Especiais | 22-05-2025 10:00

Samora Correia voltou a ser a capital do arroz carolino

Samora Correia voltou a ser a capital do arroz carolino
Academia do Arroz juntou chefs, estudantes em formação, autarcas e população na confecção de pratos gastronómicos à base de arroz

A sétima edição do Festival do Arroz Carolino das Lezírias Ribatejanas voltou a encher Samora Correia de visitantes, sabores e orgulho ribatejano durante três dias.

O Festival do Arroz Carolino das Lezírias Ribatejanas realizou-se entre 16 e 18 de Maio, em Samora Correia, e juntou milhares de pessoas em torno da gastronomia, da cultura local e de um cartaz musical com nomes de referência da música portuguesa. Esta foi a sétima edição do certame e a segunda consecutiva a ter lugar na cidade ribatejana. Depois de ter ultrapassado os 95 mil visitantes em 2024, a edição deste ano decorreu com expectativas elevadas, mantendo como fio condutor a valorização do arroz carolino e a identidade do território das lezírias.
A Academia e a Praça do Arroz voltaram a ser o epicentro do evento, com destaque para a presença de 24 chefs, que interagiram com os participantes na confecção de pratos à base de arroz. Em relevo estiveram também as Bancas do Arroz, o espaço de restauração, zonas de vinho a copo, café e o popular Kit do Festival, que por 10 euros permitia degustar um menu do dia e levar brindes alusivos ao certame.
O presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho, destacou a importância do Festival do Arroz Carolino como um momento de afirmação do território e das gentes do concelho, sublinhando o impacto da iniciativa na valorização da zona ribeirinha. “Aproximarmo-nos do rio é seguramente algo de importante que temos que fazer e, por isso mesmo, estamos neste momento a negociar mais uma parcela de terreno junto ao Almansor”, revelou o autarca, traçando como objectivo a criação de um corredor contínuo de espaço público, desde o Pombalinho até ao Porto Alto. “Não falta muito para dizermos que temos uma margem de espaço público para desenvolver e criar espaços agradáveis para a nossa população”, frisou.
Pedro Beato, vice-presidente do Turismo do Alentejo e do Ribatejo, salientou o prestígio conquistado pelo evento, que este ano cumpriu a sua sétima edição. “Este é daqueles eventos de que a nossa região se orgulha. Já marca a agenda pela qualidade, mantendo a autenticidade dos nossos territórios e da nossa cultura, mas inovando”, disse.

Cabaças pintadas à mão por Cátia Almeida
Cátia Almeida, nutricionista de 45 anos, não esconde o orgulho nas origens. Vive no Porto Alto e leva ao Festival do Arroz Carolino, desde a primeira edição, um pedaço da sua história familiar, embutida em cada cabaça que pinta e expõe. O pai fazia um presépio gigante, feito à mão, no jardim de casa, visível ao público. Foi com ele que aprendeu a arte, que se tornou mais presente quando engravidou e teve de ficar em repouso.
As cabaças, cultivadas pela própria família, são tratadas, lavadas, secas e pintadas antes de serem envernizadas. “Antigamente serviam para levar água para o campo. Hoje transformam-se em peças decorativas que ligam ao território, com campinos, forcados, Santo António e presépios”, explica. Cátia Almeida considera que o talento é herdado. “Não precisei de aprender muita técnica, diria que é algo genético”. A criação das cabaças pode demorar entre oito a 15 dias, consoante o tamanho, e a procura tem vindo a mudar.
“Há dez anos vendia para pessoas mais idosas, hoje são os mais novos que valorizam, pedem artigos personalizados para oferecerem como presente artesanal”. Ainda assim, admite que é um passatempo e que não sobrevive apenas com o artesanato. O festival, diz, é uma boa montra e funciona como alavanca para vendas futuras.

Arte inspirada no Ribatejo
Pela primeira vez no festival, Estrela Reis, da Estrelartes, também marca a diferença com peças artesanais. Natural de Samora Correia, dedica-se há 12 anos em exclusivo ao artesanato e às artes decorativas. O seu expositor tinha bonecos de pano, carteiras, pinturas, presépios de Santo António e andorinhas. Muitas das criações são inspiradas no Ribatejo, através do campino, do boi ou da ceifeira, uma vez que “é importante manter as tradições para que as pessoas não se esqueçam”. Ainda assim, lamenta que o público interessado seja cada vez mais restrito. “Quem compra hoje artesanato é mesmo só quem dá valor, e são muito poucas pessoas”, concluiu.

Cátia Almeida, do Porto Alto, com uma cabaça pintada à mão alusiva a uma das figuras de animação do festival, a miss Espiga

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