Entrevista | 01-09-2016 10:05

“Antes os clientes eram mais fiéis, hoje procuram o preço mais barato”

“Antes os clientes eram mais fiéis, hoje procuram o preço mais barato”
IDENTIDADE PROFISSIONAL

Lígia André é gerente da Embate Seguros, em Marinhais, Salvaterra de Magos.

Em criança queria ser cabeleireira e conseguiu concretizar a intenção pois teve um salão aberto durante 15 anos. Um problema de saúde obrigou-a a mudar de vida e Lígia André teve a oportunidade de se tornar mediadora de seguros. Diz que adora o que faz pelo contacto com os clientes. Trabalha dez horas por dia e muitas vezes nem almoça pois o telefone não pára de tocar.

Lígia André, 42 anos, tinha em criança o sonho de ser cabeleireira e conseguiu concretizá-lo: montou um salão na Glória do Ribatejo, concelho de Salvaterra de Magos, que funcionou durante 15 anos. Até a sua médica lhe dizer que ou desistia daquela profissão ou o seu estado de saúde poderia complicar-se devido a uma alergia a nível pulmonar derivada dos produtos com que tinha de lidar. Situação que, inclusivamente, a obrigou a um internamento hospitalar.
Em nome da sua saúde, Lígia seguiu o conselho médico. O marido tinha uma empresa de construção civil, por isso tinha muitos seguros e um dia na brincadeira disse que ia vender seguros e que o marido seria o primeiro cliente. Pensou bem no assunto e começou a pesquisar na Internet onde poderia tirar o curso de mediador.
Encontrou no site da Allianz a morada da agência de Santarém, dirigiu-se lá e deixou os seus contactos. Houve um dia em que o telefone tocou e comunicaram-lhe que tinham aberto vagas e Lígia lá tirou o curso. Em 2002 abriu escritório da Glória do Ribatejo e passados cinco anos, como a Allianz estava a abrir escritórios com a imagem da seguradora, foi-lhe proposta a mudança para Marinhais.
A mediadora trabalha mais de dez horas por dia mas não se cansa porque gosta muito do que faz “pelo contacto com os clientes”. Chega ao escritório por volta das 9h00 e sai por volta das 20h00. “Há dias em que nem tenho tempo para almoçar, para não dizer que é a maior parte dos dias”. A actividade seguradora tem sofrido alterações ao longo dos tempos. “Antigamente os clientes eram mais fiéis, hoje procuram o preço mais barato. Há mais concorrência e isso é saudável”.
Existe a ideia de que as seguradoras estão sempre a fugir às responsabilidades mas a mediadora não é dessa opinião. “O meu marido diz-me por vezes a brincar que não quer conversas comigo porque estou sempre do lado das seguradoras”. Lígia André explica que as seguradoras têm que ser cada vez mais exigentes quando estão a resolver um processo. Existem situações em que os clientes querem enganar as seguradoras e isso é praticamente impossível hoje. Onde isso se nota mais é na quebra de vidros. Ou seja, quando o cliente vem fazer esse seguro o vidro já está partido”, explica.
Lígia André diz a brincar ter seguro “para tudo menos para a quebra de unhas”. A mediadora diz ser a sua melhor cliente depois do marido. O seguro que tem crescido mais é do automóvel porque é obrigatório e porque há mais automóveis. Ao nível dos não obrigatórios é o de saúde. “Talvez por não haver resposta no Serviço Nacional de Saúde. Todos deveriam ter porque não há dinheiro que pague a nossa saúde”, diz.
Lígia fala que depois do grande incêndio na Glória do Ribatejo apareceram mais alguns clientes a fazer seguro contra incêndios. Questionada sobre se uma seguradora é um bom negócio, Lígia responde que “as seguradoras estão em vantagem porque alguns seguros são obrigatórios mas há muita oferta também”.
O telemóvel de Lígia está sempre a tocar. “A última chamada fora de horas foi às duas da manhã porque um cliente não achava a carta do seguro”. A mediadora nota que os homens têm mais seguros. “Não por serem mais cuidadosos mas talvez por que as coisas estão em nome deles”. Mas Lígia André diz ser mais fácil vender um seguro a uma mulher.
Quando viu as imagens das quatro centenas de carros ardidos no Festival Andanças pensou logo: “Será que está ali algum cliente meu”. Não estava e Lígia continua na defesa das seguradoras. “Quem tinha seguro contra danos pessoais teve o problema resolvido. A organização não tem a culpa que uma pessoa mande uma beata de cigarro para o chão e a seguradora muito menos”.
Acrescenta que “houve uma seguradora que assumiu os danos dos clientes e isso valeu-lhe uma excelente publicidade. Foi uma estratégia de marketing. Aos clientes a quem isso aconteceu talvez não pensem mudar para outra companhia”.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1660
    17-04-2024
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1660
    17-04-2024
    Capa Lezíria/Médio Tejo