Rodoviária do Tejo: um século de actividade a contribuir para o desenvolvimento das regiões
A Administradora, Sónia Ferreira, aponta constrangimentos à actividade da empresa, sendo os mais graves da responsabilidade do Estado
A Rodoviária do Tejo, SA, com sede em Torres Novas é uma empresa histórica, com mais de um século de actividade a operar no transporte de passageiros e a contribuir para o desenvolvimento das regiões onde opera.
A empresa teve a sua origem na empresa Claras, que fazia transporte de passageiros desde o século XIX. Em 1975, na altura da sua nacionalização e integração na Rodoviária Nacional, tinha 2004 colaboradores e uma frota de 499 autocarros.
Com a alteração da natureza jurídica da RN-EP em 1990, foi criada a Rodoviária do Tejo, S.A., com sede em Torres Novas, privatizada através de Oferta Pública de Venda, em 1993, constituindo-se a actual empresa que, como Grupo, agrega um conjunto de empresas participadas, nomeadamente: RDO Rodoviária do Oeste, RDL Rodoviária do Lis (I e II), RMTejo e Rodoleziria.
O slogan utilizado na comunicação da empresa tem sido “ligamos pessoas”, sendo que actualmente tem sido adaptado e utilizado de forma a consolidar a presença e legado do grupo nas várias regiões em que se insere, com a frase “há mais de 100 anos a ligar pessoas”.
Através das suas empresas criadas especificamente para o efeito, tem como principal segmento de negócio o serviço público de transporte com operação nas regiões da Lezíria do Tejo, do Médio Tejo, do Oeste, de Leiria e de Coimbra. Neste segmento tem dois tipos diferenciados de clientes: os passageiros que utilizam o serviço (regulares e ocasionais) e as Instituições que os contratam (CIM’s e municípios).
Num segundo segmento, Rodoviária do Tejo, SA opera no mercado de Expressos onde pode executar linhas para todo o território nacional, com clientes muitos diferenciados que podem incluir as linhas de Serviço Internacional, com carreiras regulares para várias cidades europeias. E tem serviços de alugueres/turismo, em que é possível fazer o aluguer de uma viatura para serviços ocasionais em todo o território nacional e também no estrangeiro.
A Rodoviária do Tejo, no conjunto das empresas do grupo, tem ao seu serviço 850 trabalhadores. As maiores dificuldades na contratação são ao nível de motoristas e pessoal de manutenção, tendo, nos tempos mais recentes, recorrido a recrutamento no estrangeiro, nomeadamente no Brasil e Cabo Verde.
A actual administradora, Sónia Ferreira, que entrou na empresa em 1998 como contabilista, refere que a cultura da empresa e o ambiente que se vive em cada local e em cada equipa, sempre foi importante para quem lá trabalha, para além do salários, benefícios e condições de trabalho. E lamenta que nos últimos anos, devido ao tumulto que tem sido a actividade e aos inúmeros desafios de mudança não tenha sido possível promover as acções desejáveis nesse âmbito.
Sónia Ferreira menciona também os inúmeros constrangimentos que afectam a actividade da empresa, a começar pelos de tesouraria, decorrentes das medidas de redução tarifária determinadas pelo Estado Central e pelas Autoridades de Transporte, cujos reembolsos aos operadores de transportes ocorrem com enormes atrasos."Temos situações em que estamos quase no final do ano e ainda não recebemos as verbas do primeiro trimestre deste ano", sublinha.
Outro constrangimento, que classifica também como "gravíssimo" e susceptível de colocar em risco a sustentabilidade das empresas, é a forma como foram realizados os cadernos de encargos de alguns concursos, não acautelando a viabilidade económico-financeira do serviço, cuja responsabilidade, sublinha, "é claramente do Estado, seja a nível central seja a nível local."
A dificuldade em recrutar motoristas, a dificuldade de resposta do mercado na aquisição de frota, o custo do gasóleo e o aumento do custo das matérias-primas no geral, bem como a falta de capacidade de resposta dos fornecedores de IT (Tecnologias de Informação), são outros constrangimentos à actividade da Rodoviária do Tejo, identificados pela administradora. "Temos sido confrontados com a necessidade de alterar drasticamente, de um dia para o outro, os nossos sistemas (exemplo bilhética). Os fornecedores desta área de negócio são poucos e sem capacidade de resposta para todas as solicitações que ocorrem em todo o país", vinca.