Especiais | 26-11-2025 09:00

“O poeta diz que o sonho comanda a vida mas isso a inteligência artificial nunca saberá”

“O poeta diz que o sonho comanda a vida mas isso a inteligência artificial nunca saberá”
38 ANOS DE O MIRANTE
Ana Gaspar, directora do Colégio Jardinita - foto O MIRANTE

Existem serviços aos quais só é possível aceder via Internet. Parece-me que esta estratégia está distante de desenvolver a vida comunitária, muito pelo contrário, está focada no individualismo e em tudo o que é impessoal.

Quem são as pessoas que mais admira?
Entre as várias pessoas que admiro faço referência a um professor de Filosofia que tive no secundário, de quem me lembro quase todos os dias. Era um ser humano maravilhoso e um homem absolutamente fantástico. Ponderado, assertivo, responsável, coerente, recto e com uma disponibilidade incrível para os outros. Marcou-me imenso e ainda hoje isso se reflecte na minha forma de ser, pensar e agir. Ensinou-me a acreditar e a ser céptica em simultâneo; ensinou-me a questionar em silêncio e a encontrar a razão dentro de mim própria; ensinou-me que nem tudo o que parece é; ensinou-me que a flexibilidade racional é uma habilidade sustentável. Não tenho palavras para descrever o quanto o admiro.
Qual é a sua terra? Aquela onde se sente bem?
Sempre vivi na terra onde nasci, sinto-me à vontade e gosto bastante dela, no entanto não digo que é a melhor terra do mundo, reconheço que há muito por fazer. Mas tendo em conta que neste processo evolutivo em lado nenhum estará sempre tudo feito, agrada-me o facto das pessoas quererem fazer sempre algo mais, no sentido de melhorar a qualidade de vida de todos nós. Apesar de algumas intempéries, devo dizer que aqui, Alcanede, é ainda um pedacinho do céu.
Como descreveria O MIRANTE a alguém que nunca tivesse contactado com o jornal?
O MIRANTE é um jornal muito actual e próximo da população, preocupado em levar até à comunidade da região as notícias que mais interessam a todos, tanto ao nível económico, politico como social.
Ainda lê o jornal em papel?
Sim, ainda leio em papel. O jornal em papel tem um gostinho especial, dá-me a sensação de maior proximidade com a notícia e também gosto de o folhear.
Em Portugal há mais de 60 municípios sem um jornal ou rádio de informação local. Como acha que se sentiria se vivesse numa região dessas?
A informação local ajuda-nos a situarmo-nos com maior realidade e mais consciência no espaço e no tempo. Permite-nos ter uma maior e melhor percepção do meio envolvente, o que é necessário em termos de desenvolvimento local, comunitário e mesmo nacional. Algumas notícias podem não ser do nosso agrado, mas a verdade é que é a realidade em que vivemos, e dão-nos a oportunidade de criarmos estratégias alternativas ou comportamentos adaptativos, que nos conduzem a um melhor bem-estar face à mesma.
Muita informação chega-nos através das redes sociais. Sabe quem faz, escreve e publica aquelas informações e vídeos?
Umas sim, outras não. De qualquer forma, quando se trata de uma notícia, não lhe dou muito crédito, procuro a mesma no jornal ou no noticiário da TV.
É cada vez mais complicado sermos atendidos telefonicamente e, por vezes, presencialmente, em muitos serviços públicos ou privados. Já lhe aconteceu?
Já me aconteceu algumas vezes e existem diversos serviços aos quais só é possível aceder via Internet. Parece-me que esta estratégia está distante de desenvolver a vida comunitária, muito pelo contrário, está focada no individualismo e em tudo o que é impessoal. Muitas vezes sinto a falta de uma pessoa para me ajudar a preencher algum formulário, de uma pessoa para me tirar dúvidas quanto ao preenchimento do mesmo, porque nem sempre tudo é taxativo! Só que essa pessoa não existe. Esta é a realidade com que nos deparamos. Foi a evolução dos tempos que nos conduziu até aqui. Mas também há situações em que acaba por simplificar alguns processos.
Consegue utilizar bem as novas tecnologias, nomeadamente as aplicações úteis, através do telemóvel?
Vou aprendendo à medida que me fazem falta no momento, pois trata-se de uma exigência da evolução normal do mundo. Temos que nos adaptar.
O que achou deste inquérito?
O inquérito foi bastante interessante e a comunicação social assume um papel preponderante nos nossos dias. Não nos podemos esquecer de que vivemos à escala mundial e se não fosse a comunicação social, não teríamos esta percepção tão evidente.
Alguma vez lhe apeteceu ser jornalista por um dia ?
Sim, mas desisti da ideia. Os jornalistas são expostos a demasiados perigos para nos fazerem chegar a informação e demonstro-lhes, aqui, a minha gratidão.
O que gostaria de acrescentar?
Gostaria que tomássemos consciência de que a Educação é o ingrediente fundamental do sonho, que por sinal é o que comanda a vida (testemunhado pelo progresso a que temos vindo a assistir ao nível das tecnologias), mas na minha óptica a inteligência artificial nunca o saberá!.

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