Especiais | 14-06-2024 13:00

Um homem do karaté no combate autárquico

Um homem do karaté no combate autárquico
GUIA AUTARCAS E AUTARQUIAS
João Heitor é cinturão negro de Karaté e assumiu a liderança do concelho do Cartaxo depois de quase meio século de domínio socialista.

Presidente da Câmara Municipal do Cartaxo – João Heitor (PSD)

O dia 27 de Setembro de 2021 foi marcante na história do poder local democrático do Cartaxo e o actor principal desse filme foi o social-democrata João Heitor, um cinto negro de karaté que, quase 50 anos depois, apeou do poder o PS, que geria o município desde as primeiras eleições autárquicas. A façanha é ainda mais relevante tendo em conta que o discreto candidato do PSD ganhou a eleição a um presidente socialista que estava em funções há dois mandatos e tinha vasta experiência política, não só autárquica mas também nos bastidores do poder em Lisboa. Até para ele o feito foi uma surpresa, uma informação de alto impacto que o levou logo a pensar no trabalho que tinha pela frente, após uma passagem de pastas que foi tranquila e sem grandes sobressaltos.
Olha-se para João Heitor e vê-se uma pessoa aparentemente serena e reservada, longe dos estereótipos populistas que fazem furor entre algum eleitorado. Afirma-se como uma pessoa normal que tem o bichinho de intervir na comunidade, o que às vezes lhe tira o sono. Os cartaxeiros têm na liderança do município “um dos seus”, que se diz humilde mas seguro dos seus propósitos e da sua missão. Um homem determinado, exigente, que procura o bem estar da comunidade.
João Miguel Ferreira Heitor é natural de Vale da Pinta, concelho do Cartaxo, onde nasceu a 24 de Março de 1979. É casado e tem três filhos, duas meninas e um rapaz. É licenciado em Educação Física e tem um mestrado em Gestão. Antes de assumir funções autárquicas trabalhava como gestor numa empresa multinacional ligada ao sector dos adubos.
Teve sempre uma relação forte com o desporto e o associativismo. Foi presidente da Sociedade Cultural e Recreativa de Vale da Pinta até 2021 e ainda é presidente e director técnico da Associação Nacional de Karaté – Portugal. Desde jovem que está envolvido no meio desportivo. Praticante e instrutor de karaté, continua a dar aulas duas vezes por semana. É algo que lhe faz bem e o ajuda a espairecer, pois são duas ou três horas por semana que passa com os filhos e com outras crianças e atletas. Praticou também informalmente outros desportos e ainda gosta de fazer ski na neve pelo menos uma vez por ano e de andar de bicicleta.
Chegou à política graças à sua veia associativa e predisposição para a causa pública. Foi convidado para integrar a JSD quando era presidente da associação de estudantes da Escola Secundária do Cartaxo. Aceitou e desde essa altura que está ligado aos sociais-democratas, tendo integrado uma lista do PSD à Câmara do Cartaxo, em 2013, não tendo sido eleito vereador. Diz que não tem ídolos na política, gosta de trabalhar em equipa e inspira-se muitas vezes nas pessoas com quem trabalha de perto. Por vezes aconselha-se com amigos que estão fora do circuito da política para receber outras perspectivas e também para desabafar, até porque não gosta de levar o trabalho autárquico para casa.

Passado de forcado deixou marcas
Do passado multifacetado de João Heitor consta também a sua actividade como forcado, no Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Moita, onde habitualmente era primeiro ajuda nas pegas. Nas lides tauromáquicas levou algumas cornadas e ficaram-lhe marcas nos dedos de uma mão, feridos por uma bandarilha. Diz com algum humor que era mais fácil enfrentar um toiro na arena do que a complicada situação financeira da Câmara do Cartaxo que herdou das gestões socialistas.
João Heitor é mais de construir pontes do que de erguer muros, um artesão que cria redes, que se relaciona muito e que constrói as estruturas necessárias para que as coisas aconteçam. Diz que as pessoas estão fartas das promessas dos políticos, por isso, prefere não criar grandes expectativas, até porque a situação financeira do município é complicada. Prefere definir objectivos razoáveis e trabalhar para os alcançar. Lida bem com a divergência de perspectivas, é frontal e não deixa nada por dizer, embora tente ter cuidado com o que diz. Sublinha a importância do 25 de Abril na devolução da liberdade de expressão e de outras liberdades aos portugueses e defende que esses valores devem continuar a ser cultivados todos os dias, sem mordaças nem amarrados a medos.
Emociona-se facilmente com a bondade, com o carinho e o amor que a pessoas dedicam aos outros e às causas que abraçam. Por isso emociona-se muitas vezes e não se arrepende disso. Em casa é um homem que ajuda nas tarefas domésticas e que sabe fazer um pouco de tudo, fruto da experiência de quando viveu sozinho nos tempos de estudante universitário. Por vezes ajuda os filhos a fazer os trabalhos de casa e a formação como professor leva-o muitas vezes a acrescentar algo mais à matéria dada.
João Heitor é um homem prático e que se sente à vontade em qualquer contexto, seja de fato e gravata numa sessão institucional, seja de kimono numa aula de karaté. O que interessa é que a indumentária se adapte a cada ocasião. Crê em Deus, confessa-se católico semi-praticante e acredita, acima de tudo, que a relação com Deus ajuda a tornarmo-nos melhores.

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