Margarida Corceiro: “sou uma pessoa igual às outras que também faz asneiras e tem os seus problemas”

Personalidade do Ano Excelência - Margarida Corceiro
Margarida Corceiro é uma das mulheres mais bonitas e influentes do país, mas o estatuto que conquistou em pouco mais de seis anos de carreira como modelo e actriz não a fez perder os princípios e os valores da sua família. Aos 22 anos tem uma legião de fãs e é vista como uma referência para milhares de pessoas. Foi em Santarém que tudo começou, cidade onde nasceu e cresceu e que continua a visitar pelo menos uma vez por mês.
Ainda conta as horas que dorme por noite?
Esta noite devo ter dormido seis horas. Se for menos que isso já sei que o dia me vai correr mal. Os meus dias são todos diferentes. Hoje, por acaso, tive um bocadinho mais de sorte. Normalmente começamos a gravar por volta das 08h00 e acabamos às 19h00.
Qual foi a viagem mais marcante que fez?
Fiz uma viagem de duas semanas com os meus pais e com a minha irmã Beatriz. Foi depois de gravar uma novela. A última antes desta que estou a fazer. Fomos a Singapura e à Malásia. Foi uma viagem muito rica e deu mesmo para desligar e aproveitar tempo precioso que não tenho tido com a minha família. Todos nós trabalhamos muito e falta tempo para estarmos uns com os outros.
Como é estar constantemente a ser observada?
O meu trabalho traz-me uma enorme exposição, o que não é mau. Adoro receber o carinho das pessoas na rua. É importante termos feedback do nosso trabalho, mas reconheço que às vezes apetece-me estar mais resguardada. Por exemplo, se estou a almoçar fora com a minha família, prefiro que não fiquem a olhar porque todos gostamos de ter momentos só nossos. Mas a minha vida privada gera muita curiosidade e já estou habituada.
Tem amigos com quem fala sobre problemas mais delicados, como por exemplo o assédio?
Sinceramente não me sinto assim tão assediada para isso ser um tema que tenha de falar com os meus amigos. Se calhar sou um bocadinho ingénua e às vezes não percebo bem certos comportamentos, mas não é um peso que carregue no meu dia-a-dia. O assédio é um assunto muito importante e existe, mas não sinto que seja um problema que me afecte.
A idade é um posto ou ainda é uma dificuldade no meio artístico?
Nunca me senti excluída seja do que for por ser jovem. É tão bom ser jovem. É tão bom ter ainda tantos anos para aprender e para melhorar. Não acho, de todo, que a idade seja um entrave. Até vejo pelo lado positivo. Sou tão nova e tenho tanto tempo para viver.
Aprende com os mais velhos?
Sem dúvida, desde o início da minha carreira. Um dos grandes benefícios de fazer novela, para além de ganhar estaleca por gravarmos muitas cenas e memorizarmos muitos textos é o facto de convivermos com muitos “tubarões” da representação. Já me cruzei com pessoas com histórias incríveis. O primeiro nome que me vem à cabeça é o Diogo Infante. Já aprendi tanto com o Diogo Infante. Actualmente sou filha dele numa novela, mas já fui par romântico dele e isso foi um desafio gigante. É um privilégio aprender com quem anda nesta vida há muitos anos.
Tem muitos amigos?
Tenho muitos colegas porque nós, como actores, cruzamo-nos e conhecemos muitas pessoas. Há colegas que depois passam a ser amigos que sei que vou levar para a vida. Também tenho os meus amigos que não fazem parte do meio. Felizmente tenho muitas e boas amizades.
Quem é o seu amparo na vida louca de andar de cenário em cenário, de estúdio em estúdio, de país em país?
A minha família e a minha agente Beatriz Alves que trata de todas as minhas dores de cabeça (risos).
Alguma vez na sua adolescência sonhou ser a mulher mais influente em Portugal?
Nunca. Deus me livre! Isso acabou por acontecer. Esta influência e estes holofotes todos à minha volta acabaram por acontecer de forma muito natural. Nunca trabalho à procura dessa influência. Se calhar o facto do meu conteúdo ser tão orgânico e próximo do público faz com que as pessoas se identifiquem. Sou uma miúda absolutamente normal, com uma vida um bocadinho diferente, mas considero-me igual a toda a gente. Não quero nada que olhem para mim como a grande referência, porque continuo a fazer as asneiras normais de uma miúda de 22 anos. É um bocadinho assustador pensar que alguém me vê como essa referência.
