Especiais | 23-11-2025 13:00

“Sem jornais ou rádios locais as comunidades tornam-se silenciosas; e uma comunidade sem voz perde vitalidade”

“Sem jornais ou rádios locais as comunidades tornam-se silenciosas; e uma comunidade sem voz perde vitalidade”
38 ANOS DE O MIRANTE
Joaquim Catalão, presidente da Câmara Municipal de Almeirim - foto O MIRANTE

Utilizo as novas tecnologias e as várias aplicações que fazem parte do nosso dia a dia. Mas a tecnologia deve ser um meio, não um fim. Nunca dispenso o contacto humano, porque há coisas que nenhuma aplicação substitui: a conversa, o sorriso, o saber ouvir.

Vivemos um tempo em que quase tudo se tornou digital, automatizado e mediado por plataformas. Há vantagens nisso, claro: é mais rápido, mais eficiente e permite resolver muitas coisas sem sair de casa. Mas também há um lado humano que se tem perdido, o atendimento directo, o olhar, a palavra, o gesto de quem está do outro lado. Por vezes é frustrante não conseguir falar com alguém ou resolver um problema que em poucos minutos de conversa ficaria esclarecido. A tecnologia deve servir as pessoas, nunca substituí-las.
As redes sociais são ferramentas poderosas de comunicação e aproximação, mas também podem ser espaços de desinformação. Por isso é fundamental manter espírito crítico, questionar, verificar e não tomar tudo como verdade à primeira leitura. Pessoalmente tento seguir páginas e fontes que conheço e que considero credíveis. Mas sei que nem todos têm essa preocupação, e é por isso que o jornalismo profissional continua a ser tão importante. Porque é o antídoto contra a confusão e a manipulação.
Sou assinante de dois jornais digitais, um diário e outro semanal. Acredito que a informação de qualidade tem valor e deve ser sustentada por quem a consome. O jornalismo independente precisa de leitores comprometidos e ser assinante é uma forma de contribuir para isso. A boa informação tem um custo, mas a má informação tem um preço muito maior.
A minha terra é, sem dúvida, Almeirim e é, sem hesitar, a melhor terra do mundo. Foi aqui que cresci e onde construí a minha vida. É aqui que estão as minhas memórias, os meus amigos, a minha família e as minhas raízes. Sinto-me bem e à vontade em Almeirim porque conheço cada rua, cada rosto e cada história. Esta é uma terra que me ensinou o valor do trabalho, da solidariedade e da amizade e isso marca-nos para sempre. Tenho orgulho nesta cidade e nas suas gentes.
Admiro quem enfrenta dificuldades e, ainda assim, mantém a bondade e a esperança. Quem tem a capacidade de se superar em silêncio. Na vida pública, claro que há figuras que respeito profundamente, pessoas que dedicaram a sua vida ao serviço dos outros, que souberam liderar com integridade e sentido de missão. Mas a admiração verdadeira nasce da proximidade, daquilo que se vê todos os dias. Tenho a sorte de, ao longo da minha vida, ter conhecido muitas pessoas assim. São essas pessoas que me recordam, todos os dias, porque escolhi o caminho do serviço público.
O MIRANTE é um jornal com alma, um jornal que conhece as pessoas, as suas histórias e as suas realidades. É muito mais do que um meio de informação: é um elo entre as comunidades da região, um espaço onde se reflectem as conquistas, os desafios e até as contradições do nosso território. Ouve as pessoas e faz jornalismo de uma forma próxima mas exigente, com espírito crítico, mas também com respeito.
Viver num “deserto de notícias” sem jornais nem rádios de informação local, é viver mais longe da realidade. Todos os territórios deviam ter o direito a ter informação local independente, feita com rigor e proximidade. Sem jornais ou rádios locais as comunidades tornam-se mais silenciosas e uma comunidade sem voz perde vitalidade.
Utilizo com facilidade as novas tecnologias e as várias aplicações que hoje fazem parte do nosso dia-a-dia. Mas acredito que a tecnologia deve ser um meio, não um fim. Uso-a como uma ferramenta, para me manter informado, para organizar o trabalho, para comunicar com as equipas e para estar mais próximo das pessoas. Ao mesmo tempo, nunca dispenso o contacto humano, porque há coisas que nenhuma aplicação substitui: a conversa, o sorriso, o saber ouvir.
Confesso que já pensei ser jornalista por um dia. Não tanto por vontade de ser jornalista, mas por curiosidade em perceber como é estar “do outro lado”. Acredito que ser jornalista por um dia seria uma experiência enriquecedora, uma forma de compreender melhor os desafios, as pressões e também as alegrias de quem vive para contar as histórias dos outros. Mas, sinceramente, prefiro continuar deste lado, a fazer a minha parte para que também haja boas histórias para contar.
É impressionante ver como O MIRANTE, com uma equipa relativamente pequena, consegue estar presente em tantos concelhos. Como consegue acompanhar tanta actualidade e, ao mesmo tempo, manter a identidade e a qualidade que caracterizam o jornal. Por isso, o meu reconhecimento vai para todos os profissionais que o fazem acontecer todos os dias, porque informar bem é também uma forma de servir as pessoas.
Continuo a acreditar nas pessoas, na sua capacidade de fazer o bem, de se superarem e de contribuírem para comunidades mais justas e solidárias. O meu compromisso, como cidadão e como presidente da Câmara de Almeirim, é esse: continuar a servir as pessoas com proximidade, humildade e verdade. É isso que dá sentido à vida pública e é isso que quero continuar a fazer todos os dias.

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