Entrevista | 08-07-2020 18:00

A arte de transformar o velho em novo

A arte de transformar o velho em novo
IDENTIDADE PROFISSIONAL

José Luís Pinote trabalha como estofador desde os 14 anos, primeiro no Estoril e há 36 anos numa oficina que abriu em Alcanena.

José Júlio Pinote apaixonou-se pela arte de transformar o velho em novo. O estofador tem que ter criatividade e habilidade para conseguir recuperar alguns objectos que chegam à sua oficina na Rua José Alves Anastácio, em Alcanena. Um sofá em forma de mão foi o objecto mais complexo e estranho que entrou na oficina. Apesar de ser uma profissão cada vez mais rara, José Pinote não se queixa. Em mais de três décadas de profissão nunca lhe faltou trabalho. Os clientes são fiéis e a qualidade que coloca na recuperação dos objectos é o chamariz para atrair outros.


Natural do Espinheiro, Alcanena, aos 12 anos mudou-se com a família para o Estoril, onde o pai arranjou trabalho como carpinteiro. Inicialmente começou por trabalhar numa pastelaria paredes meias com uma oficina de estofador. José Pinote passava as horas livres a ver como o mestre estofador trabalhava e recorda que achava maravilhoso. O entusiasmo com o que via ajudou a dar asas à imaginação e não descansou enquanto não começou a trabalhar na oficina, na altura com 14 anos. “Não comecei logo a trabalhar. Primeiro ia buscar o pequeno-almoço aos mestres, varria a oficina, só depois comecei a aprender e a fazer alguns trabalhos mais simples”.


A ida para o serviço militar veio interromper-lhe a estada na oficina do Estoril. No entanto, mesmo durante os anos que passou como militar não deixou de estofar. Reconheceram-lhe a especialidade de estofador e integrou o Batalhão de Serviço de Material, no Entroncamento. Posteriormente, rumou à Escola Prática de Cavalaria de Santarém, onde existia uma oficina de estofador e onde continuou a exercer a actividade.
Em Santarém conheceu a mulher que viria a ser sua esposa. José Pinote terminou a tropa e rumou a Alcanena, onde abriu uma oficina por sua conta há 36 anos. Desde então de tudo um pouco lhe tem passado pelas mãos, desde cadeiras, sofás, mas acima de tudo o interior de automóveis e até barcos e charretes. Hoje em dia o ramo automóvel é o que vai surgindo quase todos os dias.


Ser estofador tem que se lhe diga. “Tem que haver muita dedicação e criatividade”, refere. Os clientes não são apenas do concelho de Alcanena, surgem de toda a região. O respeito pelo cliente é demonstrado pelo produto final que apresenta. “Nada sai daqui sem que esteja em perfeita qualidade”, garante José Pinote.


O estofador tem uma funcionária mas já chegou a ter sete. “Foi logo no início quando abri actividade por conta própria. O trabalho era tanto que cheguei a ter sete funcionários a trabalhar na oficina. Neste momento já não se justifica, o trabalho não é tanto, mas vai havendo para ter o que fazer todos os dias”.

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