“Não sinto as notícias de longe como as da minha rua, talvez por estar seguro e por saber que nada posso fazer”
Já me aconteceu ter dificuldade em ser atendido e é frustrante. Tento manter a calma, e aceito que o mundo está a mudar, mas acho que o contacto humano continua a ser essencial.
Qual foi a última notícia que o deixou incrédulo?
Há muitas notícias que me deixam incrédulo pelo peso da injustiça que carregam, e outras porque simplesmente ninguém espera, como intervenções cirúrgicas não solicitadas ou uma grávida que pede a libertação da cadeia alegando que o seu filho não está acusado de nada.
Muita informação chega-nos através das redes sociais. Sabe quem faz, escreve e publica aquelas informações e vídeos?
Muitas vezes, não sabemos quem está por trás das publicações nas redes sociais, e tenho consciência de que nem sempre é fácil distinguir o verídico do ilusório. Quando não tenho certeza da veracidade, descarto.
É assinante de algum jornal digital, nacional ou regional, ou só acede às notícias que são disponibilizadas gratuitamente?
Não sou assinante neste momento, mas acedo regularmente a jornais digitais, tanto regionais como nacionais, através das versões gratuitas. Valorizo o trabalho jornalístico, mas ainda não fiz essa opção de subscrição.
Qual considera ser a sua terra; aquela onde se sente realmente bem e à vontade?
A minha terra é Santarém. É onde me sinto bem, e embora não tenha nascido aqui, cresci cá e sou ribatejano. Não digo que seja “a melhor do mundo”, mas gosto de Santarém, e é aqui que consigo ligar quem sou ao que faço.
Quais são as pessoas que mais admira?
Mesmo sem grandes feitos públicos, as pessoas que mais admiro são pessoas que conheço, pelos exemplos que me deram e pela sua generosidade discreta, porque sem isso eu seria outra pessoa. Depois há várias personalidades, mas não vou mencionar nomes porque prefiro falar de ideias e valores, mais do que de nomes concretos. O que me inspira quase sempre é mais a atitude, e não tanto a figura pública.
Também dá mais importância às notícias da sua rua do que às de lugares longínquos?
Acontece-me diariamente. Não sinto as notícias de longe como as da minha rua, por estar seguro e por saber que nada posso fazer. Se calhar é conformismo, mas o facto de as ver através de ecrãs também contribui para isso.
Como descreveria O MIRANTE a alguém de outra região que nunca tivesse contactado com o jornal?
O MIRANTE é um jornal regional, atento ao que se passa na vida da comunidade, e que consegue equilibrar temas institucionais com histórias do quotidiano. Embora também aborde temas globais, é a atenção ao detalhe regional que o distingue dos jornais nacionais.
Ainda lê o jornal em papel?
Sim, ainda leio o jornal em papel. Vejo isso como uma pausa no ritmo diário, e leio sem pressa, o que me ajuda a relaxar. Na edição digital leio mais os títulos e faço leituras rápidas de algum tema que me interesse em particular.
É cada vez mais complicado sermos atendidos telefonicamente e, por vezes presencialmente, em muitos serviços, sejam públicos ou privados. Já lhe aconteceu?
Já me aconteceu, sim. E confesso que é frustrante. Tento manter a calma e aceito que o mundo está a mudar, mas acho que o contacto humano continua a ser essencial.
Consegue utilizar bem as novas tecnologias, nomeadamente as aplicações úteis, através do telemóvel?
Utilizo bem algumas tecnologias, nomeadamente as aplicações no telemóvel, sobretudo as que têm utilidade prática.
Sabe ou imagina quantas pessoas trabalham nas empresas que editam O MIRANTE em papel e online todos os dias?
O ritmo de acompanhamento e actualização exige muito, e acredito que há um esforço constante para manter o jornal vivo e relevante, mas não imagino quantas pessoas estão envolvidas.
O que gostaria de acrescentar?
Deixo os meus parabéns a O MIRANTE, por mais este aniversário, e gostaria de salientar a importância de valorizarmos o que é nosso, neste caso, acarinhando e apoiando o jornalismo local.


