“A paginação, o espaço dado à notícia, a primeira página, tudo é importante no jornal em papel e muito diferente do ecrã de telemóvel”
Nas redes sociais há pessoas que parecem mesmo verdadeiras mas não existem, vídeos de situações que nunca aconteceram, pessoas reais a dar opiniões que nunca tiveram.
A minha terra é o concelho do Cartaxo, onde estão as minhas raízes, memórias e amigos de infância. A terra e a rua onde nascemos marca quem somos, quer no sentido literal, quer no sentido simbólico, mas se me sinto muito bem na terra onde nasci, também me sinto bem noutros lugares onde aprendo e continuo a crescer como indivíduo.
Admiro pessoas próximas, que me ensinaram muito sobre as coisas simples da vida. Não tenho ídolos, mas respeito figuras como Nelson Mandela, pela sua escolha consciente de usar a sua influência, conquistada pela sua resistência à adversidade e sofrimento pessoal para unir uma nação, mostrando que perdoar e construir é mais poderoso que procurar vingança. Admiro quem é resiliente, empático e mantém o compromisso de fazer melhor hoje, do que ontem, seja no grande palco do mundo, ou no dia-a-dia, nas mais pequenas opções que, a qualquer hora, se nos colocam.
O MIRANTE é um jornal próximo da comunidade, atento ao que realmente importa às pessoas. Valoriza as associações, as empresas, a cultura, o desporto e a vida local, sem perder o olhar sobre o contexto nacional, sem isolar a região do mundo que a condiciona e no qual se deve afirmar. Faz o que o jornalismo deve fazer: informar, escrutinar e reforçar a identidade da região. Valoriza quem cá trabalha, quem cá vive e investe, questiona quem tem posições de decisão política e social, dá visibilidade a quem assume projectos altruístas de ajuda à comunidade. E com tudo isto contribui para uma região mais coesa e instituições mais transparentes e democráticas.
Ainda leio o jornal em papel. O papel obriga-me a um ritmo diferente, tenho de focar mais a atenção, permite-me a reflexão, leitura muito para lá do título e dos destaques. A paginação, o espaço dado à notícia pelo editor, a primeira página, tudo é importante no jornal em papel e muito diferente de estarmos reduzidos a um ecrã de telemóvel. No digital procuro rapidez, no papel procuro profundidade. O papel confronta-nos com o inesperado e com opiniões que não estão na nossa linha de pensamento habitual e este pequeno facto é fundamental para não “afunilarmos” o nosso pensamento sobre o mundo.
Nas redes sociais há perfis falsos e abundam conteúdos criados por inteligência artificial. Pessoas que parecem mesmo verdadeiras mas não existem, vídeos de situações que nunca aconteceram, pessoas reais a dar opiniões que nunca tiveram. Esta é uma realidade muito preocupante, porque esta desinformação, a este nível de complexidade, tem um propósito concreto e quem a lê não pode perceber por si só.
Sou assinante de um semanário nacional. A informação gratuita é importante, mas o jornalismo independente precisa de leitores que o sustentem. Pagar por boa informação, fidedigna, que cumpra princípios deontológicos, é investir na nossa preparação perante a informação sensacionalista ou falsa que inunda as redes sociais e é investir em imprensa independente.
A tecnologia facilita, mas não pode substituir o contacto humano. Nas instituições públicas, a proximidade é essencial. Precisamos de equilíbrio entre o digital e o atendimento pessoal, por vezes uns minutos de conversa entre pessoas reais é muito mais eficiente, mesmo no controlo de custos operacionais pelas questões que duas pessoas a falar são capazes não só de resolver, mas de evitar.
Utilizo as novas tecnologias com facilidade, mas preocupo-me com quem não o consegue fazer, sobretudo a população mais idosa. As instituições públicas devem assumir um compromisso sério com todas as gerações, num público cada vez mais digitalizado, é preciso garantir canais acessíveis para todos. A digitalização de processos precisa de ser acompanhada de medidas que lhe permitam ser um factor de coesão social.
Fico desolado com notícias de violência dentro das famílias. São espaços que deviam ser de amor e segurança, e quando isso se quebra algo essencial se perde para aquelas pessoas, mas também para toda a comunidade. Algumas notícias chocam-me por revelarem realidades que escaparam a quem podia ter ajudado, não foram sinalizadas pelas redes sociais que hoje estão implantadas no país. Quando algo tão violento ocorre, penso que nos devemos perguntar o que poderíamos, enquanto comunidade, ter feito melhor.
Admiro o esforço necessário para entregar diariamente no digital, e semanalmente na edição imprensa, a qualidade e a quantidade de informação a que temos acesso. Não sei quantas pessoas trabalham no O MIRANTE, mas sei que a direcção promove equipas que juntam jornalistas experientes a jovens em princípio de carreira, que cria um espaço de aprendizagem e partilha muito importante para as instituições de ensino da região, dando a jovens da área da comunicação, seja do jornalismo, seja da produção de conteúdos multimédia, oportunidade para darem os seus primeiros passos na profissão e este é um compromisso com a comunidade que deve ser louvado.


