Especiais | 24-11-2025 21:00

“Uso as novas tecnologias mas tenho presente que elas devem servir as pessoas e não o contrário”

“Uso as novas tecnologias mas tenho presente que elas devem servir as pessoas e não o contrário”
38 ANOS DE O MIRANTE
Ana Matos, directora de marketing da Verspieren Corretores de Seguros, S.A. - foto DR

Admiro pessoas que se superam em silêncio, que têm coragem de recomeçar e que fazem o bem sem precisar de o anunciar. Mais do que figuras públicas, admiro pessoas que inspiram pelo exemplo e pela forma como tratam os outros.

É cada vez mais complicado sermos atendidos telefonicamente por alguns serviços. Já lhe aconteceu?
Já me aconteceu, e confesso que me irrita. Percebo o avanço tecnológico, mas continuo a achar que o contacto humano faz falta. A empatia não se automatiza.
Muita informação chega-nos através das redes sociais. Sabe quem faz, escreve e publica aquelas informações e vídeos?
Nem sempre sabemos quem está por trás do que circula nas redes sociais, e é precisamente isso que torna o jornalismo profissional indispensável. Saber quem escreve, e com que responsabilidade, é a base da confiança.
Consegue utilizar bem as novas tecnologias, nomeadamente as aplicações úteis, através do telemóvel?
Sim, utilizo bem as novas tecnologias — fazem parte do meu dia-a-dia profissional. Mas gosto de lembrar que a tecnologia deve servir as pessoas, e não o contrário.
É assinante de algum jornal digital, nacional ou regional, ou só acede às notícias que são disponibilizadas gratuitamente?
Sou assinante de alguns meios digitais. Acredito que o jornalismo de qualidade deve ser sustentado - a informação tem valor, e quem a produz com rigor merece ser reconhecido.
Costuma dar mais atenção às notícias de proximidade? Aconteceu-lhe recentemente?
Todos tendemos a sentir de forma mais intensa o que acontece perto de nós. A empatia ganha outra dimensão quando há rostos e lugares familiares envolvidos. É um instinto natural - a proximidade emocional amplifica a atenção.
Qual considera ser a sua terra; aquela onde se sente realmente bem e à vontade?
Nasci em Almada, mas é no Fogueteiro que me sinto verdadeiramente em casa. Foi lá que cresci, onde vivi a infância e a adolescência, onde aprendi o significado de pertença. É um lugar simples, mas cheio de memórias e de pessoas que me marcaram. É o meu ponto de partida e, de certa forma, o meu ponto de regresso.
Que pessoas mais admira?
Admiro pessoas que se superam em silêncio, que têm coragem de recomeçar e que fazem o bem sem precisar de o anunciar. Mais do que figuras públicas, admiro pessoas autênticas — aquelas que inspiram pelo exemplo e pela forma como tratam os outros.
Como descreveria O MIRANTE a alguém que nunca tivesse contactado o jornal?
O MIRANTE é um jornal com alma. Fala das pessoas, das terras e das histórias que constroem o país fora dos grandes centros. É jornalismo de proximidade, feito com verdade e sensibilidade — e isso faz toda a diferença.
Ainda lê o jornal em papel?
Gosto de ler em papel. Há uma calma própria nesse gesto, uma pausa que contrasta com o ritmo acelerado do digital. Mas confesso que hoje leio muito online também — é o equilíbrio entre o hábito e a praticidade.
Alguma vez lhe apeteceu ser jornalista por um dia?
Sim, gostava de ser jornalista por um dia. A ideia de ouvir histórias reais e contá-las com emoção e verdade sempre me fascinou.
Qual foi a última notícia que a deixou incrédula?
A forma como o mundo se tornou indiferente à dor dos outros. Vivemos sobrecarregados de informação, mas por vezes com o coração adormecido. Isso deixa-me incrédula.
O que é que achou deste inquérito? Acha que estamos a ser muito narcisistas e que a comunicação social não é assim tão importante como se faz crer?
Achei o inquérito muito interessante. Não vejo narcisismo aqui, vejo reflexão. A comunicação social tem um papel fundamental em educar, informar e aproximar as pessoas.
O que gostaria de acrescentar?
O MIRANTE é uma prova viva de que a imprensa regional é essencial. Manter durante quase quatro décadas a mesma coerência, proximidade e identidade é admirável. Que continuem a dar voz às pessoas e às terras que tantas vezes ficam fora dos grandes holofotes. O vosso trabalho tem valor e deixa marca.

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