Especiais | 14-11-2024 13:00

Respeito as tradições mas isso não quer dizer que tenha de concordar com todas ou rever-me nelas

Respeito as tradições mas isso não quer dizer que tenha de concordar com todas ou rever-me nelas
ESPECIAL 37º ANIVERSÁRIO
Miguel Carrinho, director-geral da Águas do Ribatejo, E.I.M., S.A.

As tradições são importantes para não nos esquecermos de quem somos e de onde vimos, mas não devemos ficar agarrados ao passado. E isso passa por uma adaptação das próprias tradições, sob pena de as mesmas se virem a perder com o tempo.

Que acontecimentos considera memoráveis na vida da região?
Gostaria de destacar três. O primeiro são as cheias. Nos tempos mais recentes deixámos de ter grandes cheias, mas recordo-me, quando era criança, de ficar fascinado com esse fenómeno, simultaneamente belo e assustador. O segundo são os incêndios de 2003 que tiveram enorme impacto na Chamusca, de onde sou natural. Foi uma tragédia, com perda de vidas e de muitos bens materiais, mas foi também um momento de enorme união e solidariedade. O terceiro acontecimento foi a criação da Águas do Ribatejo que permitiu um enorme salto qualitativo na gestão dos serviços públicos de água e saneamento. Nos últimos 15 anos foram investidos mais de 160 milhões de euros nestes serviços, num esforço sem precedentes, que permitiu enormes ganhos ambientais.
Se pudesse propor a construção de um memorial público seria dedicado a quê ou a quem?
Essas escolhas acabam sempre por ser injustas, na medida em que existem sempre várias pessoas ou acontecimentos que o mereceriam. Por essa razão, prefiro a abstenção…
Diz-se muitas vezes que as pessoas em cargos políticos têm má memória. Considera que já tinham má memória antes ou é um problema provocado pelos cargos para os quais são nomeadas ou eleitas?
Não concordo, de todo, com essa afirmação. Não considero que os titulares de cargos políticos tenham má memória, ou qualquer outra característica que os distinga negativamente das outras pessoas. Antes pelo contrário! Sou daqueles que acredita que os detentores de cargos políticos, especialmente os autarcas, são alvo de enormes injustiças. São homens e mulheres que dedicam grande parte da sua vida a trabalhar em prol dos outros, para o bem comum, coisa que muitos daqueles que os criticam não fazem sequer ideia do que é…
Diz-se que há quem tenha memória de elefante e quem tenha memória de galinha. Onde se coloca em termos de memória?
Felizmente, e até este momento, considero que tenho uma boa memória. Não consigo dizer se é de elefante ou não mas, por enquanto, não me posso queixar…
Existindo boas e más memórias, guarda mais das primeiras ou das segundas?
Bom e mau são conceitos subjectivos. Para mim, todas as memórias são importantes. Claro que há umas que são mais agradáveis do que outras, mas, no final do dia, todas fazem parte de nós, das nossas vivências, daquilo que é a nossa personalidade, ajudando-nos a crescer e a evoluir.
Qual a melhor memória que guarda?
Não consigo apontar apenas uma. Tenho memórias muito alegres da infância, dos tempos da faculdade, do nascimento da minha filha…
E a pior?
Tenho algumas, mas prefiro guardá-las para mim.
O que pensa das tradições?
Nesta matéria, como em tudo na vida, defendo que deve existir equilíbrio. Considero que as tradições são importantes para não nos esquecermos de quem somos, de onde vimos. Mas também acredito que não devemos ficar agarrados ao passado e que é importante termos a capacidade de nos adaptarmos aos novos tempos. E isso passa também por uma adaptação das próprias tradições, sob pena de as mesmas se virem a perder com o tempo.
Qual a tradição que nunca deixará de respeitar?
Respeito todas as tradições. O que não quer dizer que tenha de concordar com todas ou rever-me nelas. Mas respeito as tradições e as pessoas que se revêem nelas.
O que faz no seu dia-a-dia, apenas por uma questão de tradição?
Nada de especial. O meu dia a dia é muito monótono, casa, trabalho, casa…
O que acha desta tradição de O MIRANTE assinalar cada aniversário pedindo aos seus leitores e anunciantes que partilhem as suas opiniões sobre um determinado tema?
É uma excelente forma de assinalar uma data que é muito relevante para a região, o aniversário de um órgão de comunicação social cujo prestígio ultrapassa as fronteiras da própria região. Dar vóz àqueles que são a base de qualquer projecto, as pessoas, é sempre de elogiar.
E que tema sugeria para o próximo?
Confio plenamente nas escolhas da equipa editorial de O Mirante, que já nos habituou a ter em cima da mesa temas sempre relevantes e actuais.

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