“Existe muita informação falsa a circular com o intuito de lançar a confusão e pôr em causa o regime democrático”
A quem não apeteceu ser jornalista por um dia? Desengane-se, no entanto, quem pense que pode ser jornalista sem formação apropriada ou sem estar vinculado aos códigos de ética e deontologia da profissão.
Acontece-lhe dar mais atenção às notícias de proximidade, do que às de um país longínquo?
Herdei do meu pai o gosto pelos livros. Herdei da minha mãe o gosto pela informação; num tempo em que o acesso universal à informação era muito limitado, a minha mãe tudo fazia para estar informada. Do mesmo modo, todos os dias dedico tempo a actualizar as notícias do mundo, do país e da rua. É uma espécie de “vício” bom.
Qual considera ser a sua terra? E também diz que é a melhor terra do mundo?
Os meus pais nasceram ambos em Almoster, mas eu vim nascer a Lisboa, na maternidade Magalhães Coutinho, hoje Hospital Dona Estefânia. Para todos os efeitos, quando me perguntam de onde sou, sempre respondo que sou de Almoster. É em Almoster que me sinto bem, que tenho as minhas raízes, a minha casa, os meus livros, os meus cães, o meu pequeno mundo. Devo, no entanto, confessar que me fascina o cosmopolitismo de Lisboa, onde trabalho, e das terras por onde viajo, todas com o seu encantamento, mas a minha terra é Almoster. Almoster, bem-me-quer.
As pessoas que mais admira são algumas das que conhece e com quem contacta, ou outras a quem, muito provavelmente, nunca vai ter a possibilidade de cumprimentar?
O meu primo Bernardo Maria, que é da geração dos meus filhos, tem uma expressão que assumimos na família com propriedade: “a nossa família é a melhor do mundo!”. Indiscutível! Tenho também tido a oportunidade, ao longo da vida, de conhecer e privar com personalidades de destaque, portuguesas e estrangeiras, de diferentes áreas do saber e de diferentes latitudes, o que considero um privilégio. Tenho pena de nunca ter privado, entre outros, com Maria de Lurdes Pintassilgo ou com José Carlos Ary dos Santos.
Como descreveria O MIRANTE a alguém de outra região que nunca tivesse contactado com o jornal?
O MIRANTE é um jornal regional independente, que cobre o distrito de Santarém e zonas limítrofes, com informação crítica e próxima das comunidades.
Ainda lê o jornal em papel?
Acedo, obviamente, às publicações de O MIRANTE nas redes sociais, mas também o leio em papel porque me permite ter uma visão territorial das notícias da semana. Como trabalho em Lisboa e estou bastante desligada do dia a dia da região, fico com o retrato da actualidade e da actividade desenvolvida por amigos e conhecidos.
Muita informação chega-nos através das redes sociais. Sabe quem faz, escreve e publica aquelas informações e vídeos?
Existe muita informação a circular com notícias falsas, em vários formatos, com o intuito de lançar a confusão e pôr em causa o regime democrático. É determinante que possamos identificar a fonte que gera a informação, confirmar que é idónea e só depois fazer juízos de valor sobre o que nos está a ser apresentado.
É assinante de algum jornal digital, nacional ou regional, ou só acede às notícias que são disponibilizadas gratuitamente?
Todos os dias leio em papel jornais diários e um semanário regional à semana. Ao fim de semana leio um semanário em papel, que me permite aceder durante a semana à edição digital.
É cada vez mais complicado sermos atendidos telefonicamente e, por vezes presencialmente. Já lhe aconteceu?
Desespero quando fico muito tempo “pendurada” sem atendimento, quando estou em espera e passam ininterruptamente o mesmo pedaço de música ou quando, como me aconteceu há poucos dias, em Almoster, por ocasião de um apagão de energia que durou uma longa manhã, depois de ter introduzido os dados que permitiam identificar-me, assim como a minha morada, me atenderam em inglês e tive de dizer que só continuaria a conversa em português.
Consegue utilizar bem as novas tecnologias, nomeadamente as aplicações úteis, através do telemóvel?
Sim. Barafusto com os aparelhos e com as aplicações, mas é mesmo por uma questão de mau feitio. Não definho por não as saber utilizar.
Alguma vez lhe apeteceu ser jornalista por um dia?
A quem não apeteceu ser jornalista por um dia? Desengane-se, no entanto, quem pense que pode ser jornalista sem formação apropriada ou sem estar vinculado aos códigos de ética e deontologia da profissão. Não é jornalista quem quer, mas quem está habilitado para o efeito.
Sabe ou imagina quantas pessoas trabalham nas empresas que editam O MIRANTE em papel e online todos os dias?
Desconheço. Podia perguntar ao assistente de inteligência artificial, mas não o vou fazer e fico expectante para ler essa referência numa das próximas edições do vosso jornal ou, quem sabe, no decurso da intervenção da Joana Emídio por ocasião da cerimónia comemorativa do 38.º aniversário de O MIRANTE.


