A aterosclerose silenciosa
O sedentarismo, o tabaco, a dieta, a idade, a obesidade e algumas terapêuticas (diuréticos, antidepressivos, contracetivos, corticoterapia, etc), contribuem diretamente para o aparecimento da dislipidemia.
A aterosclerose é muito frequente e inicia-se em idades jovens de modo silencioso afetando sobretudo os grandes vasos e que terá um contributo importante na hipertensão arterial, na doença das artérias coronárias e carotídea, no aneurisma da aorta e nas obstruções das artérias dos membros inferiores.
Deste modo é importante a prevenção com adoção de medidas que permitam diminuir esta progressão de pequenas placas lipídicas (ateromas) que já estão muitas vezes presentes em crianças e que irão conduzir a um estreitamento progressivo das artérias, a diminuição da sua elasticidade e que mais tarde poderão romper, dando origem a um enfarte agudo do miocárdio a um acidente vascular cerebral (AVC).
A dislipidemia é uma situação em que ocorrem níveis anómalos de partículas lipídicas no sangue.
No entanto, os lípidos são uma parte importante do organismo humano são indispensáveis para o normal funcionamento das células. São ainda uma fonte de energia fundamental.
Simplificando, temos dois tipos de lípidos (gordura) no sangue - o colesterol e os triglicéridos.
O colesterol é transportado pelas lipoproteínas de alta densidade (HDL ou “bom” colesterol) e pelas de baixa densidade (LDL ou “mau” colesterol). Os triglicéridos são transportados por lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL).
As HDL removem o colesterol dos tecidos para o fígado. As LDL segundas permitem que o colesterol se mantenha no sangue.
Assim a presença de níveis elevados de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) é prejudicial para a saúde, enquanto que, as lipoproteínas de alta densidade (HDL), por serem capazes de retirar ou diminuir o colesterol das artérias serão protetoras.
A dislipidemia será o principal fator de risco da aterosclerose sobretudo no mundo desenvolvido relacionado com alimentação não correta (não diversificada e com excesso calórico).
Num estudo recente em Portugal, observa-se hipercolesterolémia em 47% da população, estando os níveis de LDL elevados em 38,4%. A hipertrigliceridemia e o baixo HDL parecem afetar 13% da população.
A doença pode ser genética (primária) mas é fundamentalmente adquirida (secundária). O sedentarismo, o tabaco, a dieta, a idade, a obesidade e algumas terapêuticas (diuréticos, antidepressivos, contracetivos, corticoterapia, etc), contribuem diretamente para o aparecimento da dislipidemia. Saliento ainda a diabetes mellitus que quando associada á dislipidemia, é superior à soma de cada um destes fatores isoladamente.
As calculadoras de risco cardiovascular da Sociedade Europeia de Cardiologia conferem informação que nos devem orientar no seguimento e nos alvos terapêuticos a atingir.
A terapêutica farmacológica com estatinas de alta intensidade isoladamente ou em combinação com fármacos redutores da absorção de lípidos no intestino em pacientes que já tiveram um enfarte de miocárdio ou AVC, apenas está presente em 38% e em 9%, respetivamente, destes grupos.
No futuro próximo existirão novas terapêuticas para as dislipidemias, através de uma injeção mensal ou semestral, que serão mais eficazes na redução do mau colesterol. Irão também aumentar a adesão á terapêutica pela comodidade da sua administração e diminuir o risco cardiovascular associado.
Em conclusão, lembre-se que a aterosclerose começa por ser silenciosa e quando se torna manifesta, muito tempo terá sido perdido com reflexos na nossa qualidade de vida.
Escrito de acordo com o novo acordo ortográfico.