O fado une gerações na Escola de Fados do Forte da Casa
Na Escola de Fados do União Desportiva e Cultural do Forte a paixão pelo fado ganha vida, com alunos dos 14 aos 91 anos. Fundada por Manuel da Cunha Alves, a escola tornou-se um ponto de encontro para amantes do fado, que se reúnem semanalmente para ensaiar e compartilhar o amor pela música portuguesa, sempre com sentimento.
Todos podem cantar fado desde que tenham sentimento, diz Manuel José Alves, que concretizou há pouco mais de dois anos o sonho de aprender a cantar. Durante os 46 anos em que trabalhou por turnos ouvia o fado mas não tinha tempo para cantar. A falecida mãe incentivava-o mas só quando se reformou é que decidiu inscrever-se na Escola de Fados do União Desportiva e Cultural do Forte, no Forte da Casa. Sabia dois fados de cor, hoje já sabe 31 e cantou num estabelecimento em Alfama onde foi aplaudido pelos turistas. “Não percebem português mas ficam maravilhados porque o sentimento está lá. Eu canto um fado que dedico à minha mãe e a meio começava a chorar e embargava a voz. Temos de ter sentimento”, afirma.
Há que também saber ouvir fado, sublinha Manuel José Alves, recordando o episódio em que um grupo de Motards de Alcains fez silêncio respeitando uma das actuações dos fadistas da Escola de Fado do Forte da Casa. Desde 2018, altura em que foi inaugurada a escola, o número de alunos tem vindo a crescer. Actualmente estão 25 pessoas inscritas, a mais nova com 14 anos e a mais velha com 91 anos, que se desloca de Alhandra até ao Forte da Casa. Os ensaios são às terças-feiras, entre as 20h00 e as 00h00, e contam com uma média de 14 alunos.
Jacinto Carminho, responsável pelo lançamento de muitos fadistas de renome, é o professor e também toca viola. Na guitarra está normalmente um aluno que aparece nos ensaios, mas nas actuações a escola tem de contratar um músico para a guitarra portuguesa. De três em três meses a Escola de Fado dinamiza tertúlias para angariar verbas para a sua actividade cultural.
Escola de Fado vai actuar nas festas do Forte
Manuel da Cunha Alves foi o mentor da criação da Escola de Fado no Forte da Casa. Fez uma guitarra e uma viola em esferovite, que decoram o palco da sala de ensaios e sala de tertúlias, além da recriação de uma janela tipicamente portuguesa. Arranjou candeeiros de metal, pintou-os e transformou-os para decorar o espaço. Os vinis que estão nas paredes foram oferecidos pelos alunos e por José Tremoço, dirigente do clube, que não canta mas ajuda a escola na parte logística.
“O fundamental para aprender fado é gostar. Nas aulas o aluno escolhe uma música, coloca a letra à frente, o professor pede para cantar e diz qual o tom para o aluno poder ensaiar. É dar depois o nosso melhor porque há vozes melhores e outras nem tanto”, explica Manuel da Cunha Alves. Os fadistas da escola são convidados para actuarem em várias zonas do país onde são acarinhados pelo público. No dia 10 de Junho vão subir ao palco “em casa”, uma vez que vão actuar na Festa em Honra do Sagrado Coração de Jesus, no Forte da Casa, pelas 18h30.