Especiais | 15-12-2024 19:00

Da Castanheira do Ribatejo saem toneladas de concentrado de tomate para fazer sumo no Japão

Da Castanheira do Ribatejo saem toneladas de concentrado de tomate para fazer sumo no Japão
PRÉMIO EMPRESA DO ANO
Shugo Yuasa é o administrador da Italagro da Castanheira do Ribatejo

A Italagro é uma empresa com uma experiência que remonta a 1957 quando foi instalada a fábrica em Castanheira do Ribatejo, que hoje pertence ao gigante japonês Kagome, presente em 40 países. Ao longo dos últimos anos têm sido feitos investimentos para garantir a frescura e a autenticidade dos produtos, que são apreciados em vários países. Não é por acaso que há anos que a cadeia McDonald´s em Portugal prefere o ketchup da empresa.

A insolvência da Parmalat acabou por constituir uma oportunidade no sector do processamento de tomate. A fábrica da empresa italiana em Castanheira do Ribatejo foi comprada pelo grupo HIT que beneficia desde 2012 da experiência e solidez do gigante japonês Kagome, presente em 40 países, que detém perto de 70 por cento da empresa. A Italagro é hoje uma empresa de renome internacional e que se prepara para ter uma administração portuguesa, para uma maior solidez nos negócios, até porque uma das dificuldades do administrador japonês Shugo Yuasa é a língua portuguesa, apesar de se sentir bem acolhido em Portugal.
A Italagro é especialista em processamento de tomate, reconhecida pela sua eficiência e qualidade ao ponto de ser há anos a preferida pela McDonald´s para fornecer o ketchup nos seus restaurantes. Shugo Yuasa reconhece que o tomate português tem características especiais, sobretudo porque é mais doce, o que faz com seja apreciado no mercado japonês onde há um grande consumo de sumo de tomate, por exemplo em latas como os refrigerantes que existem no mercado português. A empresa exporta toneladas de concentrado para ser transformado em sumo, mas também para outras utilizações como na culinária.
Shugo Yuasa, que também já esteve em Itália onde a Kagome tem também uma fábrica, mas na área dos vegetais, está há seis anos em Portugal onde, diz, há muitas empresas com capitais estrangeiros, algumas com influência japonesa, o que facilita as relações empresariais. Na fábrica da Castanheira do Ribatejo a língua inglesa está tão presente quanto a portuguesa. O CEO do grupo HIT, fundado em 2007, diz que Portugal é um país de “bom tomate, boas pessoas e boa vida”.
A fábrica está dotada de moderna tecnologia para garantir a autenticidade do tomate e valorizar a sua frescura, com especial atenção pela sustentabilidade ambiental. Desde 2020 que tem um plano ainda mais ambicioso de redução das emissões de CO2 e redução da utilização da água em 20% até 2030. Desde 2018 que também trabalha na redução dos desperdícios que deve atingir os 50% daqui por seis anos. Cerca de 97 por cento da produção da Italagro é para exportação.
O nome Kagome em japonês significa cesto, como os cestos de vime existentes em Portugal, para transportar os produtos agrícolas. Shugo Yuasa diz que a Italagro e o grupo tem uma concorrência saudável com as empresas do mesmo sector e revela que está a ser desenvolvida uma estratégia de expandir a exportação para o Médio Oriente, onde se assiste a um crescimento social e económico sobretudo nos sectores da restauração e hotelaria. Realça ainda que uma das vantagens da Italagro é que a relação do preço e qualidade do tomate é competitivo.
Shugo Yuasa, que considera que a economia portuguesa depende muito da Natureza e que devia apostar mais nas indústrias tecnológicas, salienta que uma das dificuldades das empresas em Portugal é a rigidez do Código do Trabalho. O administrador sugere que devia haver mais flexibilidade para empresas como a Italagro que precisam de mão-de-obra sazonal, na altura das campanhas. Há alguns anos que a empresa tem a trabalhar na altura em que está a receber tomate para transformação alunos universitários, sobretudo na área da agronomia. Mas é difícil contratar porque “no Verão as pessoas querem ir para a praia” e é necessário recorrer a mão-de-obra estrangeira de países como India, Paquistão ou Bangladesh.

Investimento de 20 milhões em tecnologia na fábrica

A fábrica da Italagro em Castanheira do Ribatejo recebeu nos últimos três anos um investimento em tecnologia na casa dos 20 milhões de euros, com vista a aumentar as características de frescura e autenticidade do tomate que transforma. A fábrica foi instalada em 1957 pela família Costa Braga que fundou a FIT – Fomento da Indústria de Tomate. Em 1992 passou para a Parmalat e sete anos depois é adquirida pela Italagro, passando a fazer parte do Grupo HIT em 2007, que cinco anos depois passa a ser maioritariamente da Kagome.
A Italagro tem 200 dos 270 funcionários do grupo que tem outra fábrica em Águas de Moura. A fábrica da Castanheira do Ribatejo tem capacidade para transformar cinco mil toneladas de tomate por dia e as duas juntas conseguem processar 510 mil toneladas anualmente. Ambas facturam cerca de 140 milhões de euros anualmente. No grupo Kagome, que tem unidades na Índia, Itália, Austrália e Estados Unidos da América, o volume de negócios é de dois biliões.

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