Entrevista | 25-02-2020 12:30

“Os maiores inimigos dos mecânicos são os caloteiros”

“Os maiores inimigos dos mecânicos são os caloteiros”
IDENTIDADE PROFISSIONAL

Fernando Carreira, 47 anos, é proprietário da oficina Auto Carreira, em São Pedro, Santarém. Começou na mecânica como aprendiz nas férias escolares em resultado de um castigo paterno por ter chumbado um ano.

Já em jovem tinha a mania de arranjar bicicletas e motorizadas, mas foi por causa de um castigo que o pai lhe aplicou, por ter reprovado no sexto ano de escolaridade, que Fernando Carreira se iniciou na mecânica. Primeiro como aprendiz numa pequena oficina em Santarém e, mais tarde, já como profissional experiente nos concessionários de várias marcas de automóvel.

A vontade de ter o seu próprio negócio fez com que arriscasse e abrisse a sua oficina. Actualmente, com a Auto Carreira aberta há quase quatro anos, o mecânico, residente em Santarém, admite que é difícil atrair os jovens para trabalharem em oficinas por preferirem ir para os concessionários de marca. “A verdade”, afirma, “é que para aprenderem alguma coisa têm de começar primeiro numa oficina como a minha. Só depois faz sentido irem para os concessionários”, defende.

Nascido e criado em Santarém, Fernando Carreira foi sempre uma criança curiosa e muito sociável. As brincadeiras entre amigos depois das aulas alternavam entre andar de bicicleta, jogar ao pião, à carica e ao berlinde. Foi aos 14 anos de idade, após ter reprovado na escola, que a mecânica entrou na sua vida.

Na altura, o pai aplicou-lhe o castigo de ir trabalhar nas férias para uma oficina, mas o jovem acabou por gostar e decidiu parar os estudos. “Foi lá que aprendi de tudo um pouco”, confessou o profissional que foi ainda mecânico no concessionário Ford, por cinco anos, e no concessionário Santagri, por 21 anos. “Depois apareceu esta oportunidade e decidi abrir a minha oficina. Já tinha os meus clientes que, entretanto, foram trazendo amigos e o negócio prosperou”, adianta o dono da Auto Carreira.

Casado e com três filhos, Fernando Carreira passa o dia entre papelada, atendimento de clientes e a ajuda nas tarefas domésticas. O dia começa bem cedo, pelas sete e meia da manhã, altura em que toma o pequeno-almoço e descansa um pouco antes de entrar na oficina pelas oito e meia. É só depois de fechar a porta do estabelecimento que o mecânico inicia as suas funções no escritório, não tendo horas fixas de saída. “O meu dia-a-dia é uma correria. Só mesmo ao domingo é que realmente me posso dedicar à família”, adianta.

Fernando Carreira não tem dúvidas que uma das maiores dificuldades dos donos de oficinas são os clientes que mandam arranjar as viaturas e depois acabam por não aparecer para pagar o serviço. “Os maiores inimigos dos mecânicos são os caloteiros. Muitos vêm aí, dão-se como conhecidos e depois nunca mais aparecem”, refere o empresário, revelando que é por isso que, agora, muitas oficinas não permitem sair o carro enquanto a dívida não é saldada.

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