Especiais | 16-11-2023 14:00

Revolução de Abril permitiu que Portugal atingisse indicadores na saúde e na educação de que nos devemos orgulhar

Revolução de Abril permitiu que Portugal atingisse indicadores na saúde e na educação de que nos devemos orgulhar
36 ANOS DE O MIRANTE
Ana Infante

Os jornalistas devem ser isentos, imparciais e não terem agendas próprias ou objectivos obscuros. E isso é defendido no código deontológico dos jornalistas.

Se tivesse que classificar a classe política que vai festejar os 50 anos do 25 de Abril na Assembleia da República que pontuação lhe dava de 1 a 10?

A alguns gostaria de dar 1 e a outros 10. Conhecemos políticos brilhantes, que infelizmente são cada vez mais raros na vida política, dada a elevada exposição pública. Actualmente é mais frequente verificar-se o populismo e a demagogia.

Na Constituição da República estão inscritos os direitos e os deveres dos cidadãos. É capaz de indicar dois ou três dos nossos deveres constitucionais?

No que concerne aos direitos: Direito à protecção na saúde, direito à educação e cultura e liberdade de expressão. Quanto aos deveres: votar, cumprir a lei e o dever de cidadania.

Portugal vai celebrar os 50 anos do 25 de Abril? Com base na sua experiência qual a importância da chamada Revolução dos Cravos para o país?

A Revolução de Abril, além de ter sido uma revolução sem derramamento de sangue, permitiu que Portugal atingisse indicadores na saúde e na educação que hoje nos devem orgulhar a todos. Deixámos de ser um país pobre, iletrado em que se tinha que emigrar para ter melhores condições de vida, para ombrearmos com o resto da Europa.

Consegue explicar, com um ou dois exemplos, como acha que seria a sua vida, a nível pessoal e profissional, num país não democrático?

Vivi em ditadura até aos meus 12 anos e, apesar de criança, consegui percepcionar muito bem o perpetuar das desigualdades sociais, a falta de liberdade para darmos uma opinião que fosse contra o poder vigente. Depois de se viver em liberdade dificilmente os povos aceitariam viver numa sociedade que não permitisse a liberdade de expressão.

A Inteligência Artificial está presente, cada vez mais, na nossa vida. Sente-se tranquila com isso?

A evolução tecnológica e artificial faz parte da evolução das sociedades. Se bem utilizada e com princípios éticos pode contribuir para facilitar e melhorar a vida da população a vários níveis, nomeadamente a saúde.

As alterações climáticas são uma realidade ou há muito exagero no que é apresentado? Vale a pena alterarmos alguns comportamentos? Já alterou algum?

As alterações climáticas são uma realidade que activistas e governos tentam demonstrar, embora haja sempre interesses económicos que tentam escamotear o tema. Se nada for feito, as novas gerações irão sentir de forma crítica os malefícios do aquecimento global. Tenho esperança que as novas gerações, mais consciencializadas que a minha, contribuam para inverter esta situação. Eu faço, há muitos anos, reciclagem de resíduos e utilizo energias renováveis.

Qual foi o último texto que leu em O MIRANTE de que gostou?

Por defeito profissional gosto de ler as notícias relacionadas com a saúde, mas também as socioeconómicas da região para entender a conjuntura em cada momento.

O MIRANTE sai semanalmente em papel, desde Novembro de 1987 e edita notícias online a qualquer hora, desde Novembro de 2002, mas para o fazer tem que estar registado e os seus responsáveis identificados. E tem que cumprir leis, nomeadamente a lei de imprensa. Deve continuar assim ou os jornais devem ter maior liberdade?

A liberdade de imprensa foi uma das conquistas de Abril e assim deve permanecer. Considero, no entanto, que os jornalistas devem ser isentos, imparciais e não terem agendas próprias ou objectivos obscuros. E isso é defendido no código deontológico dos jornalistas.

Há cada vez mais pessoas que optam por ser informadas através do que lhes chega pelas redes sociais. É o seu caso?

As redes sociais são hoje um veículo de informação que tem riscos acrescidos. Pode veicular-se com uma velocidade vertiginosa uma falsa notícia que toma proporções de difícil controlo. Servem também para, a coberto do anonimato, servir interesses mesquinhos ou acerto de contas. Se utilizadas de forma transparente são mais um instrumento para a informação chegar ao grande público em tempo real.

A informação devia ser toda gratuita e de acesso livre?

Dificilmente a informação poderá ser totalmente gratuita, dado o trabalho dos profissionais e os meios envolvidos.

Há muitos jornais em dificuldades e há alguns que já deixaram de se editar, nomeadamente regionais? É algo que a preocupa?

Tenho muita pena que a imprensa escrita se encontre em dificuldade face a outros meios de comunicação. Eu, em particular, ainda gosto muito de ler jornais, embora a voracidade do dia-a-dia já não nos permita lê-los com o tempo que anteriormente dispúnhamos. Mas as sociedades e as tecnologias evoluem e temos que nos saber adaptar às novas realidades.

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