“Apesar do progresso tecnológico as máquinas não substituem o atendimento humano”
A comunicação social ainda sabe provocar o sentido crítico e capacidade de discernimento que tendem a perder-se na azáfama de um quotidiano sobrecarregado.
Acontece-lhe dar mais atenção à notícia de uma pessoa atropelada na sua terra, do que a um acidente com dezenas de pessoas num país longínquo?
Não podemos descurar o facto de que, vivendo num mundo global, proximidade e distância se relativizam e que é tão relevante noticiar o que ocorre na nossa rua, quanto o que sucede num local distante. No caso dos jornais regionais, não podemos desvalorizar o facto de que as relações de proximidade, que estes estabelecem com a comunidade, constituem uma prioridade, pelo que se impõe que estes noticiem, fundamentalmente, o que ocorre na sua região.
Qual foi a última notícia que a deixou incrédula?
A notícia que mais recentemente me surpreendeu e tocou foi a de um atropelamento mortal, na estação de comboios em Santarém. O facto de conhecer a pessoa comoveu-me e, simultaneamente, forçou-me a reflectir sobre o sentido da vida e o valor que lhe é intrínseco.
Como descreveria O MIRANTE a alguém de outra região que nunca tivesse contactado com o jornal?
O MIRANTE é um jornal regional que privilegia uma informação fidedigna e de qualidade e para o qual, a atenção face ao outro é uma constante. A quem desejar informar-se sobre as particularidades que definem a Região da Lezíria e Médio Tejo, aconselho vivamente a sua leitura.
Ainda lê a edição do jornal em papel?
Sim, gosto de ler o jornal em papel, porque aprecio a sensação de o folhear, bem como o toque e o cheiro, sendo que estes factores, que considero um apelo à leitura, tornam, do meu ponto de vista, a informação mais cativante e atraente.
Há mais de 60 municípios sem um jornal ou rádio de informação local, os chamados “desertos de notícias”. Sentia-se bem a viver num desses locais?
Não, pois, agrada-me saber-me informada sobre o que ocorre na região onde resido e exerço a minha actividade profissional, até como forma de me sentir mais inserida nesse meio.
Muita informação chega-nos através das redes sociais como Facebook, Instagram, TikTok, ou X (Twitter). Sabe quem faz, escreve e publica aquelas informações e vídeos?
Tal como a maioria das pessoas, desconheço quem faz, escreve e publica as informações e vídeos que circulam nas redes sociais, as quais, raramente correspondem à verdade dos factos. Impõe-se estarmos atentos à fonte das notícias que nos chegam, para não corrermos o risco de vivermos desinformados ou de sermos permeáveis a uma informação distorcida e, neste caso, os jornais ganham às redes sociais.
Qual considera ser a sua terra? É a melhor terra do mundo?
A terra onde nascemos é sempre o nosso berço, mas tendemos a sentirmo-nos bem, onde somos acarinhados, onde criamos raízes e construímos a nossa vida. Continuo a identificar-me com a terra onde nasci, e continuo a visitá-la. Todavia, não ouso afirmar que se trata da melhor terra do mundo só porque foi o local onde nasci.
As pessoas que mais admira são algumas das que conhece, ou também há outras?
Não tenho nenhum ídolo. O que dignifica qualquer ser humano serão sempre as suas acções e a ética que o rege, pelo que admiro qualquer indivíduo que se revele lutador, corajoso, persistente e resiliente, elegendo, ainda, como “bússola” um espírito humanista. Tive o privilégio de constatar as virtudes que enunciei na minha avó paterna que, tendo ficado viúva muito cedo, criou um filho e, aos 99 anos, ainda demonstrava um espírito jovem, uma mente aberta e capacidade visionária - qualidades que, aliás, lhe permitiram superar os mais diversos obstáculos da vida, sempre com a garra tão peculiar, que definia a sua personalidade.
É cada vez mais complicado sermos atendidos telefonicamente. Já lhe aconteceu?
Não gosto de um atendimento que não seja personalizado. Já me aconteceu desistir de ser atendida e procuro recorrer ao atendimento presencial, sempre e quando exista. Não obstante o progresso tecnológico estar associado à evolução do Mundo, ainda considero que as máquinas nem sempre substituem o atendimento humano.
O que é que achou deste inquérito?
Entendo que este inquérito prima pela pertinência, colocando questões muito oportunas e que devem constituir, para todos, matéria de reflexão. Resta-me apenas concluir, com especial agrado, que a comunicação social ainda sabe provocar o sentido crítico e capacidade de discernimento, que tendem a perder-se, na azáfama de um quotidiano sobrecarregado.
Sabe ou imagina quantas pessoas trabalham nas empresas que editam O MIRANTE em papel e online todos os dias?
Não faço a menor ideia do número de colaboradores com que O MIRANTE conta, mas estou consciente da dimensão do trabalho que efectuam, do seu empenhamento, dedicação e brio profissional, visando manter a informação actualizada, nomeadamente, no diário online.


