Especiais | 21-11-2025 11:00

“Admiro pessoas que vejo a trabalhar todos os dias com honestidade para fazerem o melhor com o que têm”

“Admiro pessoas que vejo a trabalhar todos os dias com honestidade para fazerem o melhor com o que têm”
38 ANOS DE O MIRANTE
David Vieira, CEO (administrador executivo) da Dreamfields Ld.ª - foto DR

É inadmissível e não consigo aceitar como normal, termos serviços urgentes em que estamos horas à espera para sermos atendidos. Falta eficiência e respeito pelas pessoas.

Alguma vez lhe apeteceu ser jornalista por um dia?
Sim (risos). Durante as eleições, por exemplo - deve ser curioso estar do outro lado, a recolher opiniões e ver as reacções das pessoas.
Qual foi a última notícia que o deixou incrédulo?
Sinceramente, já perdi a conta (risos). Todos os dias há uma notícia nova que me deixa de boca aberta. Já nem sei se fico incrédulo ou apenas resignado com o mundo em que vivemos.
Acontece-lhe dar mais atenção à notícia de uma pessoa atropelada na sua rua, do que a um acidente com dezenas de pessoas num país longínquo?
Sim, sem dúvida. É natural que nos identifiquemos mais com o que está próximo de nós, com o que conhecemos e vivemos. A notícia de alguém da nossa rua desperta logo empatia e curiosidade, porque sentimos que podia ter acontecido connosco.
Como descreveria O MIRANTE a alguém de outra região que nunca tivesse contactado com o jornal?
É um jornal que dá voz às pessoas e às comunidades. Que fala daquilo que nos toca de perto, e é isso que o torna especial.
Ainda lê o jornal em papel?
Na verdade, não. Já me habituei ao digital, é mais rápido e prático. A informação chega-nos mais depressa e, hoje em dia, estamos quase sempre com o telemóvel na mão.
Há mais de 60 municípios sem um jornal ou rádio de informação local. Acha que sentiria falta de informação local, se vivesse numa região como aquelas?
Sim, sentiria. Gosto sempre de estar a par das notícias locais — saber o que acontece à nossa volta é importante. A informação local mantém-nos ligados à comunidade.
Muita informação chega-nos através das redes sociais. Sabe quem faz, escreve e publica aquelas informações e vídeos?
Nem sempre, mas sim, sou um utilizador activo e partilho alguma informação. Temos de ter cuidado porque nem tudo o que circula é verdadeiro, mas faz parte da realidade actual.
É assinante de algum jornal digital, nacional ou regional, ou só acede às notícias que são disponibilizadas gratuitamente?
Não sou assinante de nenhum jornal. Costumo acompanhar as notícias que estão disponíveis gratuitamente nas plataformas digitais.
Qual considera ser a sua terra?
Sou do Covão do Coelho, a terra natal onde cresci — e, sim, é sem dúvida a minha casa, é a Aldeia Alma. Quem lá cresceu sabe do que falo: é uma aldeia pequena, mas é mais que um lugar, é uma parte de nós. Todos se conhecem, há amizade, entreajuda e uma sensação de casa que não se encontra em mais lado nenhum.
As pessoas que mais admira são algumas das que conhece e com quem contacta ou também há outras?
Admiro pessoas próximas, aquelas que vejo a lutar todos os dias, a trabalhar com honestidade e a tentar fazer o melhor possível com o que têm. Não preciso que sejam famosas. Gosto de quem tem valores e não se esquece das origens. Também admiro alguns empreendedores e líderes que conseguiram construir algo de raiz, sempre com respeito pelos outros.
É cada vez mais complicado sermos atendidos telefonicamente e, por vezes presencialmente, em muitos serviços, sejam públicos ou privados. Já lhe aconteceu?
Sim, já aconteceu — e, sim, desespero e irrito-me. Não consigo aceitar isso como algo “normal”. É inadmissível termos serviços urgentes em que estamos horas à espera para sermos atendidos. Falta eficiência e respeito pelo tempo das pessoas.
Consegue utilizar bem as novas tecnologias, nomeadamente as aplicações úteis, através do telemóvel?
Sim, considero-me à vontade com as novas tecnologias. Uso várias aplicações no dia-a-dia e acho que vieram facilitar muito a vida.
O que é que achou deste inquérito?
Achei interessante. Faz-nos pensar sobre o papel da comunicação social e também sobre a forma como consumimos informação. É importante reflectirmos sobre o que lemos, partilhamos e sobre aquilo em que acreditamos.
O que gostaria de acrescentar?
Apenas que é importante continuarem a dar espaço à voz das pessoas comuns. A informação local é o que mantém viva a ligação entre as comunidades e o território. E isso é algo que vale muito.

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