A história da procissão e do milagre que salvou Coruche
A origem do culto a Nossa Senhora do Castelo, em Coruche, remonta a 1516.
A origem do culto a Nossa Senhora do Castelo, em Coruche, remonta a 1516, ano em que D. Jorge de Lencastre, Mestre da Ordem de Santiago e de Avis, em cumprimento de ordens do rei D. Manuel I, determinou a realização de uma solene procissão em honra da Virgem Maria no dia 2 de Julho, data em que a Igreja celebra a visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel. A intenção régia era clara: agradecer, com solenidade e reconhecimento público, as graças recebidas por intermédio de Nossa Senhora. Assim, à semelhança do que já acontecia na festividade do Corpo de Deus, também a procissão mariana deveria realizar-se com a maior pompa possível, envolvendo a comunidade cristã num acto de fé e gratidão.
Com o passar do tempo, e acompanhando o calendário litúrgico da Igreja Católica, a celebração foi transferida para o dia 15 de Agosto, dia da Assunção de Nossa Senhora, data em que ainda hoje decorre a tradicional procissão, ponto alto das festividades em honra da padroeira. Já em meados do século XVIII, durante as festividades religiosas, passou também a realizar-se uma feira anual, consolidando o evento como um momento central na vida social e económica da vila.
O carácter milagroso atribuído à imagem foi reforçado no relato enviado pelo pároco Luís António Leite Pitta, em 1758, em resposta ao inquérito promovido pelo Marquês de Pombal na sequência do terramoto de 1755. O sacerdote descreve Nossa Senhora do Castelo como objecto de devoção não apenas dos coruchenses, mas também das povoações vizinhas, a quem teriam sido atribuídas curas e recuperações inesperadas. Desde então, o culto a Nossa Senhora do Castelo permanece como um dos pilares da identidade espiritual de Coruche.