Especiais | 16-11-2024 13:00

Não abdico de ler todos os dias, nem que seja uma página assim como escrever, nem que seja uma só linha

Não abdico de ler todos os dias, nem que seja uma página assim como escrever, nem que seja uma só linha
ESPECIAL 37º ANIVERSÁRIO
Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal do Sardoal

A inteligência artificial é algo que me preocupa e o que mais me preocupa é a minha escassa informação/conhecimento sobre algo que já está e vai estar ainda mais presente nas nossas vidas e, já agora, como é que tudo isto convive com as tradições.

Já lhe aconteceu estar com um amigo ou familiar que viveu um acontecimento consigo e que não recorda nada do que se passou, ou recorda-se dele de forma muito diferente?
Não tenho presente nenhum momento especial em que tenha acontecido, mas, é frequente, quando chega a hora de desfiar o novelo do tempo, irmos tropeçando com as memórias passadas. Conversas do tempo de escola, os namoros antigos, os concertos e o que por lá se passou, considero ter uma vida rica em memórias.
Que acontecimentos considera memoráveis na vida da região?
Não posso deixar de referir que os grandes incêndios estarão sempre nas minhas memórias no campo profissional, assim como as minhas três eleições para presidente de câmara.
Se pudesse propor a construção de um memorial público seria dedicado a quê ou a quem?
Guardo para esta resposta um dos acontecimentos mais importantes e que ficarão, de forma indelével, na memória de todos nós, o Covid-19. Seria dedicado a todos os que lutaram, a todos os que sofreram, a todos os que combateram neste período da nossa história recente.
Diz-se que há quem tenha memória de elefante e quem tenha memória de galinha. Onde se coloca em termos de memória?
Considero ter uma boa memória, não sei se de elefante, mas, até ao momento não me posso queixar. Pelo sim pelo não, sempre tive o hábito de apontar, de registar o que de mais importante me vai acontecendo, não vá um dia a memória me trair.
Diz-se muitas vezes que as pessoas em cargos políticos têm má memória. Considera que já tinham má memória antes ou é um problema provocado pelos cargos para as quais são nomeadas ou eleitas?
Não tenho esse problema, ou seja, não tenho má memória, portanto, não é possível servir-me dela, ou da falta dela para qualquer desculpa, para um qualquer aproveitamento.
Existindo boas e más memórias, guarda mais das primeiras ou das segundas?
Não consigo afirmar quais são as que guardo em maior número. A vida é feita de bons e maus momentos, de bons e maus acontecimentos e, são esses que nos ficam na memória. Crescemos, vivemos e vamos nos fortalecendo com todas as memórias. Todas são importantes por fazerem parte da nossa vida.
Qual a melhor memória que guarda?
Muitas felizmente. A que mais me marcou, e longínqua que é, foi o regresso do meu pai da guerra de África teria eu uns quatro anos. Ainda hoje permanece em mim com enorme clareza não só do lugar, mas toda a emoção que me rodeou quando o navio Vera Cruz entrou Tejo dentro.
E a pior?
Tenho algumas, reflectindo momentos difíceis da vida pessoal, daí não partilhar. As minhas desculpas.
O que pensa das tradições?
As tradições fazem parte da nossa memória colectiva. Todas devem ser registadas para memória futura o que não quer dizer que tenham, todas elas, de ser mantidas porque o mundo evolui, nós evoluímos e não podemos por em risco esta evolução por estarmos, de uma forma cega, agarrados a uma qualquer tradição.
Há alguma tradição que tenha deixado de seguir? E há alguma que já não faça sentido?
As minhas tradições, todas elas, são pacíficas, portanto, passíveis de dar continuidade. Lamento que a tradição da família se juntar regularmente à mesa comece a ser difícil conciliar e, quando acontece deixa de ser tradição passando a ser uma enorme festa.
Qual a tradição que nunca deixará de respeitar?
O sentarmo-nos todos (os que estão em casa) à mesa ao mesmo tempo para as refeições, é uma tradição da qual não abdico. Sou um chato nisso!
O que faz no seu dia-a-dia, apenas por uma questão de tradição?
Tenho alguns procedimentos diários que não atribuo a tradições, mas, com o passar do tempo talvez se possam considerar como tal. Não abdico de ler todos os dias, nem que seja uma página, assim como escrever, nem que seja uma única linha.
O que acha desta tradição de O MIRANTE assinalar cada aniversário pedindo aos seus leitores e anunciantes que partilhem as suas opiniões sobre um determinado tema?
É uma excelente tradição. Conhecermos diferentes opiniões, diferentes abordagens, será sempre bom.
E que tema sugeria para o próximo?
A inteligência artificial é um bom assunto seja qual for a sua abordagem. É algo que me preocupa e o que mais me preocupa é a minha escassa informação/conhecimento sobre algo que já está e vai estar ainda mais presente nas nossas vidas e, já agora, como é que tudo isto convive com as tradições.
Quer acrescentar algo?
Quero convidar-vos a visitarem um projecto do município de Sardoal “Arquivo da Memória no site https://www.memoria.cm-sardoal.pt/. Quero igualmente desejar longa vida ao jornal O MIRANTE.

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