Nunca pediu um livro de reclamações e recusa-se a fazer um seguro de saúde
Presidente da Câmara Municipal de Benavente – Carlos Coutinho (CDU)
Carlos Coutinho praticamente vive para o trabalho e para a família. Considera-se um homem numa missão há 26 anos no município de Benavente, onde quer mudar para melhor a vida das pessoas. Nem o Acidente Vascular Cerebral (AVC) que sofreu em Abril de 2023 o fez parar, mantendo-se determinado a levar o mandato até ao fim para honrar as responsabilidades e o compromisso que assumiu com a população. Defende que política só faz sentido se for feita por gente de palavra e com frontalidade para dizer o que pensa e sem guardar rancores. Depois de deixar a presidência da câmara não vai para o banco de jardim à espera da reforma. A família várias vezes lhe disse para cuidar dele em primeiro lugar, mas o autarca comunista é de ideias fixas.
Antes da doença trabalhava até altas horas da noite. Chegava a sair da câmara às 23h00 e aos fins-de-semana e feriados andava sempre ocupado a marcar presença em eventos. Agora, tenta cumprir um horário que impôs a si próprio, garantindo que está em condições de continuar a servir a comunidade. Natural de Samora Correia é bancário de profissão, casado e tem três filhas. Nunca foi preso pela PIDE, a polícia política do Estado Novo, mas tem boa memória do 25 de Abril de 1974. Um amigo morava no bairro onde estavam as instalações do Rádio Clube Português em Lisboa e ficou logo a saber que os militares estavam na rádio e a comer as laranjas do quintal do amigo.
Carlos Coutinho cresceu numa família activa no combate ao fascismo e foi educado com base em valores como a igualdade e a fraternidade. “Lido bastante mal com injustiças. É o pior que temos na relação humana”, lamenta. Homem de convicções, não se revê no que algumas pessoas pensam dele de ter um pensamento fechado. “Tenho abertura para mudar as minhas opiniões, mas têm de me mostrar que estou errado. Tenho sempre opinião e tento que seja construída com base em informações correctas”, refere.
Entrou na vida autárquica em 1998 e foi alvo de um despedimento no banco onde trabalhava que acredita ter sido por motivações políticas, porque sempre fez por ser um trabalhador exemplar. Alguns colegas receberam chorudas indemnizações, mas Carlos Coutinho reivindicou em tribunal a manutenção do seu posto de trabalho e venceu. Nunca quis viver da política e acredita estar numa missão, a de autarca, que diz ser vivida a dobrar. Teve de abandonar um dos grandes prazeres que tinha na vida, que era fumar, por causa do AVC. Preza as boas relações entre as pessoas, a tranquilidade no trato, a ponderação e não guarda rancores.
É um homem sem passatempos e uma das poucas actividades de tempos livres é ir ver os jogos do Benfica. Apesar de ser filho de caçador nunca teve esse gosto. Estar com os amigos a conviver, num almoço, por exemplo, é uma das formas que usa para aliviar o stress. Todos os dias bebe um sumo de laranja natural de manhã, que o próprio espreme, para acompanhar uma torrada e um café. Já bebeu muitos cafés, agora limita-se a dois por dia. Não é de se arrepender nas decisões como a de não ter seguro de saúde, por defender o Serviço Nacional de Saúde, considerando que todos deviam esforçar-se pela defesa do serviço público em vez de engordarem a Saúde privada.
Tem alergia a pessoas que na política têm necessidade de afirmação e é fiel aos ideais da Revolução de Abril em que o poder local constitui uma das maiores conquistas e foi fundamental para a transformação do país. E é essa perspectiva que coloca na sua gestão e faz votos para que o concelho continue a afirmar-se como um território diferenciado na sua localização estratégica com a Área Metropolitana de Lisboa, com um desenvolvimento sustentável que possa garantir mais emprego, desenvolvimento económico, crescimento demográfico e a capacidade de captar emprego mais qualificado.
Considera que o sistema democrático tem as suas fragilidades, mas há valores como a segurança, saúde, educação e solidariedade que para Carlos Coutinho não devem ser postos em casa. Apesar de não ser um homem de fé, faz as suas previsões de que o futuro será positivo. É uma pessoa tolerante que nunca pediu o livro de reclamações e não tem medo de andar em algumas ruas escuras do concelho durante a noite, garantindo que o concelho é seguro. Pessoa de ar calmo não gostaria de ter algum superpoder, preferindo agarrar-se ao que a vida dá. Gostaria de ser lembrado como um homem honesto, simples e de valores.
“A missão de um autarca é esta e estar preparado para dar tudo. Nunca tive ambições para ir mais longe, é esta missãoa que sempre me motivou”, refere o homem que valoriza o sentimento de pertença da sua terra e das suas gentes. É no seu concelho que se sente em casa e é aí que encontra a vida que sempre procurou.