Entrevista | 23-12-2019 15:00

“Se a economia estagnar ou retroceder temos um problema”

“Se a economia estagnar ou retroceder temos um problema”
TRÊS DIMENSÕES

Rui Lopes, 47 anos, é Director-Geral e CEO da TrimNW em Santarém.

Desde a infância, passada no Porto, Rui Lopes gosta de carros e, depois da licenciatura em engenharia mecânica, iniciou o seu percurso profissional sempre ligado ao sector automóvel. Vive no sossego de Foros de Salvaterra e em 30 ou 40 minutos chega facilmente ao trabalho. Para o gestor, a família é o pilar da estabilidade e da felicidade. As suas preocupações profissionais prendem-se com as flutuações da economia que facilmente se reflectem no sector em que trabalha.

Depois de me licenciar em engenharia mecânica, em 1994, no Instituto Superior de Engenharia do Porto, optei por vir trabalhar mais para sul. Na altura não havia falta de trabalho em engenharia, muitas empresas estavam a investir em Portugal. Comecei a trabalhar numa empresa de cablagens para carros, trabalhei também na construção de travões de mão e pedaleiras e passei pela parte da manutenção automóvel. Agora estou nos estofos.

Sou do Porto, assim como toda a minha família paterna. O meu pai trabalhou na indústria têxtil, numa empresa que fazia linhas para confecção e a minha mãe foi durante muitos anos doméstica e costureira. Também deu aulas de costura.

Não me posso queixar da infância. Foi feliz, diverti-me muito onde vivia na zona de Campanhã, perto do Estádio do Dragão. Mesmo vivendo numa cidade relativamente grande não tive problemas em brincar na rua. Desde criança queria estar ligado aos carros e quando tive oportunidade de começar a trabalhar e a fazer peças para carros foi ouro sobre azul. Cheguei a fazer testes psicotécnicos e esta área foi indicada como o meu forte.

Vivo em Foros de Salvaterra com a minha esposa e um filho de 16 anos. Temos uma casa com algum terreno e gostamos de animais. Temos uma cadela, quatro gatos, patos e galinhas, para ter ovos caseiros. É uma zona bonita e plana, ideal para fazer caminhadas e andar de bicicleta fora de estrada e em segurança.

Ali estou longe o suficiente da confusão para sentir o sossego. Mas ao mesmo tempo estou perto se quiser ir ao cinema ou a um centro comercial. Há bons acessos para Santarém, para o Montijo e para Lisboa. Em 30 ou 40 minutos chega-se facilmente à confusão.

Em Foros de Salvaterra a interioridade ainda se sente. Nomeadamente em alguns aspectos, como na saúde ou nos correios. Há sempre coisas que podem melhorar, mas no geral é um excelente sítio para morar.

Já li mais no passado, agora leio revistas e jornais online. Dou preferência aos temas relacionados com o ramo automóvel e prefiro ler no computador ou no smartphone, sempre é mais ecológico.

Viajo em trabalho uma ou duas vezes por mês. A empresa exporta 99 por cento do que produz e os nossos clientes estão todos lá fora. Em lazer viajo em família pelo menos uma vez por ano. Normalmente ficamos pelas capitais europeias, Londres, Berlim, Amesterdão, Paris… Gostei especialmente de Berlim. Conheço outras cidades alemãs para onde viajei em trabalho e Berlim surpreendeu-me por ser uma cidade dinâmica e aberta.

A família é o pilar da estabilidade e da felicidade. Há muita coisa que não seria possível no trabalho se não fosse a família, mas que também não seria possível na família se não fosse o trabalho. É tudo uma questão de equilíbrio.

O Brexit não me assusta. Antes da União Europeia já havia trocas comerciais. O que assusta são as flutuações da economia. Se a economia estagnar ou retroceder aí sim temos um problema. Produzem-se menos carros e menos componentes. Estamos no meio da cadeia e podemos sofrer.

A indústria automóvel está a passar por uma indecisão muito grande. Não se sabe o que vai ser o futuro e se o eléctrico é o caminho. Agora parece mais económico e mais ecológico, mas há vários problemas por resolver, como o fim de vida das baterias, a autonomia e a própria energia que tem que ser criada para os alimentar. A mobilidade tem sempre um custo e um impacto, seja no local onde está a ser feita seja a jusante. Hoje ninguém pensa ir de férias a pé e poucos são os que vão de bicicleta.

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