o último texto que leu em O MIRANTE de que gostou?

Em todas as edições existem sempre notícias interessantes, mas aquela que mais gostei foi sobre o “Projeto Tejo” porque acho que é fundamental para o desenvolvimento da nossa região.

Há cada vez mais pessoas que optam por ser informadas através do que lhes chega pelas redes sociais. É o seu caso?

Não utilizo as redes sociais como meio de informação. Infelizmente, cada vez mais, existem pessoas que acreditam em tudo o que é publicado nas diversas redes sociais que existem. Não digo que o futuro seja esse mas, devido à facilidade que hoje existe no acesso às redes sociais, certamente o que é escrito nas mesmas acabam por ter muita influência na opinião pública, compete a todos nós alertar para esse perigo.

Os hábitos de leitura mudaram e há muitos jornais em dificuldades, alguns dos quais de âmbito nacional e outros que já deixaram de se editar, nomeadamente regionais. É algo que o preocupe?

Fico preocupado sempre que um jornal deixa de ser publicado. Os órgãos de comunicação social são um veículo de difusão da informação na nossa sociedade e quanto menos informação circula menor é a capacidade de cada um de nós conhecer a realidade que nos rodeia, tanto a nível local, regional, nacional e até mundial.

Consegue explicar, com um ou dois exemplos, como acha que seria a sua vida, a nível pessoal e profissional, num país não democrático?

Faço parte do executivo da Junta de Freguesia de Almeirim há 30 anos e como presidente da freguesia há dez anos. Nada disto seria possível se a democracia não fosse uma realidade no nosso país. Só um sistema político democrático permite a existência de partidos políticos e a realização de eleições democráticas e sérias.

Portugal vai celebrar os 50 anos do 25 de Abril. Com base na sua experiência, qual a importância da chamada Revolução dos Cravos para o país?

A revolução do 25 de Abril trouxe a democracia e permitiu um avanço civilizacional e geracional a um país que viveu durante 48 anos em ditadura.

A Inteligência Artificial está presente, cada vez mais, na nossa vida. É positivo?

A Inteligência Artificial é como um medicamento, utilizada de forma correcta e na devida dimensão é uma grande ajuda e vai permitir grandes avanços civilizacionais, mas se for utilizada por cada um de nós, para fazer o nosso trabalho/pensamento intelectual, então, em alguns anos estaremos pela primeira vez perante uma geração que terá um QI inferior à sua geração precedente.

As alterações climáticas são uma realidade ou há muito exagero no que é apresentado?

As alterações climáticas são uma realidade que estamos a viver diariamente. Todos devemos alterar comportamentos porque só em conjunto conseguimos inverter esta realidade. Na minha casa já fazemos um reaproveitamento da água, nomeadamente da lavagem dos alimentos e também aquela que corre até aparecer quente na torneira. Desta forma conseguimos regar o jardim e poupar na factura mensal. Também procedemos à substituição de todas as lâmpadas por tecnologia led. São pequenos gestos? São! Mas se todos tivermos esta preocupação certamente que o futuro será melhor.

Na Constituição da República estão inscritos os direitos e os deveres dos cidadãos. É capaz de indicar dois ou três dos nossos deveres constitucionais?

Dever de votar; dever de defender o país em caso de guerra; dever de pagar impostos, de acordo com a capacidade económica de cada um.

Se tivesse que classificar a classe política que vai festejar os 50 anos do 25 de Abril na Assembleia da República que pontuação lhe dava de 1 a 10?

Cada vez há mais dificuldade em atrair para a política pessoas com experiência e competência profissional e aquilo a que assistimos é a um elevado número de jovens que sobe rapidamente no elevador político sendo notória a sua falta de experiência e isso assusta-me muito, por isso dava seis pontos à nossa classe política.

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