Da Castanheira do Ribatejo saem toneladas de concentrado de tomate para fazer sumo no Japão
A Italagro é uma empresa com uma experiência que remonta a 1957 quando foi instalada a fábrica em Castanheira do Ribatejo, que hoje pertence ao gigante japonês Kagome, presente em 40 países. Ao longo dos últimos anos têm sido feitos investimentos para garantir a frescura e a autenticidade dos produtos, que são apreciados em vários países. Não é por acaso que há anos que a cadeia McDonald´s em Portugal prefere o ketchup da empresa.
A insolvência da Parmalat acabou por constituir uma oportunidade no sector do processamento de tomate. A fábrica da empresa italiana em Castanheira do Ribatejo foi comprada pelo grupo HIT que beneficia desde 2012 da experiência e solidez do gigante japonês Kagome, presente em 40 países, que detém perto de 70 por cento da empresa. A Italagro é hoje uma empresa de renome internacional e que se prepara para ter uma administração portuguesa, para uma maior solidez nos negócios, até porque uma das dificuldades do administrador japonês Shugo Yuasa é a língua portuguesa, apesar de se sentir bem acolhido em Portugal.
A Italagro é especialista em processamento de tomate, reconhecida pela sua eficiência e qualidade ao ponto de ser há anos a preferida pela McDonald´s para fornecer o ketchup nos seus restaurantes. Shugo Yuasa reconhece que o tomate português tem características especiais, sobretudo porque é mais doce, o que faz com seja apreciado no mercado japonês onde há um grande consumo de sumo de tomate, por exemplo em latas como os refrigerantes que existem no mercado português. A empresa exporta toneladas de concentrado para ser transformado em sumo, mas também para outras utilizações como na culinária.
Shugo Yuasa, que também já esteve em Itália onde a Kagome tem também uma fábrica, mas na área dos vegetais, está há seis anos em Portugal onde, diz, há muitas empresas com capitais estrangeiros, algumas com influência japonesa, o que facilita as relações empresariais. Na fábrica da Castanheira do Ribatejo a língua inglesa está tão presente quanto a portuguesa. O CEO do grupo HIT, fundado em 2007, diz que Portugal é um país de “bom tomate, boas pessoas e boa vida”.
A fábrica está dotada de moderna tecnologia para garantir a autenticidade do tomate e valorizar a sua frescura, com especial atenção pela sustentabilidade ambiental. Desde 2020 que tem um plano ainda mais ambicioso de redução das emissões de CO2 e redução da utilização da água em 20% até 2030. Desde 2018 que também trabalha na redução dos desperdícios que deve atingir os 50% daqui por seis anos. Cerca de 97 por cento da produção da Italagro é para exportação.
O nome Kagome em japonês significa cesto, como os cestos de vime existentes em Portugal, para transportar os produtos agrícolas. Shugo Yuasa diz que a Italagro e o grupo tem uma concorrência saudável com as empresas do mesmo sector e revela que está a ser desenvolvida uma estratégia de expandir a exportação para o Médio Oriente, onde se assiste a um crescimento social e económico sobretudo nos sectores da restauração e hotelaria. Realça ainda que uma das vantagens da Italagro é que a relação do preço e qualidade do tomate é competitivo.
Shugo Yuasa, que considera que a economia portuguesa depende muito da Natureza e que devia apostar mais nas indústrias tecnológicas, salienta que uma das dificuldades das empresas em Portugal é a rigidez do Código do Trabalho. O administrador sugere que devia haver mais flexibilidade para empresas como a Italagro que precisam de mão-de-obra sazonal, na altura das campanhas. Há alguns anos que a empresa tem a trabalhar na altura em que está a receber tomate para transformação alunos universitários, sobretudo na área da agronomia. Mas é difícil contratar porque “no Verão as pessoas querem ir para a praia” e é necessário recorrer a mão-de-obra estrangeira de países como India, Paquistão ou Bangladesh.
Investimento de 20 milhões em tecnologia na fábrica
A fábrica da Italagro em Castanheira do Ribatejo recebeu nos últimos três anos um investimento em tecnologia na casa dos 20 milhões de euros, com vista a aumentar as características de frescura e autenticidade do tomate que transforma. A fábrica foi instalada em 1957 pela família Costa Braga que fundou a FIT – Fomento da Indústria de Tomate. Em 1992 passou para a Parmalat e sete anos depois é adquirida pela Italagro, passando a fazer parte do Grupo HIT em 2007, que cinco anos depois passa a ser maioritariamente da Kagome.
A Italagro tem 200 dos 270 funcionários do grupo que tem outra fábrica em Águas de Moura. A fábrica da Castanheira do Ribatejo tem capacidade para transformar cinco mil toneladas de tomate por dia e as duas juntas conseguem processar 510 mil toneladas anualmente. Ambas facturam cerca de 140 milhões de euros anualmente. No grupo Kagome, que tem unidades na Índia, Itália, Austrália e Estados Unidos da América, o volume de negócios é de dois biliões.