Como é que se mantêm os pés assentes na terra?
Não é um exercício que faço. Nunca me deslumbrei. Mas percebo a facilidade com que algumas pessoas se deslumbram neste meio. Não preciso de andar a dizer para mim mesma ‘Ok, Margarida, desce à Terra’. Não. Estou na Terra e não vou a lado nenhum.
Quais as diferenças entre a Magui dos ecrãs e a da vida real?
Obviamente que no meu dia-a-dia não ando sempre de vestido comprido, não estou sempre com uma mega maquilhagem e um cabelo sempre arranjado. Costumo desabafar com os meus seguidores sobre a minha vida. Nunca escondi o lado real por trás dos holofotes. Não há duas margaridas, ok?
A representação dá-lhe bagagem suficiente para não se sentir obrigada a ler os grandes clássicos da literatura?
Há grandes clássicos, no cinema ou na literatura, que sinto que faz todo o sentido assistir ou ler. Mas a verdade é que a representação dá-nos uma bagagem e uma estaleca imensa.
Tem a sorte de conviver com muitos outros artistas e desportistas que estão na berra. Quando está com eles, falam do quê?
Tento falar o mínimo de trabalho. As pessoas que não trabalham no meio idolatram muita gente e idealizam as coisas, muitas vezes, de uma forma exagerada. As pessoas que vemos na televisão são absolutamente normais. Têm os mesmos problemas. Não há esse brilho todo que muitas vezes é passado cá para fora. A máquina da roupa também se estraga, também há dores de barriga e dias menos bons.
Quem a ajuda quando tem problemas desses para resolver?
O meu pai. Ainda há pouco tempo fiquei com o lavatório da casa-de-banho entupido e lá foi ele resolver o problema. Qualquer problema que tenha em casa é o meu pai que resolve.
Quem não sabe não imagina o trabalho que tem para ter o sucesso que lhe é reconhecido. E tempo para namorar?
Há sempre tempo. Agora realmente estou mesmo muito ocupada. Mas para o lado pessoal há sempre tempo. Não sou escrava do meu trabalho.
Novela, teatro, cinema, publicidade. O que a obriga a dividir mais o seu tempo?
A novela. Por exemplo, gravei uma série em Espanha no ano passado. Foram quatro meses de gravações para seis episódios. Estou a gravar uma novela de 10 meses mais ou menos e são 220 episódios. Dá para perceber a diferença. Na novela temos muito pouco tempo para gravar. É por isso que estou em estúdio de manhã à noite.
Gostava de fazer teatro?
Claro que sim. O teatro é a alma da representação e um dia, se surgir a oportunidade, gostava de fazer. Mas morro de medo. Ainda hoje estive a falar sobre isso com o João Jesus, que vai estrear agora uma peça dele. Estivemos a falar sobre os nervos, os nervos do palco, e o facto de não existir o ‘corta’, que é sempre uma segurança. Mas adoro o ecrã. Gostava de mergulhar mais no cinema.
É uma mulher rica?
Sou independente financeiramente, não sei se sou rica. A verdade é que ninguém paga as minhas contas.
Conseguia viver só das redes sociais?
Conseguia. Se quisesse viver só das redes sociais, conseguia.
A família é um seguro de vida?
A minha família é o mais importante que tenho na vida.
Como mantém a forma física e as curvas que tem?
É muita genética porque nem sequer tenho tido tempo para treinar. Não me privo de comer absolutamente nada. Se me apetecer comer um hambúrguer cheio de molho faço-o. Não treino tantas vezes por semana como gostaria, mas tento sempre manter-me activa. O meu trabalho também não é estar sentada horas num escritório. Estou sempre de um lado para o outro e isso também ajuda.
O culto da imagem pode ser uma obsessão?
Percebo que haja essa pressão porque nós, como actores, trabalhamos com a imagem e estamos expostos a tantas opiniões. Percebo que seja um problema para algumas pessoas. Para mim ainda não é.
Faz terapia ou gostava de fazer?
