Especiais | 13-06-2024 13:00

O candidato que disse que estava lixado quando ganhou as eleições

O candidato que disse que estava lixado quando ganhou as eleições
GUIA AUTARCAS E AUTARQUIAS
Postura de Rui Anastácio no seu primeiro mandato como presidente da Câmara de Alcanena tem sido muito criticada pela falta de proximidade e alguma sobranceria na relação com a população

Presidente da Câmara Municipal de Alcanena – Rui Anastácio - Cidadãos Por Alcanena (PSD/CDS/MPT)

“Quando decidi candidatar-me sabia que corria o risco de ganhar. Pensei: se correr bem, estou lixado… e pronto, foi assim que correu. E estou lixado”. Foi desta forma que Rui Anastácio resumiu, numa entrevista ao mediotejo.net, a vitória nas eleições autárquicas de Novembro de 2021, na sua terra natal, Alcanena.
Lendo o percurso político de Rui Fernando Anastácio Henriques, percebe-se que, a partir de certa altura, o seu objectivo era ser presidente da câmara no concelho onde nasceu. Trabalhou na câmara municipal e entrou para o PS, tendo sido eleito vereador por aquele partido, entre 1997 e 2001, integrando o executivo de Luís Azevedo.
Quando percebeu que não iria ser candidato a presidente pelos socialistas, perdendo as eleições da concelhia para aquela que viria a ser presidente, Fernanda Asseiceira, saiu do PS e passou a alinhar com a coligação “Cidadãos por Alcanena”, coligação PSD/CDS/MPT, pela qual acabou por ser eleito.
A explicação pública que deu para a saída do PS foi outra, porque nestas coisas há que mostrar nobreza de ideais. “Deixei de ser militante do Partido Socialista porque não quero ser militante de um partido que levou o meu país à bancarrota. Isto pode não parecer importante, mas acho que é. Saí do partido porque achei que um partido que tinha acabado de levar o meu país à bancarrota não merecia o meu trabalho e a minha preocupação e dedicação”, disse na entrevista já citada.
Tendo qualquer presidente de câmara entre os seus principais objectivos atrair investimento para o seu concelho, o facto de, como empresário do ramo hoteleiro, Rui Anastácio ter optado por investir em Alvados, no vizinho concelho de Porto de Mós, dá outro sentido à expressão: “estou lixado”.
O presidente do município de Alcanena e empresário de Porto de Mós, acha “lamentável”, “parvo”, “deprimente” e “execrável”, que se fale sequer no assunto. E aconselha os outros a fazerem o mesmo que ele, que é investir onde bem entendam. É evidente que, se todos fizerem como ele, a ideia que defendeu na tomada de posse, de captar investidores para desenvolver o concelho, irá por água abaixo.
E não lhe vale de nada dizer que o território que gere é “diferenciador e competitivo”, como sublinhou na mesma altura, até porque aquela máxima “faz o que eu digo, não faças o que eu faço”, é boa na teoria, mas nem sempre é seguida na prática, nomeadamente entre os seus colegas empresários.
E muito menos por aqueles que têm as empresas que ele quer atrair para o concelho. As que ele define como empresas 4.0, que, como explica, pagam ordenados de dois mil, três mil e quatro mil euros. Na juventude Rui Anastácio era um observador de pássaros. O primeiro da região como diz com orgulho. Logo se verá se, nos próximos anos, não irá passar a observador do voo de empresas para outros municípios.
Um outro investimento que Rui Anastácio nunca descurou foi na sua visibilidade. Na altura da sua candidatura a presidente da câmara, por exemplo, publicava crónicas no jornal “O Torrejano”, de Torres Novas, sobre isto e aquilo. Pequenos episódios e historietas do dia-a-dia ou da sua infância e adolescência. Mas raramente, ou quase nunca, sobre a sua Alcanena ou sobre a política local, embora por vezes se abalançasse a opinar sobre a política nacional, nomeadamente chamando ‘funambulista’ ao então primeiro-ministro Atónio Costa, em Janeiro de 2021.
É também num desses textos, de 7 de Fevereiro do mesmo ano, em que Rui Anastácio escreve sobre o grande desafio de gerir melhor o tempo, que pode ser encontrada a chave para a forma como Rui Anastácio, trabalha actualmente.
Citando o ex-presidente norte-americano, Eisenhower, que considerava que o que é importante raramente é urgente e que o que é urgente raramente é importante, diz ele que aquilo que é importante e urgente é para fazer no início do dia, se possível, porque são as tarefas que causam stress.
Quanto ao resto, tarefas urgentes, mas não importantes, são para delegar ou para dizer não. São aquelas que o presidente da câmara de Alcanena designa como interrupções, que chegam via telefone ou ‘smartphone’. E lembra que “os telefones também têm, felizmente, um botão para desligar”. Uma declaração a ter em conta por todos aqueles que não o conseguem contactar ou obter resposta às sua preocupações.

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