Especiais | 16-11-2024 11:00

Memorável foi o período que passei com a tribo Yanomami onde aprendi os valores de uma vida ligada à natureza

Memorável foi o período que passei com a tribo Yanomami onde aprendi os valores de uma vida ligada à natureza
ESPECIAL 37º ANIVERSÁRIO
Simone Sequeira Lopes, gerente da Quinta Nere Maitia em Vale de Santarém

Alguns argumentam que o stress no mundo político transforma a memória dos políticos em queijos suíços, cheios de buracos. Bombardeados com informações e responsabilidades é natural que algumas promessas caiam por terra.

Qual a melhor memória que guarda?
Tenho muitas memórias consideradas as melhores em várias fases da minha vida As mais profundas começaram na minha infância como imigrante, aprendendo lições de vida com os meus pais trabalhadores. Valorizo também os momentos com o meu marido e as alegrias de ser mãe de duas filhas incríveis que ainda vivem nos EUA. Memorável foi o período que passei na Amazónia com a tribo Yanomami. Em pouco tempo aprendi a ver a vida através de uma perspectiva, profundamente conectada à natureza, à simplicidade e à comunidade, em contraste com os valores ocidentais.
E a pior?
Tenho duas memórias que impactaram profundamente a minha vida. Durante as minhas viagens vi a pobreza extrema, o que me fez valorizar as coisas simples que muitos tomam por garantidas: água, abrigo, comida e a chance de estudar e trabalhar. A segunda ocorreu em Dezembro de 2013 quando a nossa casa foi consumida pelo fogo. Felizmente, estávamos fora, mas a dor pela perda das memórias de infância das nossas filhas foi imensa. Essa experiência ensinou-me que, embora os bens materiais sejam substituíveis, a vida é inestimável, fortalecendo a resiliência da minha família e provando que podemos seguir em frente, ainda mais fortes, após perder tudo.
Já lhe aconteceu estar com um amigo ou familiar que viveu um acontecimento consigo e que não recorda nada do que se passou, ou recorda-se dele de forma muito diferente?
É fascinante como podemos compartilhar a mesma experiência e ter lembranças totalmente opostas. Estando com família e amigos num parque, na Venezuela, um deles decidiu escalar nas proximidades e algum tempo depois encontrei-o com um dedo indicador quase arrancado, embora ele insistisse que era apenas um corte. Conduzi rapidamente até à clínica mais próxima e após uma cirurgia bem-sucedida ele acordou em choque de se encontrar no hospital porque apenas se lembrou de ter dado um passeio tranquilo.
Que acontecimentos considera memoráveis na vida da região e porquê?
A mudança para Portugal não foi fácil, pois nunca havia vivido aqui a tempo inteiro e sabia pouco sobre Santarém e o Ribatejo. Como muitos sabem, mudar para um novo país traz desafios, desde a barreira linguística até diferenças culturais. Enfim, a nossa jornada começou com o apoio do jardineiro Rui e do empreiteiro Fernando, que nos ajudaram a enfrentar essas dificuldades. Com o tempo, começamos a sentir-nos em casa e a conectar-nos com pessoas maravilhosas.
Se pudesse propor a construção de um memorial público seria dedicado a quê ou a quem?
Dedicaria este memorial a todos os trabalhadores árduos cujos actos heróicos muitas vezes passam despercebidos, incluindo professores, canalizadores, voluntários, enfermeiros, agricultores e muitos outros.
As pessoas, quando eleitas para cargos políticos ficam com má memória?
Alguns argumentam que o stress no mundo político transforma a memória dos políticos em queijos suíços, cheios de buracos. Bombardeados com informações e responsabilidades é natural que algumas promessas caiam por terra.
O que pensa das tradições?
Em tempos de mudança, as tradições oferecem estabilidade e conforto, celebrando costumes e criando memórias duradouras. Manter tradições vivas torna a vida mais rica e fortalece a identidade e o bem-estar de cada um, de um povo, de um pais.
Qual a tradição que nunca deixará de respeitar?
O Dia de Acção de Graças é uma tradição que adoptei há 24 anos, quando minha família se mudou para o Arizona. A celebração, que remete ao banquete de 1621 entre nativos americanos e colonos europeus, tornou-se muito especial para nós, pois reunimos amigos de diversas origens em um ambiente de amizade e gratidão.
O que acha desta tradição de O MIRANTE assinalar cada aniversário pedindo aos seus leitores e anunciantes que partilhem as suas opiniões sobre um determinado tema?
Para mim, essa abordagem é brilhante, pois permite ouvir leitores e anunciantes, conectando-os.
Quer acrescentar algo?
Estou entusiasmada em aprofundar o meu conhecimento sobre Portugal para apresentar aos nossos futuros hóspedes e visitantes as vastas oportunidades turísticas que o país oferece, especialmente nas regiões interiores. Além disso, estou motivada a explorar como nossa empresa e eu podemos, a longo prazo, fazer uma diferença significativa em nossas comunidades locais.

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