Não faço, mas tenho muitos amigos que me dizem que devia experimentar porque é uma grande ajuda. Acho que me conheço muito bem. Mas se calhar daqui a uns anos vou perceber que afinal não me conhecia nada. Não penso muito nisso para já.
Qual é a sua maior conquista?
Penso que é ter feito séries internacionais. Sempre soube o que tinha de fazer para conquistar esse sonho. Comecei há dois anos a ter aulas de espanhol porque de repente comecei a receber muitos pedidos de casting em Espanha e esperava ter um dia a oportunidade. Esse dia chegou muito mais cedo do que estava à espera. Mas a verdade é que trabalhei muito para o conseguir.
Ter que estar sempre a prestar provas não é uma chatice? Já não fica nervosa?
Já não. Fazemos 100 castings para ficar num, portanto já estou pronta para não ficar. Felizmente consigo fazer um casting hoje e amanhã já nem me lembro que o fiz. Tenho facilidade em não criar expectativas porque há milhares de pessoas a concorrer para o mesmo papel. Se for a pensar que não fui a escolhida porque não sou boa o suficiente, a minha cabeça não tinha sossego.
Sonha com trabalho?
Às vezes sonho com cenas, sim. Não se esqueça que quando chego a casa não vou ver uma série ou um filme. Vou estudar 20 páginas de texto porque no dia seguinte começo outra vez às 08h00 as gravações e tenho de saber tudo.
O que não lhe perguntei que gostaria de dizer?
Já falámos disto nesta conversa, mas gosto sempre de deixar esclarecido que sou mesmo uma pessoa igual às outras. Chego a casa e tenho os meus problemas, a gestão dos meus sentimentos, a minha vida, como a maioria das pessoas.
A família é o seguro de vida de Margarida Corceiro
Margarida Corceiro tem 22 anos e uma maturidade invulgar para alguém da sua idade. O estatuto e popularidade que conquistou à custa do seu trabalho, e também da sua beleza, contrastam com a personalidade que mantém de ser uma jovem humilde, trabalhadora e que não precisa de passar por cima de ninguém para realizar os seus sonhos. Margarida Corceiro, ou Magui, como é conhecida por todos, é natural de Santarém, cidade onde nasceu e cresceu até à adolescência. Filha de dois médicos, Paulo Corceiro e Rita Matias Ferreira, tem na sua irmã Beatriz uma das suas maiores confidentes. É na família que Magui busca o amparo do turbilhão que é viver com os holofotes todos apontados para si.
Desde criança que tinha o desejo de ser modelo e actriz. Aos quatro anos Margarida Corceiro dizia aos pais, enquanto viam novelas na televisão, que um dia iriam vê-la no ecrã. Os pais e a irmã mais velha riam, mas sabiam que este era o sonho de Magui, que começou a concretizar-se aos 13 anos quando foi convidada para ser agenciada pela Central Models. Aos 16 anos estreou-se na área da representação na telenovela “Prisioneira” e passados seis anos é a protagonista da telenovela A Fazenda, um fenómeno de audiências que prende aos ecrãs mais de meio milhão de pessoas diariamente. A grande conquista de Margarida Corceiro foi ter integrado duas séries internacionais, um marco na sua ainda curta carreira que atribui às muitas horas de trabalho e ao tempo que retirou à família e aos amigos.
É considerada uma das pessoas mais influentes do país, em termos de presença nos media e nas redes sociais, mas mantém uma saudável postura que não a faz tirar os pés do chão. Confessa até que é assustador pensar que alguém a vê como uma grande referência, embora diga que trabalha todos os dias para continuar a ser um exemplo a seguir. Margarida Corceiro tem no cinema uma das suas grandes paixões e confessa que já esteve mais longe de se aventurar no grande ecrã. O teatro é outra das suas paixões, embora reconheça que precisa de ganhar mais experiência para perder os nervos do palco.
Margarida Corceiro gosta de estar em silêncio depois de um dia com, normalmente, 10 horas de gravações. Vive sozinha, diz que é uma mulher independente e gosta sempre de sublinhar que é uma miúda normal igual a tantas outras. Magui costuma visitar Santarém uma vez por mês porque diz que é lá que estão as pessoas mais importantes da sua vida.