Especiais | 19-11-2024 13:00

Não guardo rancores a nada nem a ninguém mas também não sofro de amnésia

Não guardo rancores a nada nem a ninguém mas também não sofro de amnésia
ESPECIAL 37º ANIVERSÁRIO
Luís Filipe Dias, presidente da Câmara Municipal de Rio Maior

Sou uma pessoa que, regra geral, é bem disposta. Sempre fui assim. Tenho muitos momentos vividos nas mais robustas amizades. Por norma, lembramo-nos todos muito bem do que vivemos. Nem tudo do que nos recordamos pode ser escrito.

Que acontecimentos considera memoráveis na vida da região e porquê?
Bem, existiram grandes conquistas para a região que não pude experienciar pelo simples facto de terem acontecido antes de ter nascido. O papel de toda a região de Santarém e do concelho de Rio Maior, em particular na defesa da democracia, é um acontecimento (ou uma sucessão de acontecimentos) que deveria ser estudado nas escolas.
Se pudesse propor a construção de um memorial público seria dedicado a quê ou a quem?
Seria dedicado à democracia e aos valores. Nos dias que vivemos estão ambos ameaçados como nunca.
Diz-se muitas vezes que as pessoas em cargos políticos têm má memória. Considera que já tinham má memória antes ou é um problema provocado pelos cargos para os quais são nomeadas ou eleitas?
Não concordo com a afirmação. Costumo dizer que não guardo rancores a nada nem a ninguém, mas que também não sofro de amnésia. Um político, ou qualquer profissional de qualquer outra área, que prime pela verticalidade e honestidade, não sofrerá de lapsos de memória relativamente a tudo o que é mesmo importante. O que não é importante, é obviamente para apagar.
Há quem tenha memória de elefante e quem tenha memória de galinha. Onde se coloca em termos de memória?
Creio que num misto entre a galinha e o elefante. Não tenho capacidade de me recordar das coisas mais triviais da vida, tendo uma memória de elefante dos factos mais importantes. No fundo creio que somos todos assim.
Já lhe aconteceu estar com um amigo ou familiar que viveu um acontecimento consigo e que não recorda nada do que se passou, ou recorda-se dele de forma muito diferente?
Sou uma pessoa que, regra geral, é bem disposta. Sempre fui assim. Tenho muitos momentos vividos nas mais robustas amizades, mas por norma, lembramo-nos todos muito bem do que vivemos. Nem tudo do que nos recordamos pode ser escrito.
Existindo boas e más memórias, guarda mais das primeiras ou das segundas?
Tento guardar mais das primeiras, mas a verdade é que os momentos mais difíceis tendem a ficar gravados de forma muito profunda.
Qual a melhor memória que guarda?
Várias, na sua esmagadora maioria relacionadas com pessoas que me são próximas. As filhas, as suas conquistas e desafios superados são das melhores memórias que tenho.
E a pior?
Momentos de perda… de pessoas muito queridas.
O que pensa das tradições?
As tradições, os hábitos e os costumes, são aquilo que nos define como povo. Mantêm vivas para as gerações vindouras as motivações, as escolhas e o ‘modus vivendi’ dos nossos antepassados. Conhecer o passado permite-nos conhecer e compreender o presente, e só assim é possível projectar de forma sustentada o futuro.
Há alguma tradição que tenha deixado de seguir? E há alguma que já não faça sentido?
Creio que mantenho as tradições que a minha família me passou. As tradições, desde que respeitem a história e as comunidades que as desenvolveram, fazem sempre sentido.
Qual a tradição que nunca deixará de respeitar?
Os raros momentos vividos em família, as épocas festivas.
O que acha desta tradição de O MIRANTE assinalar cada aniversário pedindo aos seus leitores e anunciantes que partilhem as suas opiniões sobre um determinado tema?
Acho fantástico, permite-nos a todos conhecer um lado mais pessoal dos leitores e de algumas figuras públicas.
E que tema sugeria para o próximo?
Os amores e desamores pelas terras que viram nascer os leitores d’O MIRANTE. Uma compilação de opiniões dos vários concelhos, cidades, vilas e aldeias da nossa região.
Quer acrescentar algo?
Sim. Desafiar todos os nossos leitores a assinalarem, respeitarem e promoverem aquilo que nos torna únicos enquanto povo. Um povo sem passado será sempre um povo sem raízes e à deriva e nós, nesta região, temos tanto de que nos orgulhar.

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