Especiais | 16-11-2024 17:00

As tradições são importantes na preservação da identidade mas não podem ser entrave ao desenvolvimento

As tradições são importantes na preservação da identidade mas não podem ser entrave ao desenvolvimento
ESPECIAL 37º ANIVERSÁRIO
Joaquim Catalão, presidente da Junta de Freguesia de Almeirim

Numas férias com um grupo de amigos fomos dar com um, que era sonâmbulo, na rua em nu total e, no outro dia, ele não se lembrava de nada. Foi um acontecimento muito caricato.

Diz-se que há quem tenha memória de elefante e quem tenha memória de galinha. Qual é o seu caso?
Estou mais próximo da memória de elefante. Enquanto estudante tinha uma grande capacidade de memorização das matérias dadas, e presentemente não esqueço facilmente os acontecimentos, as problemáticas e tudo o que me envolve. O meu problema é a minha fraca memória visual.
Existindo boas e más memórias, guarda mais das primeiras ou das segundas?
Guardo de ambas. Porque as boas memórias dão alegria, motivação e força e as más servem de aviso, alerta e lição.
Qual a sua melhor memória?
O nascimento dos meus filhos e, mais recente, o nascimento da minha neta.
E a pior memória?
O falecimento do meu irmão. Teve um AVC e aguardaram no hospital pela chegada dos irmãos para desligar as máquinas, foi terrível.
Já lhe aconteceu estar com um amigo ou familiar que viveu um acontecimento consigo e que não recorda nada do que se passou, ou recorda-se dele de forma muito diferente?
Já me aconteceu. Ainda muito jovem fui passar uns dias de férias à Nazaré com um grupo de amigos e um deles era sonâmbulo. Acordámos com o bater da porta do apartamento, fomos ver o que se passava e demos com o nosso amigo na rua em nu total. No outro dia ele não se lembrava de nada. Foi um acontecimento muito caricato.
Que acontecimentos considera memoráveis na vida da região?
O distrito de Santarém ter sido um ponto central na Revolução dos Cravos de 1974, com a coluna do capitão Salgueiro Maia a desempenhar um papel crucial na queda da ditadura do Estado Novo. As cheias devastadoras de 1979 e 1983, que causaram grandes danos a infraestruturas, agricultura e habitações e marcaram a vida de muitas pessoas. E a inauguração, em 2000, da Ponte Salgueiro Maia, que melhorou a mobilidade na região e reduziu significativamente o tráfego na velha Ponte D. Luís I.
Se pudesse propor a construção de um memorial público seria dedicado a quê ou a quem?
Um memorial denominado “Caminhos da Realeza e do Povo” representando o cruzamento entre a história real de Almeirim e acontecimentos marcantes durante a Idade Média e o Renascimento, e o papel do povo, desde os trabalhadores agrícolas até às tradições culturais como a gastronomia e a cultura vinícola.
Diz-se muitas vezes que as pessoas em cargos políticos têm má memória. Considera que já tinham má memória antes ou é um problema provocado pelos cargos para os quais são nomeadas ou eleitas?
Dizer-se que os políticos têm má memória é uma crítica ao facto de muitas vezes não manterem as suas promessas, especialmente quando lhes é conveniente ignorá-las.
Há quem seja defensor das tradições e há quem ache que as tradições são entraves ao desenvolvimento. O que pensa das tradições?
As tradições são importantes na preservação da identidade de um povo, pelo que devem ser mantidas e recordadas, mas não podem elas próprias serem um entrave ao desenvolvimento desse mesmo povo.
Há alguma tradição que tenha deixado de seguir?
Vestir roupa preta pela morte de um familiar. Enquanto vivos é que lhes devemos prestar toda a atenção e os cuidados que necessitam.
Qual a tradição que nunca deixará de respeitar?
Passar o Natal com a família.
O que acha desta tradição de O MIRANTE assinalar cada aniversário pedindo aos seus leitores e anunciantes que partilhem as suas opiniões sobre um determinado tema?
Acho que é uma boa ideia, porque permite conhecer mais um pouco de cada um de nós.
E que tema sugeria para o próximo?
O que podemos esperar do futuro.

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