Programa de controlo de animais abandonados não gera consenso do Entroncamento

Controlo das colónias de gatos foi tema de debate na Assembleia Municipal do Entroncamento, com a CDU a exigir esclarecimentos sobre a eficácia do Programa CED, após denúncias de voluntárias sobre falta de resposta da veterinária municipal.
Na última Assembleia Municipal do Entroncamento foi discutido o controlo de animais errantes, nomeadamente as colónias de gatos e o funcionamento do Programa CED (Capturar, Esterilizar e Devolver). O tema surge na sequência de denúncias feitas por voluntárias da Associação Abraços de 4 Patas, que alegam que o programa CED perdeu eficácia nos últimos anos, tendo o deputado João Caldeira (CDU) questionado o executivo sobre o problema.
O deputado pediu esclarecimentos sobre a forma como a autarquia está a implementar o programa, questionando se todos os recursos estão a ser disponibilizados às associações envolvidas e se estas podem contar com os apoios prometidos. O autarca reforçou que o tema “é uma questão de bem-estar geral” e “até do meio ambiente”, garantindo que a CDU irá acompanhar a evolução da situação. A presidente da câmara, Ilda Joaquim, assegura que o município tem cumprido o programa CED com a criação de colónias de gatos certificadas, mas que a origem do aumento de animais errantes está sobretudo no abandono por parte da população, que “continuam a não colaborar na prevenção das ninhadas e na promoção da esterilização”. A autarca salientou ainda que existem protocolos com clínicas veterinárias que permitem aos munícipes esterilizarem os seus animais, com possibilidade de reembolso pela câmara, mas que as verbas para os protocolos com as clínicas “nunca foram esgotadas”.
Outro dos principais obstáculos apontados pela presidente é a falta de capacidade do canil intermunicipal, que serve quatro municípios — Entroncamento, Alcanena, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha. Segundo a autarca, o espaço está “simplesmente esgotado” e a situação é agravada pela legislação que impede a eutanásia de animais, excepto em casos de doença incurável. Ilda Joaquim assegurou que o município está a preparar uma candidatura a apoios financeiros da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, cujo prazo decorre entre 1 e 13 de Outubro, com vista a reforçar os meios disponíveis e promover novas campanhas de sensibilização. “É um trabalho contínuo e difícil. Os animais aprendem a fugir das armadilhas e o canil não consegue ter mais animais, mas estamos a tentar obter mais meios”, concluiu, acrescentando que o canil enfrenta dificuldades em obter financiamentos para melhorias devido a irregularidades jurídicas no terreno onde está instalado.
Recorde-se que recentemente algumas voluntárias da Associação Abraços de 4 Patas afirmaram que o Programa CED (Capturar, Esterilizar e Devolver) está a perder eficácia no Entroncamento, criticando a actuação da actual veterinária municipal. Em declarações a O MIRANTE, Ana Teresa Santos, voluntária na associação há vários anos, destaca que as esterilizações têm sido reduzidas ao mínimo e que os voluntários estão a assumir responsabilidades que deveriam estar a cargo da veterinária. A voluntária acusa ainda a veterinária de não responder a chamadas quando há alertas sobre animais doentes e sente que o esforço de anos está a ser posto em causa, pedindo mais soluções para travar o descontrolo nas colónias de gatos.