Cimpor de Alhandra investe na neutralidade carbónica
Director da Fábrica, Carlos Melo, acredita que a mesma vai passar a ser vista como uma referência em termos de sustentabilidade de uma fábrica de cimento.
A Cimpor é uma marca portuguesa, mas detida a 100 por cento pela Taiwan Cement Corporation. De que forma a fábrica de Alhandra se relaciona actualmente com Alhandra e a sua população? O facto de a Cimpor ser agora detida pela TCC em nada muda a relação umbilical que temos com Alhandra e com a sua população. A vila de Alhandra é um elemento fundamental da nossa história e identidade e a própria Cimpor tem marcado indelevelmente a história da vila. Isso será sempre inquestionável. Afinal, entre os nossos quadros são centenas os colaboradores que são de Alhandra e vilas circundantes, pelo que continuamos a ser um empregador muito relevante na região e com um peso importante na economia local. Por outro lado, o desenvolvimento de relações de parceria, apoio e responsabilidade social junto da comunidade local já são e continuarão a ser no futuro uma das nossas grandes prioridades.
Foi anunciado recentemente um investimento de 121 milhões de euros, até 2030, na “actualização” da fábrica de Alhandra. Que importância terá para a zona onde está instalada? A fábrica de Alhandra comemora 130 anos este ano e, ao longo da sua história, passou por vários momentos de expansão e modernização em resposta a uma procura do mercado em constante crescimento e a uma evolução tecnológica que sempre procurámos acompanhar. O investimento de 121 milhões de euros que agora fazemos tem os olhos postos no futuro. Não apenas em termos produtivos, mas porque, como é sabido, temos o objectivo de reduzir drasticamente as nossas emissões de carbono e atingir a neutralidade da nossa operação até 2050. Será importante para a região porque criará emprego, trará dinamismo económico e, mais importante, trará a esta instalação uma redução muito significativa do seu impacto ambiental.
Através da Lei Europeia do Clima, a UE compromete-se a atingir a neutralidade das emissões de carbono até 2050, um objectivo também definido no Acordo de Paris, assinado por 195 países. Como está a ser percorrido esse caminho pela Cimpor? Quais os investimentos mais significativos? O Plano Estratégico da Cimpor que nos irá levar à neutralidade carbónica até 2050 compreende um conjunto de medidas a médio e longo prazo, mas também acções já em vigor. Até ao momento, já investimos 32 milhões de euros em modernização de fábricas e no desenvolvimento de produtos mais amigos do ambiente. Além disso, prevemos um investimento de 270 milhões de euros até 2030. Entre os principais projectos para os próximos anos estão o desenvolvimento de cimentos de baixo carbono, a diminuição da pegada de CO2 das centrais, a produção de electricidade através de painéis fotovoltaicos e a criação de um sistema inovador de produção que utiliza o hidrogénio como motor principal. As próximas décadas serão de grandes transformações para melhor.
A Cimpor foi inaugurada em 1884 e chegou a ser uma das maiores do mundo. Qual é actualmente a sua importância? Qual a sua capacidade produtiva? Quantos trabalhadores emprega em Alhandra? Qual o impacto na economia local? Com a compra por parte do grupo TCC, a Cimpor tornou-se no terceiro maior player do mercado global, em termos de capacidade de produção de cimento, excluindo a China. Quando a fábrica de Alhandra foi inaugurada em 1894, tinha capacidade para produzir cerca de 6.000 toneladas de cimento por ano. Na década de 60 do século passado, quando chegámos a ter o maior forno do mundo, a nossa produção anual já era de mais de meio milhão de toneladas. Hoje podemos produzir diariamente 9.000 toneladas de cimento, que não têm apenas Portugal como destino. Este crescimento é apenas possível graças à excelência e dedicação das mais de 300 pessoas que todos os dias trabalham em Alhandra e que fazem da Cimpor um dos maiores empregadores da região.
Pessoalmente tem alguma ligação a Alhandra ou ao concelho de Vila Franca de Xira? Não tenho nenhuma ligação pessoal, mas tenho uma ligação de afectividade a esta fábrica porque foi nesta fábrica que comecei a minha actividade profissional em 1994.
O que gostaria de acrescentar? A História da Cimpor tem sido marcada por uma vontade constante de evoluir e melhorar. Se em tantas ocasiões essa evolução foi alimentada pelo desejo de produzir cada vez mais, hoje as mudanças que queremos implementar surgem pela necessidade de assumirmos a nossa responsabilidade na busca por modos de produção mais sustentáveis e capazes de nos colocar no caminho da neutralidade carbónica. A fábrica de Alhandra vai ser vista em toda a Europa como uma referência em termos de sustentabilidade de uma fábrica de cimento.