Especiais | 19-11-2024 09:00

Celebro o Natal que tem origem nas festas pagãs do solstício que simbolizavam a vitória da luz sobre a escuridão

Celebro o Natal que tem origem nas festas pagãs do solstício que simbolizavam a vitória da luz sobre a escuridão
ESPECIAL 37º ANIVERSÁRIO
Mário Ferreira, director do Agrupamento de Escolas de Golegã, Azinhaga e Pombalinho

Enquanto director de um agrupamento de escolas, a preservação das tradições é algo que está inscrito no meu projecto de intervenção ao ter adoptado como lema “Tradição e Inovação”. Numa sociedade que tende para uma globalização, a conjugação daqueles dois factores parece-me ser o garante de um futuro mais equilibrado.

Diz-se muitas vezes que as pessoas em cargos políticos têm má memória. Considera que já tinham má memória antes ou é um problema provocado pelos cargos para os quais são nomeadas ou eleitas?
Julgo que todos têm boa memória. O que acontece é que em certos momentos, quando lhes pode parecer conveniente, fingem não a ter. Mas esquecem-se que as populações que governam não são tão desmemoriadas quanto possam parecer. E são comportamentos como aqueles que muito têm contribuído para a descredibilização da classe política.
Que acontecimentos considera memoráveis na vida da região?
A progressiva melhoria da rede de estradas que favoreceram grandemente a nossa comunicação com outras regiões: primeiro a A1, depois a A23 (antigo IP6) e, mais recentemente, a A10 e a A13 (ainda por concluir). Só lamento que os sucessivos governos não tenham apostado da mesma forma na ferrovia.
Já lhe aconteceu estar com um amigo ou familiar que viveu um acontecimento consigo e que não recorda nada do que se passou, ou recorda-se dele de forma muito diferente?
O que difere, sobretudo, é a forma como cada um de nós guarda na memória determinados acontecimentos, pois vivemo-los de forma diferente. Pela sua individualidade é normal cada um valorizar aspectos que para si tenham maior significado. E ao recordar o mesmo acontecimento, essas diferenças acabam sempre por sobressair entre os vários intervenientes.
Diz-se que há quem tenha memória de elefante e quem tenha memória de galinha. Onde se coloca em termos de memória e porquê?
Enquanto cidadão, mas também como professor de História, não posso deixar de considerar a memória como algo estruturante e definidor de qualquer comunidade. Por isso, procuro manter uma memória pessoal que perpetue acontecimentos, pessoas, valores e princípios que considero fundamentais e que me ajudam na tomada de decisões e na realização de algumas acções. Sem memória não há História e sem História e a sua inteira compreensão dificilmente haverá um futuro equilibrado para todos. Assim, procuro colocar-me o mais próximo possível da memória de elefante.
Existindo boas e más memórias, guarda mais das primeiras ou das segundas? Gostaria que fosse diferente?
Felizmente, comparando os grupos das boas e das más memórias, o primeiro é muitíssimo maior do que o segundo. Assim, não só por isso, mas também porque mesmo os acontecimentos menos bons nos proporcionam momentos de grande aprendizagem, não mexeria nesse balanço.
Qual a melhor memória que guarda?
Não existe a melhor. Perduram, sim, um grupo de memórias, de diferentes épocas da vida, que constituem as que considero as melhores. Entre elas não poderiam faltar as da infância, primeiro vivida em Moçambique e depois em Portugal, apesar de, nesta mudança, ter lidado com os constrangimentos que todos conhecemos. O nascimento do meu filho constitui, sem dúvida, uma das minhas melhores memórias.
E a pior?
Também não destacando nenhuma, o grupo das piores prende-se indiscutivelmente com os sucessivos desaparecimentos de pessoas que foram fundamentais na minha vida: os meus pais, familiares e amigos, de variadas idades, que me ajudaram a estruturar enquanto pessoa.
Se pudesse propor a construção de um memorial público seria dedicado a quê ou a quem?
Existe em Abrantes um monumento dedicado à comunidade abrantina, cujo conceito poderia ser reproduzido noutros municípios. É sempre importante valorizar o esforço de todos na construção diária das comunidades em que nos inserimos.
O que pensa das tradições?
As tradições são fundamentais para uma comunidade, pois são um dos elementos que ajuda a preservar a sua identidade. Enquanto director de um agrupamento de escolas, essa preservação das tradições é algo que está inscrito no meu projecto de intervenção, ao ter adoptado como lema “Tradição e Inovação”. E isso porque entendo que numa sociedade que tende para uma globalização, em certos casos até perigosa, a conjugação daqueles dois factores parece-me ser o garante de um futuro mais equilibrado.
Qual a tradição que nunca deixará de respeitar?
A da comemoração do Natal, que considero a melhor época do ano. Esta quadra festiva tem origem nas festividades pagãs do solstício de Inverno que simbolizavam a vitória da luz sobre a escuridão. Com a sua apropriação pelos cristãos, ela passa a comemorar o nascimento de Cristo. Contudo, mantém-se como um momento de renovação e de esperança. Ela marca o início de um novo ciclo que se pretende sempre melhor que o anterior.
O que acha desta tradição de O MIRANTE assinalar cada aniversário pedindo aos seus leitores e anunciantes que partilhem as suas opiniões sobre um determinado tema?
Constitui, precisamente, um exemplo de uma tradição que fortalece a comunidade constituída pelo jornal e os seus assinantes e leitores, pois é uma forma de reconhecimento da importância destes últimos para o jornal.

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