Especiais | 15-11-2024 11:00

Quem desempenha cargos públicos nos tempos actuais tem uma missão difícil

Quem desempenha cargos públicos nos tempos actuais tem uma missão difícil
ESPECIAL 37º ANIVERSÁRIO
Maria Helena Vieira, directora do Agrupamento de Escolas D. Afonso Henriques - Alcanede

Não fazem sentido todas as tradições que violem os direitos das pessoas ou dos animais. Ninguém se pode sentir bem provocando o sofrimento alheio.

Há quem seja defensor das tradições e há quem ache que as tradições são entraves ao desenvolvimento? O que pensa das tradições?
Na generalidade gosto de manter as tradições que envolvam afectos, aconchegos de infância e memórias de dias felizes. Ao contrário de serem um entrave ao desenvolvimento, são um reportório do passado que nos permite compreender e enriquecer o presente. Cada um é o resultado de um conjunto de vivências e experiências que influenciam os nossos actos e acções.
Há alguma tradição que tenha deixado de seguir? E há alguma que já não faça sentido?
Não fazem sentido todas as tradições que violem os direitos das pessoas ou dos animais. Ninguém se pode sentir bem provocando o sofrimento alheio.
Qual a tradição que nunca deixará de respeitar?
Quero sempre ter a possibilidade de fazer o presépio tradicional, impregnando a minha casa com o aroma próprio dos elementos da natureza. Quando o deixar de fazer, algo irá mal na minha vida…
O que faz no seu dia-a-dia, apenas por uma questão de tradição?
Os festejos de Passagem de Ano e tudo o que lhe está afecto (comer as 12 passas; vestir algo de determinada cor, etc.)
O que acha desta tradição de O MIRANTE assinalar cada aniversário pedindo aos seus leitores e anunciantes que partilhem as suas opiniões sobre um determinado tema?
É uma forma de proximidade aos leitores, muito interessante! Revela deferimento e respeito por quem, semana a semana, lê o jornal O MIRANTE, da primeira à última página, procurando notícias da sua região.
E que tema sugeria para o próximo?
Como não podemos ignorar os avanços tecnológicos que invadem as nossas vidas quase sem darmos por isso, propunha o seguinte tema: AI – desafios e oportunidades.
Diz-se que há quem tenha memória de elefante e quem tenha memória de galinha. Onde se coloca em termos de memória?
Tenho memória humana. O ser humano não lembra nem esquece tudo e é neste meio termo que me situo. Gosto de deixar no passado as memórias de acontecimentos nefastos, tirando destes ensinamentos para a vida, mas procurando não carregar o meu íntimo com uma negatividade que não me dará bem-estar.
Existindo boas e más memórias, guarda mais das primeiras ou das segundas?
Guardo sempre mais das boas memórias, sou muito optimista e vejo sempre o copo meio cheio. As boas memórias recordam dias felizes e a sua lembrança volta a trazer felicidade. Desta forma o passado aconchega-nos no presente.
Qual a melhor memória que guarda?
O momento em que fui mãe e olhei pela primeira vez para o meu filho.
E a pior?
Quando enfrentei uma situação de saúde que me deixou entre a vida e a morte, bem como todo o doloroso processo de recuperação.
Já lhe aconteceu estar com um amigo ou familiar que viveu um acontecimento consigo e que não recorda nada do que se passou, ou recorda-se dele de forma muito diferente?
Nunca vivi uma situação idêntica, contudo acho muito plausível que cada pessoa recorde algo de diversas formas pois tudo tem a ver com a percepção que se tem do momento e que é diferente de pessoa para pessoa.
Que acontecimentos considera memoráveis na vida da região?
Considero memorável a revolução de Abril. Enquanto portugueses mudou as nossas vidas, depois, como escalabitanos, é um grande orgulho podermos recordar Salgueiro Maia e todos os militares que deram um grande contributo a partir da Escola Prática de Cavalaria de Santarém. A nível local, na freguesia de Alcanede, o ano de 1993, foi de boa memória, por ser a data da construção da Escola Básica de Alcanede, permitindo que o acesso à educação fosse abrangente, sendo esta, também, uma conquista de Abril.
Se pudesse propor a construção de um memorial público seria dedicado a quê ou a quem?
Os memoriais são sempre construídos para figuras que se destacam por feitos que são do domínio público mas acho que há verdadeiras personagens anónimas que seriam muito merecedoras desta distinção! Dou como exemplo muitas crianças que contra tudo o que o seu destino lhes traça, são capazes de sorrir, travando uma luta pela sobrevivência sem igual, saindo alguns vencedores, mas, na maioria das vezes, vencidos pelo infortúnio do local onde nasceram. Mereciam sim um memorial, mais que não fosse para que cada um de nós, tivesse sempre presente esta dura realidade.
Diz-se muitas vezes que as pessoas em cargos políticos têm má memória. Considera que já tinham má memória antes ou é um problema provocado pelos cargos para os quais são nomeadas ou eleitas?
Penso que não têm má memória. Talvez seja uma forma de lidar com todas as circunstâncias com que se deparam diariamente. Quem desempenha cargos públicos nos tempos actuais tem uma missão deveras difícil.
Quer acrescentar algo?
Quero parabenizar o jornal O MIRANTE por mais um aniversário, fazendo votos de que continue a servir as regiões e seus habitantes por muitos e longos anos. Bem-haja!.

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