Entrevista | 03-04-2013 16:29

“O jornalismo vive uma crise de credibilidade”

Durante 25 anos trabalhou no Jornal Record, em Lisboa. Natural da Barrosa, concelho de Benavente, Joaquim Semeano pensa em regressar à terra natal para se dedicar à agricultura biológica. Em Fevereiro publicou o seu primeiro livro - “Era uma vez um nariz”.

Joaquim Semeano, 48 anos, é um rosto conhecido na pequena aldeia da Barrosa, concelho de Benavente, onde cresceu. Depois de uma carreira de 25 anos no Jornal Record acabou por ser “dispensado”. Não alimenta muitas esperanças em regressar ao jornalismo que na sua opinião vive uma “crise de credibilidade”. Pensa em regressar à Barrosa para desenvolver um projecto de agricultura biológica e ter mais qualidade de vida. Em Outubro de 2012, Joaquim Semeano recebeu uma notícia que já esperava. “Fui avisado que a empresa queria prescindir dos meus serviços e a partir daí negociei a minha saída. Foi uma rescisão amigável”, explica. Nos últimos anos ocupava o cargo de editor, mas depois de ver todos os colegas mais velhos com quem aprendeu a serem dispensados não alimentava grandes expectativas. “Os lugares ou são deixados vagos sobrecarregando outros profissionais ou são preenchidos por estagiários que muitas vezes trabalham a custo zero. É impossível manter o mesmo nível de qualidade”, refere. Esta é uma das razões que leva, na sua opinião, o jornalismo a atravessar uma “crise de credibilidade junto dos leitores que cada vez mais tem uma opinião negativa sobre a informação produzida, o que coloca em causa a própria democracia”. Joaquim Semeano não tem grandes expectativas em relação ao futuro do jornalismo e acredita que a “crise” da venda de jornais se vai acentuar. “O papel acabará por desaparecer. Os jornais estão a tentar adaptar-se, mas talvez não o estejam a fazer da melhor maneira ao abrirem as edições digitais com notícias que depois vão aparecer no papel. Depois as novas gerações consomem a informação gratuita na internet. Não se estão a criar leitores de jornais”, aponta. O jornalista tem enviado todos os meses propostas de trabalho a vários órgãos de comunicação social, mas garante que nem sequer respostas recebe. Futuro poderá passar pela BarrosaJoaquim Semeano está a desenvolver um projecto online de informação desportiva com outros colegas “dispensados”, mas pondera também investir num projecto de agricultura biológica num terreno que tem na Barrosa. Está já a tirar um curso em Lisboa. “É possível ter aqui mais qualidade de vida. O concelho de Benavente cresceu muito nos últimos anos e penso que dá todas as condições para as novas gerações crescerem sem precisarem de ir para a cidade”, explica o jornalista que vive de momento em Almada. Nota que a Barrosa continua “muito parada” tal como já acontecia no seu tempo. “Falta mais dinamização, os jovens procuram a cultura e a diversão fora e é preciso criar alternativas para os levar a interagir mais com a comunidade”. Outra das apostas do jornalista passa pela escrita literária. Em Fevereiro deste ano lançou o primeiro livro de literatura infantil - “Era uma vez um nariz” - que já tinha sido premiado com o prémio Maria Rosa Colaço 2011, atribuído pela Câmara de Almada. O prémio de 5000 euros não incluía a edição do livro e Joaquim Semeano avançou com uma edição de autor. “É algo em que quero apostar. Tenho muito material guardado, desde poemas, peças de teatro e até romances”, conclui.

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