O presidente da cidade monumento e do concelho com a marca Templários
Presidente da Câmara Municipal de Tomar – Hugo Cristóvão (PS)
A vida política de Hugo Cristóvão assumiu uma nova dimensão quando, em Outubro de 2023, passou a presidir a Câmara Municipal de Tomar. O professor de artes visuais e dirigente associativo com um passado ligado à música na Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, sucedeu a Anabela Freitas, de quem foi vice-presidente durante uma década. Embora o seu papel na gestão da autarquia tenha ganho mais importância, Hugo Cristóvão considera que a única mudança no seu dia-a-dia foi o título do cargo que desempenha.
Os últimos dois anos como vice-presidente do município conhecido por ser a cidade monumento da região ribatejana, com o Convento de Cristo, Sinagoga e Aqueduto dos Pegões como os seus grandes ex-libris, foram de luta intensa com a oposição social--democrata, que continua a afirmar que o autarca não está preparado para liderar o concelho que mais turistas recebe por ano na região. Hugo Cristóvão tem mantido a postura de sempre: calmo, sem entrar em confronto directo e colocando o ónus na necessidade que um líder tem de tomar decisões, mesmo sabendo que não se consegue agradar a gregos e troianos. No fundo, para Hugo Cristóvão, estar como presidente da câmara, depois de mais de duas décadas como autarca em Tomar, é como um jogo de xadrez, onde as jogadas ousadas são as que mais garantem a vitória, embora também signifiquem riscos.
O seu percurso de vida é muito marcado pelas suas origens, factor que considera o mais importante na formação do seu carácter e, consequentemente, uma inspiração para desempenhar o cargo que ocupa actualmente. O autarca, sempre eleito pelo Partido Socialista, que tem em Mário Soares a sua grande referência, diz que os seus princípios e valores são o reflexo da educação dada pelos seus pais. Natural da freguesia de Casais, de onde os pais são naturais e ainda vivem, é filho de um electricista e de uma empregada doméstica. Fez--se homem a ajudar o pai no trabalho e, mais tarde, como empregado de mesa numa marisqueira em Tomar, passado para o qual olha com orgulho. Também fez uns biscates na construção civil. “Se não fossem esses anos de trabalho e aprendizagem não seria o que sou hoje”, reconhece.
Hugo Cristóvão já foi sindicalista a tempo inteiro e delegado do Instituto Português do Desporto da Juventude (IPDJ). É um conversador nato e não abdica de argumentar e explicar sempre as razões das suas opções. Por isso diz, sem hesitar, que no futuro vai voltar a dar aulas, não sem antes completar a sua missão de continuar a fazer de Tomar um dos destinos mais desejados para construir família. Por falar em família, Hugo Cristóvão foi pai recentemente e tem na sua mulher, Patrícia Gaspar, o seu porto seguro. A exigência de estar sempre ligado à corrente nunca colocou em causa o seu papel de pai e marido. “É uma missão que estou a cumprir porque quero e gosto. Estou como presidente da câmara, mas há um dia em que isto vai acabar e é preciso saber que no dia a seguir se entra quase num vazio”, afirma.
Para Hugo Cristóvão fixar pessoas e empresas no concelho de Tomar são dois dos grandes desafios que tem, em conjunto com a sua equipa, pela frente. Diz que o grande propósito de um autarca é melhorar as condições de vida da população, sublinhando que é isso que tem sido feito ao longo da última década de gestão socialista. “O concelho de Tomar tem uma óptima qualidade de vida, tem boas ofertas na educação, na cultura, no desporto e, portanto, o grande desafio é continuar a proporcionar isto às pessoas”, vinca. Para Hugo Cristóvão não há nada mais óbvio do que desenvolver o turismo em Tomar e a marca templária. Assim como não é menos importante criar condições de habitação, uma vez que Tomar é uma das cidades mais caras para viver na região.
A grande bandeira do seu percurso enquanto autarca no executivo de Tomar foi a demolição das barracas na zona do Flecheiro e o realojamento e integração de mais de 250 pessoas. Por resolver continuam os constantes focos de poluição no Nabão, embora saliente que o rio não é poluído e que os episódios diminuiriam se as entidades fizessem o seu trabalho. As mesmas entidades que considera falharem na falta de proximidade para com quem gere o território, que se reflecte muitas vezes no próprio pensamento de quem as dirige ou dos seus técnicos.
Hugo Cristóvão assume que uma das características que mais aprecia em si é o facto de não ser hipócrita e de não deixar por dizer o que pensa só para parecer bem. Para se ser presidente de câmara, reconhece, é preciso muito poder de encaixe, disponibilidade física e mental. Uma das suas frases favoritas é a de Martin Luther King, quando disse que para fazer inimigos não é preciso declarar uma guerra, basta dizer o que se pensa.