Especiais | 23-11-2025 11:00

“Costumo dizer que todas as pessoas do concelho têm o meu número de telefone, e não devo estar muito longe disso”

“Costumo dizer que todas as pessoas do concelho têm o meu número de telefone, e não devo estar muito longe disso”
38 ANOS DE O MIRANTE
António Camilo, presidente da Câmara Municipal da Golegã - foto O MIRANTE

A comunicação de proximidade é fundamental para a coesão social e para a identidade das comunidades. Sem jornais locais, as pessoas perdem um ponto de referência e deixam de se sentir representadas de alguma maneira.

Nem sempre sabemos quem está por detrás da informação que circula nas redes sociais. É um dos grandes desafios do nosso tempo. Devemos aprender a distinguir fontes credíveis de conteúdos fabricados. Por isso é tão importante o papel do jornalismo regional, que é feito por profissionais com rosto, responsabilidade editorial, que conhecem as realidades dos nossos concelhos, e que ao mesmo tempo conseguem criar e manter relações de proximidade com as entidades, onde facilmente verificam e confirmam a veracidade das notícias que publicam.
Sou assinante de alguns jornais, tanto nacionais como regionais. Mas reconheço que a informação gratuita e imediata se tornou dominante. Este também será um desafio para a sustentabilidade da comunicação social, que só pode existir correspondendo e indo ao encontro dos leitores comprometidos.
Já me aconteceu ter dificuldade em ser atendido telefonicamente por alguns serviços. É frustrante quando precisamos de resolver algo simples e não conseguimos falar com alguém. Mas acredito que a tecnologia deve servir as pessoas, e não o contrário. Eu costumo dizer que todas as pessoas do concelho têm o meu número de telefone, e não devo estar muito longe disso. E na verdade, todos os dias recebo dezenas de chamadas e de mensagens, muitas vezes com coisas simples, e que faço por resolver imediatamente após a chamada.
A proximidade tem um peso enorme na forma como vivemos as notícias. Quando algo acontece na nossa rua ou na nossa terra, sentimos de imediato que nos diz respeito. Isso não é desinteresse pelo que se passa noutros locais, é apenas uma questão de ligação emocional. O que é próximo de nós tem um rosto, tem um nome, tem uma história e isso faz toda a diferença. No meu caso, com a responsabilidade redobrada, uma vez que foram as pessoas do meu concelho que me elegeram para garantir da melhor forma pilares essenciais como a segurança e bem-estar de todos.
A minha terra é, sem dúvida, a Golegã, onde vivo há 45 anos. Embora tenha nascido em Angola e a maior parte da minha família ser do Norte, sou um puro ribatejano. É aqui que me sinto verdadeiramente em casa, onde conheço as pessoas e partilho o orgulho de uma identidade fortemente enraizada. A Golegã para mim é, e sempre foi, muito mais do que a “Capital do Cavalo”. É uma terra de cultura, de trabalho e de hospitalidade. Além de ter um profundo orgulho nas minhas raízes, foi aqui que me estabeleci e vivi grande parte da minha vida. E mais do que isso, foi aqui que tive as minhas filhas e os meus netos, que são a minha maior fonte de força e resiliência do meu dia-a-dia.
Admiro muito as pessoas com quem trabalho e que, todos os dias, se dedicam ao bem comum. Desde a minha equipa, a todos colaboradores da Câmara até aos voluntários das nossas associações locais. Todos eles que dão de si em prol dos outros. Também admiro personalidades nacionais que, pela sua ética e sentido de missão, têm contribuído para o desenvolvimento do país. No fundo, admiro quem serve os outros com humildade, perseverança e determinação.
O MIRANTE é, antes de tudo, da região e para a região. Um jornal atento, que dá voz às comunidades, aos municípios e às pessoas que fazem a diferença nas regiões do Ribatejo e Médio Tejo. É um jornal que preserva a proximidade e a verdade numa época em que a informação se tornou bastante dispersa.
Achei este inquérito muito pertinente. Obriga-nos a reflectir sobre o papel dos media e sobre a nossa própria relação com a informação. A comunicação social continua a ser um pilar essencial da democracia e os jornais regionais, como O MIRANTE, são fundamentais para manter um acesso justo e equitativo à informação.
Cheguei a ser correspondente de O MIRANTE, nos seus primeiros passos enquanto jornal. O jornalismo tem uma missão bastante nobre: informar, dar voz e esclarecer. De certa forma, quem está na vida pública também tem um pouco desse compromisso, que é o dever de comunicar com verdade e responsabilidade.
A última notícia que me deixou incrédulo foi a de pessoas a colocar em causa valores básicos de solidariedade e respeito. A rapidez com que se julga e se partilha desinformação é preocupante. Precisamos de recuperar o sentido crítico e o bom senso.
Imagino que a equipa de O MIRANTE seja relativamente pequena, mas muito dedicada. O que fazem, com os recursos disponíveis, é notável e de assinalar. É um exemplo de como o jornalismo regional pode ser profissional e influente.
Quero deixar uma palavra de reconhecimento a O MIRANTE pelos 38 anos de trabalho sério, de proximidade e de serviço público. A Câmara Municipal da Golegã valoriza e respeita esse percurso, porque também acreditamos que a comunicação é essencial para construir comunidades mais informadas, participativas e orgulhosas da sua terra.

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