Entrevista | 10-09-2019 19:00

O dirigente associativo que foi autarca e aviou copos de vinho na taberna dos pais

O dirigente associativo que foi autarca e aviou copos de vinho na taberna dos pais
IDENTIDADE PROFISSIONAL

Afonso Matias é presidente do Centro de Solidariedade Social de Nossa Senhora das Dores em Ortiga.

Tem 73 anos e começou a trabalhar em criança, a ajudar os pais na sapataria e taberna da família. Prosseguiu os estudos e concluiu o ensino secundário em Angola durante a Guerra do Ultramar. Quando regressou casou e trabalhou como bancário durante 29 anos. Actualmente, Afonso Matias vive na sua terra natal, Ortiga. Nos tempos livres dedica-se à horta que possui no quintal. Foi presidente da Junta de Freguesia de Ortiga entre 2005 e 2009.

Afonso Matias está habituado desde cedo a trabalhar. Assim que acabavam as aulas na escola primária ia ajudar os pais para a Sapataria Rito, em Ortiga, concelho de Mação. Na parte da frente do edifício havia uma taberna, também propriedade da família, e nas traseiras funcionava a sapataria. Foi aí que aprendeu a fazer sapatos e sempre que aparecia um cliente na taberna atravessava a porta para aviar copos de vinho. “Tinha que subir para uma grade para conseguir chegar ao balcão”, recorda com um sorriso. Aos dez anos terminou a quarta classe e foi trabalhar com os pais. Apesar de ter perdido grande parte da sua infância diz que teve uma grande escola de vida na sapataria e na taberna.

Aos 15 anos, e com o negócio de família a decair, os progenitores de Afonso Matias decidiram que o melhor seria retomar os estudos. Fez os antigos sexto e sétimo anos (actual 11º e 12º) no antigo Colégio La Salle, em Abrantes, mas não concluiu os estudos porque teve que ir para a tropa. Assentou praça na Escola Prática de Cavalaria de Santarém e foi mobilizado para a Guerra do Ultramar, em Angola, onde esteve 28 meses. Diz que acabou por ter sorte porque conseguiu concluir os estudos secundários durante a guerra.

Quando regressou voltou para a sapataria dos pais mas um dia um amigo de família desafiou-o a ir para a CP (Comboios de Portugal). Candidatou-se e entrou para a empresa, nos serviços em Lisboa. Ficava num quarto da sua madrinha na capital. Entretanto surgiu a oportunidade de trabalhar no Banco Pinto & Sottomayor. Começou em Lisboa mas quando abriu vaga em Santarém concorreu e entrou para o banco na cidade ribatejana. Foi nessa altura que casou com a sua namorada de sempre, também natural de Ortiga, e foram viver para Santarém, onde estiveram 29 anos. Os últimos dez anos de bancário foram na dependência de Almeirim. Reformou-se aos 55 anos e o casal decidiu regressar à terra natal.

Como não é homem de estar parado dedicou-se ao associativismo e à política. Foi tesoureiro da Junta de Freguesia de Ortiga no mandato de 2001 a 2005 e foi eleito presidente da autarquia no mandato 2005/2009. Sempre pelo Partido Socialista. “Candidatei-me à junta porque senti que havia alguma estagnação na freguesia, que as pessoas queriam a mudança e que eu poderia dar o meu contributo”, explica a O MIRANTE, acrescentando que um presidente de junta é o elo mais próximo que a comunidade tem do poder político.

Por isso o seu telemóvel continua a estar sempre ligado e disponível a qualquer hora. Esteve também ligado aos órgãos sociais de várias colectividades da freguesia e há 14 anos que integra o Centro de Solidariedade Social de Nossa Senhora das Dores, em Ortiga, de que é presidente há oito anos.

Foi no mandato de Afonso Matias, actualmente com 73 anos, que o Centro de Nossa Senhora das Dores foi ampliado para albergar mais utentes no lar. A instituição tem um total de 67 utentes e quatro dezenas de funcionários, sendo a principal empregadora da freguesia. O ex-bancário refere que se tivessem mais camas mais utentes teriam, porque a lista de espera para entrada no lar é grande e os utentes não são apenas do concelho de Mação.

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