Tenho boa memória em algumas áreas específicas mas é cada vez mais selectiva
Das coisas importantes que nos aconteceram destacaria a adesão à CEE (Comunidade Económica Europeia), hoje União Europeia, que permitiu afirmar o país e a região no mundo, com um nível de investimento sem precedentes.
Diz-se que há quem tenha memória de elefante e quem tenha memória de galinha. Onde se coloca em termos de memória?
Tenho uma boa memória em algumas áreas específicas mas que é cada vez mais selectiva. Outras coisas deixei-as definitivamente arrumadas lá atrás.
Existindo boas e más memórias, guarda mais das primeiras ou das segundas?
Guardo as melhores memórias. São essas que alimentam o meu presente e me permitem projectar o futuro. As más, procuro aprender alguma coisa com elas e encerro-as logo que consigo. E não gostaria que fosse diferente.
Qual a melhor memória que guarda?
Guardo muitas memórias muito felizes. A vida tem sido generosa comigo. De entre todas, talvez o nascimento de cada um dos meus filhos sejam as melhores e mais impactantes.
E a pior?
Das más memórias que ainda guardo, a pior foi o momento em que perdi o meu pai.
Já lhe aconteceu estar com um amigo ou familiar que viveu um acontecimento consigo e que não recorda nada do que se passou, ou recorda-se dele de forma muito diferente?
Um desajuste de memórias assim tão radical acho que nunca me aconteceu. Às vezes lembramos pormenores diferentes e recordamos mais ou menos desse acontecimento, mas acho que temos sempre um conjunto de factos ou sentimentos que partilhamos.
Que acontecimentos considera memoráveis na vida da região e porquê?
Há muitas coisas importantes que aconteceram na região de que não tenho memória, mas se tiver de escolher algo que foi determinante no salto qualitativo que demos como região, e mesmo como país, destacaria a adesão à CEE (Comunidade Económica Europeia), hoje União Europeia, que permitiu afirmar o país e a região no mundo, desde logo com o nível de investimento sem precedentes que nos transformou e que melhorou a nossa qualidade de vida.
Se pudesse propor a construção de um memorial público seria dedicado a quê ou a quem? E como justificaria essa escolha?
À paz, esse estado tão sublime da nossa existência e tão difícil de alcançar e manter. À paz em todas as suas expressões!
Diz-se muitas vezes que as pessoas em cargos políticos têm má memória. Considera que já tinham má memória antes ou é um problema provocado pelos cargos para os quais são nomeadas ou eleitas?
Não acho que os políticos tenham má memória. Os políticos são pessoas. Há pessoas com boa memória e pessoas com má memória. Talvez os políticos, porque sobre eles recai uma exigência maior, eduquem a memória para ser mais selectiva.
O que pensa das tradições?
Penso que, como em tudo na vida, devem ser temperadas com bom senso e uma dose equilibrada de adaptação ao tempo presente. Há tradições que obstaculizam o desenvolvimento e outras que o potenciam. Julgo que deve haver um equilíbrio, porque, em geral, as tradições sendo práticas que encerram memórias do passado podem e devem ser uma fonte de conhecimento e aprendizagem, mas que têm de ser adaptadas ao nosso tempo. Como se costuma dizer, a tradição já não é o que era!
Há alguma tradição que tenha deixado de seguir? E há alguma que já não faça sentido?
Não há propriamente tradições que tenha deixado de seguir, mas há coisas que já não valorizo do mesmo modo e outras que passei a valorizar muito mais.
Qual a tradição que nunca deixará de respeitar?
Não sei. Não faço as coisas por respeito a esta ou aquela tradição. Faço porque vejo nelas algum sentido ou simplesmente porque gosto e quero. Quando deixarem de ter sentido ou deixarem de me agradar, deixarei de as fazer.
O que faz no seu dia-a-dia apenas por uma questão de tradição?
Nada.
O que acha desta tradição de O MIRANTE assinalar cada aniversário pedindo aos seus leitores e anunciantes que partilhem as suas opiniões sobre um determinado tema?
Acho uma boa ideia.
E que tema sugeria para o próximo?
O Futuro. Como dizia alguém, o futuro interessa-nos a todos, já que é nele que passaremos o resto das nossas vidas.