Abrantes cresceu, modernizou-se e reinventou-se

Miguel Marques é o chef do restaurante L’École, em Abrantes, e tem trabalhado com produtos locais, honrando ainda a herança gastronómica ribatejana com novas leituras. Para o chef há um renovado ambiente em que as pessoas sentem orgulho pela cidade e o que mais o atrai nas festas é a capacidade de unir gerações.
Em que é que a sua profissão é importante para Abrantes?
A minha ligação a Abrantes começou em 1999 e tem sido, desde então, uma jornada de enraizamento profundo e evolução contínua. Abrantes cresceu, modernizou-se e reinventou-se, e eu cresci com ela. No restaurante L’École, procuro precisamente isso: honrar a herança gastronómica ribatejana, dando-lhe novas leituras, mantendo o sabor das origens, mas com uma identidade própria. Gosto de acreditar que, através da cozinha, temos ajudado a preservar a alma desta terra, mas sem medo de a projectar para o futuro. O quartel-general pode continuar em Abrantes, mas as batalhas agora travam-se à mesa — com criatividade, paixão e respeito pelos sabores de sempre.
Quais são as mudanças que considera mais significativas na cidade?
Destaco a valorização crescente daquilo que é nosso — os produtos locais, a cultura regional, as tradições que nos definem. Sinto que há um movimento colectivo de orgulho renovado: em ser de Abrantes, em mostrar o melhor que temos, em apostar na autenticidade. Vejo novos projectos a nascer, uma maior consciência do valor da nossa identidade, e isso contagia — inspira quem cá vive e quem nos visita.
Nas próximas eleições autárquicas o que é que gostava de ver tratado na campanha?
Gostava que os candidatos dessem uma atenção especial à valorização da cultura local, ao apoio ao comércio e restauração independentes e à criação de condições para atrair e fixar talento jovem. Abrantes tem tudo para ser uma cidade vibrante e inovadora, sem perder a sua autenticidade, só precisa de uma estratégia que una tradição e futuro com visão e coragem.
Do que é que mais gosta nas Festas de Abrantes?
O que mais me atrai nas Festas de Abrantes é essa capacidade de unir gerações, memórias e celebrações num só momento. Gosto de ver a cidade pulsar com vida, ver as ruas cheias, os sabores da região em destaque, e a cultura popular a ocupar o seu lugar. As tasquinhas, as marchas, os concertos. Tudo contribui para criar um ambiente único. Para mim, são dias de partilha: com amigos, com colegas da restauração, com quem nos visita. É tempo de mostrar o que somos e celebrar com orgulho a cidade que temos.
Como chef como é que define o restaurante?
O L’École é muito mais do que um restaurante. É um espaço de encontro entre tradição e inovação, integrado numa paisagem fabulosa. Trabalhamos com ingredientes locais, respeitamos as raízes da cozinha ribatejana, mas damos--lhe uma interpretação contemporânea, com identidade própria. Queremos que quem nos visita sinta a autenticidade de Abrantes no prato, no ambiente, no atendimento. Cada refeição é uma viagem pelo sabor da nossa terra, contada com criatividade e paixão.