Especiais | 17-11-2024 16:00

As crianças revelam grande sabedoria aos adultos que pensam que dominam tudo

As crianças revelam grande sabedoria aos adultos que pensam que dominam tudo
ESPECIAL 37º ANIVERSÁRIO
Ana Cristina Gaspar, directora do Colégio Jardinita em Alcanede

Considero memorável o facto de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, ter mandado construir, em Alcanede, o castelo que ainda cá temos. Quer queiramos ou não, está ali um pouco da nossa génese.

Há quem seja defensor das tradições e há quem ache que as tradições são entraves ao desenvolvimento. O que pensa das tradições?
As tradições fazem parte da essência humana e jamais poderão ser entraves ao desenvolvimento. Devem assumir o papel que ocupam e o ser humano, que tem capacidade para ser flexível, deve ser mais permeável à modernização, não esquecendo que o desenvolvimento é um processo contínuo que não pode ser ignorado, pois caso contrário não poderemos falar em desenvolvimento, mas talvez em milagre!
Qual a tradição que nunca deixará de respeitar?
A época Natalícia.
O que acha desta tradição de O MIRANTE assinalar cada aniversário pedindo aos seus leitores e anunciantes que partilhem as suas opiniões sobre um determinado tema?
É uma tradição muito actual. O mundo está sempre em transformação e é tradição nós fazermos parte do processo. Acho muito bem esta ideia do jornal. No fundo é um processo de leitura das mentalidades contemporâneas.
E que tema sugeria para o próximo?
A importância do auto-conhecimento.
Diz-se que há quem tenha memória de elefante e quem tenha memória de galinha. Onde se coloca em termos de memória e porquê?
Coloco-me no lugar do elefante. A vida é constituída por inúmeros momentos, fenómenos, memórias, projectos e circunstâncias que não podemos apagar ou esquecer, pertencem ao nosso passado e ao nosso futuro, constituem um percurso no seu todo! Para continuarmos a andar em frente é no meu entender muito importante que todas estas questões estejam muito bem arrumadinhas nas inúmeras gavetas do nosso cérebro e receio que apesar de se tratar de dois seres irracionais que não possuem os nossos dons, a avaliar pelo tamanho do crânio de cada um destes animais, a galinha talvez não tenha espaço para tantas gavetinhas.
Existindo boas e más memórias, guarda mais das primeiras ou das segundas?
A minha balança está equilibrada. É claro que existem “coisas” que gostaria que fossem diferentes porque no fundo todos pensamos no bem-estar geral e plenitude.
Qual a melhor memória que guarda?
O nascimento das minhas filhas.
E a pior?
A morte da minha gata.
Já lhe aconteceu estar com um amigo ou familiar que viveu um acontecimento consigo e que não recorda nada do que se passou, ou recorda-se dele de forma muito diferente?
Não é agradável. Se é ele que não se recorda, às páginas tantas já não sei se é ele que não se recorda se fui eu que sonhei! Se se recorda do acontecimento de uma forma muito diferente respeito, pois afinal de contas somos todos diferentes e todos temos formas diferentes de sentir e de estar perante o mesmo facto.
Que acontecimentos considera memoráveis na vida da região e porquê?
Considero memorável o facto de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, ter mandado construir, em Alcanede, o castelo que ainda cá temos. Quer queiramos ou não, está ali um pouco da nossa génese.
Se pudesse propor a construção de um memorial público seria dedicado a quem?
Seria dedicado às crianças. Não só porque são o futuro do amanhã, mas também porque na sua inocência revelam grande sabedoria aos adultos que pensam que tudo dominam.
Diz-se muitas vezes que as pessoas em cargos políticos têm má memória. Considera que já tinham má memória antes ou é um problema provocado pelos cargos para os quais são nomeadas ou eleitas?
Considero que os políticos não têm má memoria, mas que arranjaram um conjunto de problemas com os quais é extremamente difícil lidar, e fazem-no da melhor forma que conseguem, tornando a razão na maior parte das vezes opaca.

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