Um jornal com muitas pessoas de confiança

Todos os leitores, empresários e amigos sabem que somos um jornal com gente, que somos pessoas de confiança. Por isso, um dia sonhámos e concretizámos esta ideia do Galardão Empresa do Ano. Excerto do texto de abertura da iniciativa de O MIRANTE que se realizou no dia 8 de Outubro.
No meio literário diz-se com frequência que a boa literatura não se faz com bons sentimentos. Vou contrariar os intelectuais e vou dizer aqui o que escrevi com bons sentimentos, sem ter em conta o conselho dos críticos de literatura. E esta decisão tem um fundamento; como estamos em plena campanha eleitoral recebemos nas últimas semanas mais cartas anónimas que nos últimos quatro anos. E posso garantir que todas foram escritas à mão, num português de antanho, todas tentando levar a água ao seu moinho. Não estou a criticar, estou só a dizer que somos todos bons a escrever, mesmo com erros, e umas eleições podem ser motivo de inspiração para escrever muito mais do que a força impulsionadora da leitura de muitos livros.
O assunto tem pertinência porque O MIRANTE vive muito das suas fontes que são os seus leitores. E, para nosso contentamento, os jornais de Lisboa têm sempre o nosso jornal aberto no computador para irem actualizando as notícias dos nossos 25 concelhos de abrangência. Nem sempre se saem bem. Na semana passada, escrevemos uma notícia em que demos conta da destruição de um Rolls-Royce que era transportado num camião cujo condutor não tirou bem as medidas a um viaduto da auto-estrada Norte na zona da Póvoa de Santa Iria. Na altura escrevemos que o carro estava avaliado em um milhão de euros e todos os jornais copiaram a nossa notícia. Quem procurar hoje o assunto no jornal online e na edição em papel vai perceber que nos deram uma informação exagerada, já confirmada pelo director do Museu do Caramulo. Falo disto porque foi o próprio director a ligar-nos, a pedir-nos que fizéssemos a rectificação porque tínhamos sido os primeiros a dar a notícia, e o valor do carro está manifestamente acima do seu valor real.
O MIRANTE nunca quis ser um jornal nacional, nem queremos estender mais a nossa área de abrangência. Mas, no online, temos panos para mangas e não vamos perder a oportunidade de levar cada vez mais longe a importância da nossa informação.
Desde há quase 40 anos que temos sido fiéis ao nosso projecto empresarial e editorial, e nunca entramos em megalomanias, embora alguns convites pelo meio devido ao nosso sucesso. Enfim, o projecto nunca funcionou sem seguirmos o caminho que traçámos desde o início, que embora possa não ser para a vida será certamente para manter até que a realidade que vivemos hoje não se altere.
A nossa base de confiança com os leitores são os jornalistas de proximidade. E damos a mão à palmatória; há concelhos onde ainda temos caminho para andar, e queremos mesmo fazê-lo e percorrê-lo porque sabemos que podemos mudar para melhor a cidadania e o respeito pela diversidade política e cultural.
O facto de, como jornal regional, ultrapassarmos muitas vezes as nossas fronteiras deve-se ao mérito das notícias e muitas vezes ao mérito da região. A edição de O MIRANTE desta semana vem acompanhada de uma revista que testemunha a nossa força editorial e empresarial.
A dinâmica da comunicação social, o nosso trabalho, é reconhecido há muito porque fomos sempre um jornal que chega a tempo e horas aos gabinetes do poder, e como a informação cada vez é mais importante, a nossa importância também aumentou à medida que também fomos crescendo.
Todos sabemos qual é nesta altura o panorama da imprensa em Portugal, da saúde, da educação e da habitação em particular. Não digo nenhuma enormidade para quem está bem informado que gerir uma empresa de comunicação social não é muito diferente das outras embora haja diferenças (que podem ser significativas).
Não conseguimos estar em todo o lado, não conseguimos sempre que as equipas sejam sempre o nosso rosto, mas vamos tentando gerir sabendo que os dias não têm horas, as prioridades não têm hierarquia, os assuntos distintos misturam-se a qualquer momento do dia e têm de ser tratados no momento.
Se há uma redacção de jornalistas profissionais em Portugal que não faz jornalismo de secretária somos nós. Se há uma redacção de um jornal em Portugal que todos os dias tem que viver e sobreviver à margem dos interesses instalados, somos nós. Certamente não seremos os únicos. Ainda bem que não somos únicos. Mas é com muito orgulho que nos incluímos, no panorama da imprensa portuguesa, num caso de sucesso editorial e comercial, numa das regiões mais ricas do país que ainda tem muito para dar e receber.
Uma das razões do nosso sucesso é não vivermos numa redoma, não cristalizarmos, nunca deixarmos de andar no mercado à procura dos melhores, tirando o tapete àqueles que se sentem acomodados. Nesta profissão morre-se a trabalhar, e quem é jornalista de verdade é jornalista até morrer, assim como quem é médico, advogado, entre tantas outras profissões que se entranham na nossa vida e nunca mais saem.
Todos os leitores, empresários e amigos que fomos conquistando ao longo destes 38 anos, sabem que somos um jornal com gente, que somos pessoas de confiança. Por isso, um dia sonhamos e concretizamos esta ideia do Galardão Empresa do Ano para sermos ainda mais e melhores parceiros de quem tem a responsabilidade de fazer crescer a região e de dar o exemplo.
Quando este texto começou a ganhar forma, não era tanto de nós que queríamos falar, mas mais da região, do país e do governo. De verdade, esta cerimónia é vossa, organizada para premiar quem se distingue no seu trabalho empresarial. Se falamos de nós nestas alturas não é para nos tornarmos vaidosos e soberbos, é para ficarmos com o sorriso mais aberto, a palavra mais fluida, os objectivos para o futuro ainda mais claros. É muito melhor dar do que receber: por isso é que desde há 24 anos que organizamos esta iniciativa e inscrevemos no nosso púlpito: “qualquer momento é bom para dizer isto é justo”.
Não interessa agora quantas empresas e empresários já premiamos nem estamos aqui para contar histórias. Estamos aqui para continuar a fazer história. E fazer história é trabalhar todos os dias sabendo que vivemos num país em que tudo está centralizado em Lisboa e no Porto, que somos geridos por políticos que não fazem investimento público fora dos grandes centros e do litoral.
As nossas empresas são sempre as últimas na fila para os gabinetes dos ministros e dos secretários de Estado, são as últimas a terem acesso aos organismos que ajudam a resolver problemas. É para isso que devemos trabalhar em conjunto, e esta iniciativa pretende premiar, mas também mostrar que somos uma região de empresários disponíveis para a luta e para o combate diário a que o trabalho nos obriga.