Couro Azul já revestiu milhões de volantes de prestigiadas marcas de carros
A Couro Azul anda há três décadas ao volante de muitas prestigiadas marcas de automóveis. Criada em 1989 no seio do Grupo Carvalhos, a empresa de curtumes da Gouxaria, Alcanena, nasceu vocacionada para o ramo automóvel, produzindo couro tratado e cortado para volantes. Entretanto começou também a fornecer artigos para comboios e aviões e mais de 90% do volume de negócios é para o mercado externo.
Porsche, Volvo, Mercedes, Volkswagen, Renault, TAP, Iberia ou CP são algumas das marcas e empresas que utilizam o couro produzido na Couro Azul para revestir volantes, bancos, painéis de portas ou tabliês. O primeiro grande negócio foi para a Volkswagen, em 1994, tendo fornecido couro para mais de 3 milhões de volantes só para o modelo Golf IV. Já revestiu cerca de 56 milhões de volantes e o sucesso na indústria automóvel conduziu a empresa de tratamento e corte de peles noutras direcções, passando os seus produtos a estar também presentes em comboios e aviões.
A empresa de base familiar nasceu em 1989 no seio do Grupo Carvalhos, fundado em 1939 por António Nunes Carvalho, referência na indústria de curtumes de Alcanena. O legado foi seguido por filhos, netos e bisnetos, geração após geração. O actual presidente do conselho de administração é Pedro Carvalho, neto do fundador. A Couro Azul tem sede e instalações na Gouxaria e foi criada para o fornecimento de couro para o sector automóvel, numa diversificação do negócio então implementada pelo Grupo Carvalhos.
A empresa emprega actualmente cerca de 600 trabalhadores e grande parte da sua facturação resulta das exportações para diversos mercados, sobretudo europeus. Em 2023, o volume de negócios rondou os 77 milhões de euros, sendo 94% para o mercado externo, sobretudo europeu, registando-se um crescimento de 3% face ao ano anterior. Para este ano perspectiva-se um aumento na mesma ordem de grandeza. A fábrica trabalha 24 horas por dia nalgumas secções.
A inovação e a redução do passivo ambiental no processo de fabrico têm sido constantes ao longo do percurso de 35 anos, como destacam Pedro Carvalho e o seu primo António Carvalho, administrador e técnico da Couro Azul. A empresa distingue-se por já não usar crómio no processo industrial há duas décadas e por apostar em produtos bioquímicos para transformação e tratamento das peles, estando a ganhar terreno a curtimenta vegetal, um método ancestral e mais amigo do ambiente.
A missão da Couro Azul passa por aproveitar um subproduto da carne bovina, que é o couro, e fazer dessa matéria-prima um produto nobre. O processo industrial é hoje muito mais limpo, com menos carga química e de resíduos, graças à aposta realizada em tecnologia e inovação. O investimento de milhões de euros nos últimos anos em novas e modelares instalações e na unidade de tratamento de efluentes é exemplo da preocupação em acompanhar a evolução dos tempos. A Couro Azul consome hoje muito menos água no processo industrial e, de todo o material usado, apenas 1% não tem aproveitamento. As aparas, por exemplo, servem hoje para fazer adubo orgânico.
A empresa da família Carvalho trabalha para criar artigos intemporais, sendo fiel às origens, realçando nos seus produtos a estética e elegância do couro. Ao longo dos 35 anos de existência, a Couro Azul tem sido distinguida com vários prémios e galardões nacionais e internacionais, como o Prémio Anual de Inovação na feira de Xangai, em 2014, ou o de Empresa com o Maior Crescimento na Indústria Nacional, em 2015.
Uma empresa exportadora à procura de novos mercados
A Couro Azul é uma empresa de base familiar em que todos os accionistas pertencem à família Carvalho, descendentes do criador do negócio, António Nunes Carvalho, que dá nome a outra fábrica de curtumes do grupo. Actualmente trabalham no grupo netos e bisnetos do fundador. O presidente do conselho de administração, Pedro Carvalho, não esconde o orgulho na base familiar da empresa e garante que o negócio vai continuar a ser liderado pelo clã Carvalho.
O administrador admite que continua a ser difícil recrutar mão-de-obra especializada na zona, pelo que alguns dos quadros vêm de outros concelhos, como Santarém, Cartaxo, Leiria, Abrantes ou Tomar. Com uma produção sobretudo destinada ao mercado europeu, a Couro Azul pretende chegar a novos mercados, nomeadamente no extremo Oriente e na América do Norte, reforçar as vendas para as indústrias aeronáutica e ferroviária e apostar nos subprodutos permitem um aproveitamento quase integral da matéria-prima.
A Couro Azul tem-se tornado uma das indústrias de curtumes mais inovadoras do mercado, celebrando diversos protocolos com universidades, centros de investigação e empresas de produtos químicos. Colabora também com diversos fabricantes no desenvolvimento de projectos pioneiros, como é o caso do interior de avião Life Project, que recebeu o prémio Crystal Cabin. Foi a primeira empresa portuguesa do sector dos curtumes a obter a Certificação de Qualidade ASO 9002.