Especiais | 13-06-2024 17:00

A primeira mulher presidente em Alpiarça que não gosta de bajuladores

A primeira mulher presidente em Alpiarça que não gosta de bajuladores
GUIA AUTARCAS E AUTARQUIAS
Sónia Sanfona, a última governadora civil de Santarém, antes da extinção do órgão, conquistou a Câmara de Alpiarça nas últimas eleições autárquicas

Presidente da Câmara Municipal de Alpiarça – Sónia Sanfona (PS)

Se há pessoa a quem as palavras persistência e resiliência assentam que nem uma luva é em Sónia Sanfona, a presidente de Câmara de Alpiarça que tem procurado ser uma lufada de ar fresco no concelho. Embora tenha iniciado a sua vida política bem cedo, Sónia Sanfona demorou a conquistar o lugar de líder máximo na sua terra, tornando-se assim a primeira mulher presidente de câmara em Alpiarça. Perdeu por duas vezes as eleições autárquicas, mas em 2021 apostou tudo e conquistou a maioria absoluta para o PS, conseguindo destronar o poder comunista pela segunda vez em 46 anos de eleições livres para as autarquias. A vitória arrebatadora de Sónia Sanfona não a fez retirar os pés do chão; pelo contrário, a autarca, que tem como principais objectivos ser um bom exemplo para os outros e estar de bem com a vida, mantém o seu sentido de responsabilidade intacto e tem promovido no concelho a ideia de que a política é uma actividade nobre onde só consegue ser bem-sucedido quem for honesto e transparente.
Sónia Sanfona nasceu a 10 de Dezembro de 1971 na casa dos seus pais, em Alpiarça, onde ainda hoje vive a sua mãe. As características e os traços de personalidade que a distinguem, como a empatia, o sorriso fácil, ou a perseverança, só para nomear alguns, deve-os às suas raízes. Da infância passada na terra, Sónia Sanfona diz só ter boas memórias, construídas junto de uma família que a ensinou a dar valor ao trabalho e à importância de subir na vida sem prescindir de princípios e valores como a humildade, justiça, respeito e dignidade. O seu percurso escolar foi acima da média, e por isso ninguém estranhou que tenha optado por se licenciar em Direito, tornando-se advogada. Na família, no trabalho ou na política, Sónia Sanfona mostrou sempre ser uma mulher ambiciosa, mas sem qualquer toque de arrogância ou sobranceria. Numa entrevista recente a O MIRANTE, confirmou aquilo que aparenta, afirmando que o que tem vindo a construir é porque a vida lhe vai mostrando caminhos. “Não tenho ambições tradicionais como ficar rica, inventar ou descobrir algo. Mas não deixo de ser ambiciosa no sentido em que procuro melhorar como pessoa, profissional e política”, disse.
Tomar decisões nunca foi um problema para Sónia Sanfona, assim como também nunca baixou a cabeça quando essas decisões a levaram a cometer erros. Por isso, por ser uma autarca que prefere o risco à passividade, já mudou muita coisa nos menos de três anos de mandato como presidente do município. Já reformulou projectos, iniciou obra, conclui-a e saldou dívidas herdadas pelo anterior executivo. Uma das medidas mais impactantes foi a reformulação do horário de trabalho, para dar mais condições de vida aos funcionários. No entanto, Sónia Sanfona sabe que não pode dormir à sombra da bananeira. “Não tenho medo de me acomodar, mas se acontecer provavelmente serei a primeira a reconhecê-lo. Se acontecer não terei problemas em tomar as medidas mais indicadas para que o cargo não fique refém da minha acomodação”, refere.


Uma mulher bem resolvida que não gosta de bajuladores
A carreira política de Sónia Sanfona só pode deixá-la orgulhosa, não só pela importância dos cargos que ocupou, mas por ter feito a diferença nos mesmos. Foi eleita pelo PS na Assembleia Municipal de Alpiarça, vereadora na Câmara de Alpiarça, deputada à Assembleia da República na X Legislatura e a última Governadora Civil de Santarém. Também integrou o conselho de administração do Hospital Distrital de Santarém, numa altura em que a nova administração estava a dar a volta à unidade de saúde que estava desacreditada e com diversos problemas estruturais. Diz que os presidentes de câmara são genericamente muito mal pagos, mas que ser autarca vai além do exercício de uma profissão. “É um desígnio que colocamos sobre nós, algo que se faz por amor”, afrima.
Para Sónia Sanfona, os bajuladores não fazem falta na sociedade. Considera-se uma mulher bem resolvida, sem anos negativos, com a excepção do de 2022, ano em que perdeu o seu pai. Os seus dois filhos são o seu porto de abrigo e, por isso, para além de querer ser um bom exemplo, esforça-se todos os dias para não ser o tipo de mãe que projecta nos filhos as suas frustrações. Sónia Sanfona diz ter uma certeza: enquanto sentir condições para exercer o cargo de presidente com ganhos para Alpiarça, promete continuar a colocar os seus conhecimentos e capacidades ao serviço da população do concelho.

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